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Mostrando postagens de 2009

Rawls e religião

Passeando pela rede, deparei-me com escritos sobre a relação entre o filósofo John Rawls e a religião. Um excelente artigo sobre o tema , de autoria de dois filósofos muito conhecidos, Joshua Cohen e Thomas Nagel, mostra que algumas das concepções de Rawls são originadas de seu passado religioso. Segundo o artigo: he [Rawls] “became deeply concerned with theology and its doctrines”, and considered attending a seminary to study for the Episcopal priesthood. But he decided to enlist in the army instead, “as so many of my friends and classmates were doing”. By June of 1945, he had abandoned his orthodox Christian beliefs. Muito do que Rawls pensou posteriormente tem ligação com seus pensamentos cristãos na juventude. A sua rejeição do mérito como requisito de justiça tem certamente origem na idéia de graça, tão defendida por Paulo, Agostinho e Lutero. É provável que daí também se origine o igualitarismo de Rawls: “There is no merit before God. Nor should there be merit before Him. True co

Feliz Natal e Ano Novo

Antes tarde do que nunca. Deixo aos leitores do blog um Feliz Natal e Ano Novo. Já adianto também a epígrafe da minha dissertação, que se Deus quiser, será entregue na primeira semana de fevereiro. O título provável é "Instituições, Voz Política (ou Poder Político) e Atraso Educacional no Brasil, 1930 - 1964". Aí vai: "Em minha opinião, nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante Deus [...] do que justamente o pecado que cometemos contra as crianças, quando não as educamos” Martin Luther, 1524

Mais sobre Samuelson

Ainda estou falando de Samuelson, falecido semana passada. Acho que ele merece mais menções. Em termos teóricos, é o economista mais importante do século XX na minha opinião. Mais do que Keynes ou Friedman, que certamente foram os mais influentes. Esses dois motivaram quase toda a pesquisa que veio depois deles, mas certamente Samuelson foi o que mais contribuiu diretamente para o avanço da teoria econômica (Ricardo Leal novamente recebe os créditos por discutir isso comigo). Aqui, mais um artigo do Paul Krugman no Voxeu.com sobre as contribuições de Samuelson, chamando atenção para oito contribuições fundamentais do economista. Novamente, Krugman escreve algo mais no final sobre intervenção do governo, como sempre. Mas mesmo os mais conservadores deveriam ler e entender o que significou Samuelson para a teoria. Quem estudou economia deve-se lembrar de coisas como modelo Stolper-Samuelson, bens públicos, preferência revelada, função de bem-estar Bergson-Samuelson, entre outros. Alguns

Falecimento de Samuelson

Meu amigo Ricardo Leal acaba de me informar do falecimento de Paul Samuelson. Se pudéssemos falar de duas pessoas responsáveis pelo que a ciência econômica é hoje, elas seriam Paul Samuelson e Kenneth Arrow (que ainda está vivo). No obituário do NY Times, temos uma reportagem sobre ele . No site do Prêmio Nobel, podemos encontrar muita coisa sobre Samuelson clicando aqui . Ainda não apareceu nada no site do departamento de Economia do MIT , onde Samuelson lecionou por muito tempo.

Gestação

Minha filha, a dissertação, em gestação há quase 3 anos, tem agora 117 páginas. Não devem ser incluídos aí conclusão e bibliografia, além de faltar boa parte da análise econométrica. Outras crianças já nasceram da geração de 2007 do mestrado no IPE-USP. Os temas variam entre macroeconomia de curto prazo (do nosso amigo Acauã), passando por economia ecológica (Jesus, não o Cristo), chegando até a matematização na ciência econômica (do nosso amigo Maraca). Também temos os contadores de crianças na escola (brincadeira, trabalho do Pisca), contratos (Eric) e infra-estrutura no Brasil (Tiagão). Não sei bem como ficaram os trabalhos de Bruno (Macro) e Penin (certamente tem algum Schumpeter no meio). [Se cometi algum deslize, me avisem, colegas]. Em gestação, temos pelo menos as crianças de Thomas [eu] (história econômica da educação), Ana (economia regional), Raphael (macroeconomia com toques keynesianos) e Leandro (vendido ao mercado financeiro, hehe). Nossa gestação teve que ser estendida.

Marginalismo e laissez-faire

Backhouse deixa claro que a conexão que costumamos fazer entre marginalismo e laissez-faire não faz sentido. Nada como um pesquisador sério de HPE para nos explicar: "although Jevons started his career a supporter of laissez-faire, by his last book [...] he had arrived at a position where he [...] found more and more contexts where state intervention was justified [...]: public health, working conditions, education, transport, and many others. Marshall, the dominant economist of the following generation, saw a smaller role for state intervention than did Jevons. However, he still assigned a significative role to the state, going along with the wider movement towards support for progressive taxation [...]. Though his socialism was somwhat limited, Walras even described himself as a socialist. If there was a causal link between socialism and marginalism, therefore, it did not involve marginalism being adopted as a way of defending laissez-faire against socialist criticism. Marginal

Manifestações politicamente incorretas (2)

O título pode até ser um pouco injusto. Naquela época, não era politicamente incorreto dizer isso. Mas hoje em dia, esses termos não seriam bem recebidos. Na Estatística de Instrução de 1916, vemos a seguinte declaração: Ao passo que os poderes publicos assim proviam a instrucção superior e a esthetica, não descuravam tambem o ensino excepcional, destinado a individuos anormaes. (p. XXXV) Conheço muita gente que se encaixa no que hoje considero anormal.

Crise econômica e teologia da prosperidade

Agradeço ao DeGustibus pelo link de uma reportagem sobre uma possível ligação entre a teologia da prosperidade (coisa a que tenho verdadeiro horror) e a atual crise econômica originida dos subprimes no mercado imobiliário norte-americano. A reportagem pode ser diretamente encontrada clicando aqui. Sempre lembrando como Deus sempre se coloca ao lado dos mais pobres em diversas passagens da Bíblia, desde os profetas denunciando injustiças até o posicionamento claro de Jesus sobre o tema, inclusive falando do "perigo das riquezas".

DeLong na UFRGS

Em comemoração aos 100 anos da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS, tivemos a presença de J. Bradford deLong aqui na UFRGS, professor do Departamento de Economia da University of California at Berkeley . DeLong é proeminente no debate sobre a atual crise econômica, propondo, a exemplo de Paul Krugman, maior intervenção e regulação governamentais para solucioná-la. O interessante de DeLong é sua produção na área de história macroeconômica. Em sua exposição, DeLong explicou do caso que levou o Banco da Inglaterra a ser um emprestador de última instância com a iminente ameaça de falência de um importante banco em 1823. Mas além disso, mostrou as diferenças entre a Era Greenspan e as crises econômicas do passado, mostrando que as recuperações eram mais rápidas antes (pelo menos foi o que eu entendi após passar o dia inteiro estudando em um café). Momento interessante da palestra foi ver o professor Ferrari da UFRGS cobrar menção sobre Minsky (aproveitando para identificar-se como pós

Manifestações politicamente incorretas no século XIX

Uma proposta em 1823 relativa à criação de uma universidade em São Paulo agitava os políticos. Um dos debates era a localização. O deputado José da Silva Lisboa defendia a localização da universidade no Rio de Janeiro porque: "é reconhecido que o dialeto de São Paulo é o mais notável; a mocidade brasileira fazendo ali seus estudos contrairia pronúncia mui desagradável" Reclamou, com razão, o deputado Pedro José da Costa Barros, do Ceará, que mal havia professores para primeiras letras e já estava se pensando em criar uma universidade. Provavelmente foi ignorado. Mas depois surgiu uma proposta de criação também de uma faculdade na Bahia. Ao que objetou o deputado Antonio Carlos de Andrade Machado, paulista, acerca da Bahia como sede, uma vez que a Bahia seria: "a segunda babilônia do Brasil; [onde] as distrações são infinitas e também o caminho da corrução. É uma cloaca de vícios..." Bons tempos em que as pessoas eram politicamente corretas [ironia]. E eu tentando es

Ética e história perdidas no pensamento econômico

Embora Jevons e Marshall tenham difundido com sucesso o uso do cálculo diferencial na economia, isso não significou que não tenham havido discussões sobre a questão da história e da ética e sua relação com a economia na Inglaterra. Backhouse, em seu Penguin History of Economics , menciona economistas como Thomas Leslie (1827-1982), que, influenciado pela Escola Histórica Alemã, propôs métodos mais indutivos, aparentemente com o mesmo excesso dos germânicos. Mas pelo menos, foi um inglês que reconheceu a importância das instituições (assim como os velhos históricos alemães como List e mesmo Adam Smith já reconhecia). Mas mais importante que ele foi Arnold Tonybee (1852-1883), que morreu com apenas 31 anos. Baseado em Oxford, rejeitava que a ética permanecesse separada da economia (principalmente em questões distributivas) e afirmou a autonomia da história econômica e social de outras formas de história. Ficou conhecido por ter popularizado o termo "Revolução Industrial". Ou

Desigualdade ou pobreza crônica?

Encontrei o Prof. Sabino recentemente em minhas andanças pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS, onde fiz minha graduação. Leitor assíduo de diversos blogs, Sabino comentou sobre a minha pergunta do post anterior: por que afinal somos desiguais? Há alguns que defendem que apenas a pobreza crônica deva ser combatida. Podemos argumentar moralmente com relativa facilidade em favor disso. Entretanto, defender algum tipo de igualdade já é mais complicado. Em primeiro lugar, precisamos saber de que tipo de igualdade estamos falando: a clássica pergunta do primeiro capítulo de Desigualdade Reexaminada: equality of what? Igualdade de renda é complicado em diversos aspectos. Além de desconsiderar diferenças de necessidade (pessoas muito doentes, por exemplo, precisam de mais renda), também desconsidera diferenças de capacidade (o que para os mais meritocráticos, é terrível). Ademais, há o problema da eliminação dos incentivos, quando utilizamos o pressuposto de que pessoas geralmente o

E a desigualdade latino-americana?

O convite para o concerto de piano na Sala São Paulo foi o coroamento de uma semana de palestras com Jeff Williamson , professor emérito de Harvard . Por conta da impossibilidade de Renato Colistete e sua cônjuge de irem ao evento de música clássica, o prêmio, que incluía um fino jantar, parou nas minhas mãos e nas da Molly, doutoranda da UCLA fazendo seu trabalho de campo por aqui. O concerto foi merecido para Jeff, que fez uma excelente apresentação de seu paper no seminário de sexta-feira. O polêmico ensaio sobre a desigualdade latino-americana desde a época da colonização levou a muitos questionamentos por parte dos professores e alunos. Para Williamson, mais do que devido às instituições originadas do período colonial, a desigualdade é fruto do século 19 e 20. Jeff fez uma crítica à abordagem de Engerman e Sokoloff, o que obrigou-me a levantar a mão e protestar, assim como já tinha feito o Prof. Mauro . De qualquer forma, as palestras do Jeff foram muito instigantes, incluindo es

Impressões sobre as palestras com Jeff Williamson

Jeff Williamson e sua mulher Nancy assitiram um samba conosco em um bar na Vila Madalena. Além do casal ser bem-humorado, pagaram todas as despesas (incluindo táxi e bebidas). Das cervejas que experimentamos, ele gostou bastante da Bohemia. Mas indo para o assunto principal, o curso do professor emérito de Harvard está sendo muito interessante. Na terça-feira, Jeff discutiu globalização e desigualdade, tentando mostrar que grande parte da queda da desigualdade na Inglaterra a partir de meados do século XVIII não teria se devido apenas ao aumento da produtividade causado pela Revolução Industrial. Um fator importante também teria sido a abertura comercial, aumentado a taxa salários-renda da terra: uma conclusão de modelos como Stolper-Samuelson. Aqui na periferia, teria ocorrido o oposto. Na quarta, discutimos muitas questões. Saí confuso em relação aos efeitos de protecionismo, tarifas e livre comércio. Há muito para ser estudado ainda em relação ao tema. Resta saber o que Jeff William

O outro Williamson na FEA

Jeff Williamson na FEA semana que vem. Professor emérito de Harvard e entidade na área de história econômica. Costuma usar modelos de equilíbrio geral computável, teoria de comércio internacional e coisas do gênero em história. Não preciso dizer mais nada. Clique na figura.

Finalmente o Oliver Williamson

Em primeiro lugar, Feliz Dia das Crianças. Talvez o Williamson não tivesse tantas esperanças de ganhar o Nobel algum dia. Douglass North, representante da outra vertente da Nova Economia Institucional ganhou em 1993 com Robert Fogel. Em 2007, a vertente de teoria dos contratos distinta levou o Nobel com caras como Roger Myerson, por exemplo. Mas Oliver Williamson foi finalmente lembrado. Acredito que muitos achavam que ele merecia, mas que não levaria. Levou. Quem talvez não fosse esperada como vencedora é Elinor Ostrom. Sua contribuição para temas como governança e ação coletiva é interessante ao que parece. Confesso que li apenas um ou dois papers de Ostrom. Particularmente lembro de um bem didático e fácil da Journal of Economic Perspectives do verão de 1990 . Como bem disse o Ricardo Leal, em seu comentário no último post, poucos esperavam esse resultado . Eu confesso que gostei da Economia Institucional ter sido novamente agraciada, embora eu seja uma pessoa mais ligada à vertente

Apostas para o Nobel

Segunda-feira sai o vencedor do Nobel em Economia 2009. Mankiw já postou as cotações das bolsas de apostas . Aposto em Paul Romer. O Hansen só não ganha porque é temperamental provavelmente.

Educação no Brasil e História Econômica

Finalmente, a educação está tendo maior destaque na história econômica brasileira. Aldo Musacchio , mexicano e professor da Harvard Business School, está no Brasil e resolveu apresentar um seminário na USP - que será realizado nesta sexta na FEA. O título do artigo, ainda preliminar, é "Can Endowments Explain Regional Inequality? State Governments and the Provision of Public Goods in Brazil, 1889-1930". Conheci Musacchio em Utrecht e ele se mostrou um pesquisador bastante simpático e disposto a fazer contatos. Já li seu paper, que está muito interessante. Ele também leu o meu e foi a mais dura crítica a meu paper certamente - o que ajuda a melhorarmos o paper. Infelizmente, devido à minha recente mudança para Porto Alegre, não poderei estar no seminário. Mas quem puder, apareça. Musacchio tem um livro e um premiado paper sobre financiamento no Brasil entre o final do século XIX e o início do século XX (o link do paper só vai funcionar se você estiver conectado a um VPN da su

Voltando

Após um mês calado, volto a me manifestar por meio deste blog. Quando alguém me pergunta o que faço e respondo que sou mestrando, a reação de muitos interlocutores é: "Mas você então só estuda? Não trabalha?". Para provar que ser mestrando pode ser bem complicado, tive problemas sérios de stress que exigiram a interrupção de minhas atividades por algumas semanas. Ontem entreguei meus papéis para pedir prorrogação de prazo para depositar minha dissertação, assim como muitos colegas meus também farão. Aos leitores deste blog que farão as provas da ANPEC para admissão em um mestrado em Economia, desejo sorte e muita calma.

Novo secretário-geral do CMI

O Conselho Mundial de Igrejas elegeu seu novo secretário-geral: Olav Fyske Tveit (Igreja da Noruega). Tveit é proeminente em uma discussão entre as igrejas acerca do tema globalização. A Igreja da Noruega tem defendido uma posição crítica a alguns aspectos da globalização, sem, no entanto, propor medidas revolucionárias ou a condenação do mercado, como proposto por documento anterior do CMI . *** Por motivos pessoais, o ritmo de postagem desse blog vai diminuir. Estou em Porto Alegre para resolver esses problemas com a companhia de minha família. Espero em breve estar apto a postar com a freqüência usual.

Elites: uma resposta

Amsden, DiCaprio (não o ator) e Robinson tem uma definição: "The origins of the term are firmly rooted in Pareto's work on the distribution of wealth and the ruling class. But today, the term goes beyond its roots in class and is used to describe actors at various levels of society. A working definition we adopt here is that elites are "a distinct group within a society which enjoys privileged status and exercises decisive control over the organization of society." This does not require that the actor be either wealthy or a member of the ruling class, but it does suggest that they have a measurable impact on development outcomes" Meu orientador me mandou essa. Se vocês olharem no site, esse texto é parte de uma conferência sobre elites e desenvolvimento ocorrida em Junho na UNU-WIDER em Helsinki.

Alguém sabe definir "elite"?

Em minha dissertação, tenho falado bastante dos termos "política educacional elitista", "elites" e coisas do tipo para dizer que a educação primária não foi prioridade ao longo da história. Aí o orientador pediu pra eu definir "elite". Vocês já devem estar enjoados do Acemoglu (e do Robinson, seu co-autor) neste blog, principalmente nos últimos dias. Mas é deles uma definição que achei, um tanto quanto vaga e imprecisa (como discutia com seu Guilherme Stein dos Rabiscos ). Afinal, quem é a elite? Aí vai a resposta deles: This depends to some extent on context and the complex way in which political identities form in different societies. In many cases, it is useful to think of the elite as being the relatively rich in society, as was the case in nineteenth-century Britain and Argentina. However, this is not always the case; for instance, in South Africa, the elites were the whites and, in many African countries, the elites are associated with a particular

Fotos do WEHC

Pra quem ainda não enjoou do assunto: já estão no ar as fotos oficiais do XVth World Economic History Congress 2009 . Acho que apareço em apenas uma das centenas de fotos . Aí vai uma amostra do que pode ser visto por lá. Acemoglu em sua melhor pose:

Colin Lewis na FEA

Já está anunciado: curso com o professor Colin Lewis do Department of Economic History da London School of Economics and Political Science (LSE) . MINI CURSO “LATIN AMERICAN DEVELOPMENT IN HISTORICAL PERSPECTIVE” De 31 de agosto a 3 de setembro, às 11h30, FEA-USP Participante: Prof. Colin Lewis (London School of Economics) Responsável: Prof. Dr. Renato Colistete Realização: EAE Inf.: 3091-5802 Imperdível.

Repercussões de Utrecht

Recebi e-mail de Aldo Musacchio, professor da Harvard Business School. Ele criticou meu paper da introdução à conclusão, mas numa boa. Faz parte mesmo. É interessante que o pessoal de história econômica mais antigo costuma gostar do paper , ao passo que os mais novos, que preferem uma estrutura mais enxuta de paper (de preferência com a utilização de variáveis instrumentais), acham o paper pouco claro. Joesph Love mostrou ser um cara bastante solícito via e-mail. Enviou-me uma referência bem recente sobre educação no governo Vargas. Disse que a USP deveria arranjar um se não tivesse uma cópia. Fiquei impressionado que todos esses caras muito conhecidos que mencionei são solícitos e muito menos arrogantes do que poderiam ser - eu, às vezes, devo ser mais arrogante que eles. Love é um senhor muito simpático, Peter Lindert é muito tranqüilo. Jeff Williamson prefere que o chamem de Jeff. Luis Bértola também conversa e faz piadas. Bill Summerhill não estava lá, mas sabemos que ele é muito

Por que a Revolução Industrial foi na Inglaterra?

Foi essa a pergunta que direcionou o debate de encerramento do World Economic History Congress 2009 entre Bob Allen e Joel Mokyr. O primeiro é professor em Oxford, enquanto o segundo em Northwestern: ambos brilhantes historiadores econômicos com trabalhos sobre a Revolução Industrial. Novamente, o evento foi na Dom Kerk, a velha igreja da cidade construída no século XIII (acho eu). Bob Allen lançou um livro recentemente sobre o tema, chamado "The British Industrial Revolution in Global Perspective", onde defende a tese de que a Inglaterra foi a pioneira por dois motivos fundamentais: o preço do carvão era mais baixo e os salários eram mais altos, levando a investimentos intensivos em capital. Tudo isso tem ver, é claro, com instituições e capital humano também. Mokyr, por outro lado, com sua retórica, tem outros livros sobre o assunto, como este e este novo . Para Mokyr, a questão mais importante é por que teria sido na Europa - um dos países europeus chegaria de qualquer

Mais sobre Utrecht

Lugar feio que a gente está em Utrecht para o World Economic History Congress , não? Esse é o pátio do que chamamos de Academy Hall, ao lado da Dom Kirke, a gigantesca igreja da cidade. *** O uruguaio Luís Bértola me viu e disse em português: "Ô cara!". Aprocheguei-me e perguntei se tinha pegado pesado na pergunta . "Não - é assim que se avança", disse ele, "tu sabe que metade dos uruguaios querem ser argentinos, a outra metade quer ser brasileira. Eu faço parte do grupo dos que querem ser brasileiros". Pelo menos foi mais ou menos isso. Gente boa ele. *** Muitos aqui tem expressado seu desejo de fazer um pós-doutorado em Utrecht. Cidade muito agradável, com muitos bares e restaurantes a beira de canais. Poucos carros, muitas bicicletas. Ademais, é perto de Amsterdam, caso seja necessário ir para a cidade grande. Entre 20 e 30 minutos de trem. Até agora, só tenho elogios à organização holandesa. Até agora não houve maiores falhas, apesar do sonífero calor

O dia em que fiz Acemoglu gargalhar

Iniciou hoje o World Economic History Congress 2009 . Cerca de 1200 participantes em Utrecht, cidade agradável com seus canais e particular arquitetura. Na abertura, a palestra de Daron Acemoglu do MIT sobre história e desenvolvimento na igreja da cidade. Um resumo muito bom de boa parte de seus papers, misturando seus trabalhos de mercado de trabalho e tecnologia com seus trabalhos sobre instituições, poder político e desenvolvimento. Na primeira seção da manhã, assisti uma seção de teses. Travei contato então com Aldo Musacchio, atualmente na Harvard Business School, que trabalha com Brasil e também está interessado em educação. Além disso, após eu fazer uma pergunta, o famoso historiador brasilianista Joseph Love percebeu que eu era brasileiro e, simpaticamente, veio falar comigo. Gente boa. Na seção da tarde, teve o vice-presidential session, presidido por Jan Luiten Van Zanden, sobre desigualdade global no longo prazo. A sessão estava completamente cheia, uma vez que lá estavam na

Apresentação em Barcelona

Começaram hoje as apresentações dos papers da sessão sobre atraso latino-americano em Barcelona, como havia mencionado em posts anteriores. É uma preparação para a sessão de Utrecht na semana que vem. Apresentei meu paper "Education, Political Power and Development in Brazil: 1930-1964" junto com outras duas pessoas na mesa: a Paola do Uruguai e Rolf Lüders do Chile. A primeira veio com um trabalho sobre características interessantes do gasto do governo no Uruguai em perspectiva histórica, enquanto que Lüders tinha um trabalho com bom embasamento teórico sobre o comércio de salitre. Fiquei muito satisfeito que o meu paper gerou interesse da platéia, apesar da minha apresentação ter sido confusa no começo. Em particular, Jeffrey Williamson de Harvard veio no final falar comigo. Queria conversar comigo sobre a parte econométrica durante o almoço. Fiquei então conversando com ele enquanto comíamos: ele gostou bastante do assunto e me perguntou um pouco sobre a econometria. Ach

Viagem e publicação

Amanhã no final da tarde estarei indo pra Barcelona. Três dias de passeio, é verdade, mas depois dois dias de pre-meeting da sessão sobre atraso econômico latino-americano (Latin American Economic Backwardness: New Empirical Contributions) do World Economic History Congress 2009 na Universitat Pompeu Fabra. O programa do pre-meeting se encontra aqui . Espero poder atualizar este blog a respeito desse evento e também sobre o evento principal em Utrecht. *** Mandei minha primeira publicação garantida para o comitê editorial. Não é publicação acadêmica com referees e tudo o mais. É meu texto chamado "Christian ethics, development and economic crises: an ecumenical perspective", que usei em minha apresentação para o Grupo Assessor em Assuntos Econômicos 2009 do Conselho Mundial de Igrejas. Todos os textos lá apresentados serão organizados e lançados em um pequeno livro editado pelo próprio CMI. Já é um começo.

Paper não aceito

A Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE) realizará seu congresso anual em setembro próximo. Enviei trabalho que não foi aprovado. O mesmo trabalho, em sua versão em inglês, foi aceito para o World Economic History Congress 2009 , como já mencionei em posts anteriores porque fico fazendo marketing pessoal. Hipóteses: 1) o trabalho está ruim 2) o parecerista não gosta de econometria 3) o trabalho está ruim e o parecerista não gosta de econometria

Férias na FEA-USP

O ambiente de férias na FEA-USP conta apenas com eventos, alunos procurando professores na última tentativa de não serem reprovados e, obviamente, pós-graduandos. Infelizmente, a biblioteca vai ficar fechada por algumas semanas nesse período de férias, o que é tão desastroso para o pós-graduando quanto o fechamento de um hospital é para a população. Por mais que eu goste das bibliotecárias, não posso deixar de fazer a crítica. Pelo menos, algumas atividades acadêmicas estão ativas. Ocorreu nessa semana a Conferência Internacional de Insumo-Produto , com os principais acadêmicos da área. Ademais, na primeira semana de agosto, teremos o Simpósio Internacional de História do Pensamento Econômico , cujo foco será a integração da microeconomia com a macroeconomia em perspectiva histórica. Assunto interessante mesmo para os menos interessados em HPE, uma vez que se trata da história recente da disciplina, cujos reflexos são mais evidentes nos modelos macroeconômicos atualmente usados. Enquan

Utilitarismo e subjetivismo

Há pouco mais de um mês, fiz algumas perguntas a Eduardo Giannetti após uma palestra proferida por ele. Como eu disse em um post anterior , eu esgotei o pobre coitado. Minha pergunta pra ele foi sobre sua posição pessoal acerca do utilitarismo e da abordagem das capacitações. Ele evitou responder diretamente sua posição, mas depois de um tempo, disse que era muito crítico ao utilitarismo. Em meus poucos estudos sobre justiça distributiva, lembro que classicamente a utilidade pode ser identificado com (a) prazer, (b) felicidade e (c) satisfação de desejo (esse argumento está bem claro em um clássico artigo de Amartya Sen chamado "Well-Being, Agency and Freedom: the Dewey Lectures, 1984", publicado na Journal of Philosophy em alguma edição de 1985). Quaisquer dessas opções nos levam a um forte subjetivismo. É comum, por causa disso e até pela forma com que a Economia trata das funções de utilidade, que liguemos utilitarismo diretamente a subjetivismo. No entanto, não precisa se

Exata ou social?

Quem conhece muito pouco sobre Economia costuma dizer que ela é uma ciência exata às vezes. De fato, a Economia de hoje se assemelha às ciências exatas em certos aspectos, mas, obviamente, a maioria das pessoas que afirma isso o faz pelos motivos errados. A microeconomia como marco teórico é essencialmente matemática. Talvez esse seja o grande choque da pós-graduação. Enquanto na graduação simplesmente nos atemos mais à maximização de funções de utilidade ou lucro, a pós-graduação exige conhecimento em matemática que transcende muito o que se aprende na graduação. Isso não é um ode a superioridade da pós, até porque pouca intuição adicional é aprendida na pós-graduação. Àqueles que tem verdadeira ojeriza a parte de exatas, eu realmente recomendo que não insista em mestrado ou doutorado em Economia. Pelo menos nas escolas ortodoxas. E, caso queira fazer nas escolas heterodoxas, é bom deixar claro que seu espaço de discussão pode ficar reduzido. Não digo isso por preconceito à heterodo

Acampamento ateu

Quer seus filhos em um ambiente livre de religiões? Então leve seus filhos para esse acampamento: "Britain's first 'atheist summer camp' backed by anti-God professors Canterbury, England (ENI). Richard Dawkins, the British academic, who is said by his critics to try to convert people to believe there is no God in a manner akin to proselytising, is backing Britain's first atheist camp for children. The camp for children aged between seven and 17 will be held at Mill on the Brue, near Bruton in Somerset, some 180 kilometres (118 miles) southwest of London between 27 and 31 July." No mínimo curioso. Fonte: www.eni.ch

Gripe suína

Sou monitor do curso de Econometria I da graduação da FEA-USP. Duas alunas da turma foram diagnosticadas com o vírus da chamada gripe suína ou H1N1. A ocorrência gerou um surto histérico na FEA com a imediata suspensão das aulas da graduação por uma semana. Alguns, ao saberem que eu era monitor da turma, não quiseram apertar minha mão. Uma menina ontem desistiu de um cachorro quente porque eu estava falando perto do molho: minha saliva poderia ter respingado no molho. Doente e discípulo do Frajola... O cancelamento das aulas ocorreu justamente em uma das últimas semanas do semestre. Provas foram canceladas e adiadas. Muita confusão ainda está por vir. *** Pensei agora no que ocorreria com essa gripe se ela tivesse acontecido no passado. Em um contexto em que o custo de transporte era alto e, portanto, sem muita mobilidade de pessoas, essa gripe "suína" não levaria a essas reações. Seu contágio seria bem menor e restrito a uma área talvez. Se houvesse maior contágio, demoraria

Incentivos errados

S. Korean churches urge unconditional support of children in North Tokyo (ENI). A South Korean grouping of churches is urging its member churches and organizations to join a campaign to give North Korean children milk and bread "without any precondition". In a 16 June statement, the National Council of Churches in Korea said it would start "to advocate the necessity of urgent support to people in North Korea in the situation of the present critical antagonistic political arrangement on the Korean peninsula, and to mobilise its member churches". [395 words, ENI-09-0500] Impressiona-me às vezes que certos mecanismos de incentivos não têm sido efetivos, mas as pessoas nada fazem para mudá-los. Incentivos são necessários, mas tem que ser os certos. Se você tenta aplicar sanções há anos que não resultam em melhora alguma, é hora de mudar algo. Um exemplo é esse acima: o custo em termos de vidas de crianças norte-coreanas é muito alto. Mas ainda se sustenta que ajudá-las

Será que finalmente achei um bom livro geral de HPE?

Adquiri na semana passada um pequeno livro sobre a história da Economia de autoria de Roger Backhouse. Sendo um conhecido pesquisador no assunto, achei que valesse a pena. A partir do que li no índice e pelo primeiro capítulo, parece ser um livro interessante. Ademais, é um livro sem aparentes dificuldades: é possivel lê-lo no ônibus. O livro é o "The Penguin History of Economics" , o qual comprei por apenas R$ 31 na Livraria Cultura em uma edição paperback. Quase metade do livro se dedica àquilo que não sabemos de nossos cursos de HPE que costumamos ter na graduação: a Economia do século XX, que trata em boa parte da evolução da economia matemática e da econometria, além dos debates macroeconômicos que já são conhecidos. Farei um parecer assim que terminá-lo. Pelas primeiras páginas, parece muito melhor, por exemplo, do que aquele horroroso livro do E. K. Hunt.

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Há pensamento sério no Brasil?

Nosso amigo do mestrado Luiz (vulgo James Dean) do mestrado faz parte de um grupo de jovens que resolveu se mexer para lançar uma revista. Com um bom mecenato por trás, sejam parentes ou amigos, eles organizaram a Dicta & Contradicta . Por terem contatos, conseguem, por exemplo, entrevistar Fernando Henrique Cardoso em sua última edição. E no lançamento dessa edição, trazem Eduardo Giannetti para responder a pergunta "há pensamento sério no Brasil?" Foi uma palestra interessante de Giannetti. Como em seus livros, ele demonstra uma excelente clareza analítica e, embora não se concorde com tudo o que ele fala, certamente ele gera matéria para debate. A pergunta do "pensamento sério" era interessante, uma vez que ele deu exemplos que conseguimos identificar como tipicamente brasileiros: a vulnerabilidade do brasileiro a modismos intelectuais oriundos da falta de uma tradição de pensamento em língua portuguesa, o pseudo-progressismo intelectual, as fracas convicções

Esperando...

Em setembro de 2007, fui à Nova York para ver a Conferência da Human Development and Capability Association. Na palestra principal, Amartya Sen discorreu sobre as principais idéias de seu novo livro sobre justiça, que ele estava escrevendo. Uma palestra muito legal, com direito a comentários de George Soros, o especulador keynesiano. Nesse meio tempo, escrevi um paper para uma matéria de Teorias de Justiça que fiz lá no Departamento de Ciência Política da USP. O paper discorre sobre as idéias de justiça e desenvolvimento no pensamento de Sen. Incentivado pelo Prof. Álvaro de Vita, arrumei o texto, enviei para a conferência latino-americana sobre capacitações em Montevideo ocorrida em outubro de 2008 e ainda enviei uma versão para uma revista. Cheguei a enviar para a o congresso da ANPEC, mas a banca marxista não viu qualidade e/ou validade no meu trabalho. A revista não me respondeu até hoje. Pensei que era importante publicar isso antes do lançamento do livro do Sen. Finalmente, ao pa

CAPES/Fulbright

Muitas tarefas têm tirado todo o tempo, inclusive para escrever algo interessante neste blog. Em especial, esta semana foi marcada por tragédias gastro-intestinais e por correrias devido ao curto prazo dado pela CAPES àqueles que desejam concorrer a uma bolsa de doutorado nos Estados Unidos. A CAPES e a agência Fulbright do governo americano tem um convênio. Precisamos mandar diversos documentos para as duas entidades. Não se pode perder essa chance, uma vez que as universidades estaduais norte-americanas costumam não oferecer bolsas a todos os estudantes. Por exemplo, gente que quer alguma UC (University of California at...) costuma pleitear a bolsa da CAPES. Por isso estamos na correria. Nesse ano, podemos pedir por três universidades. Eu estou pedindo para a CAPES bolsa em UC Davis e UCLA, onde eu certamente arranjaria uma boa orientação nos tópicos que me interessam dentro da história econômica. UC Davis é um dos centros mais fortes e diversificados da área, contando com Lindert, G

Engerman

Acabo de receber e-mail de Stanley Engerman . Mandei meu paper para o historiador econômico de Rochester. Engerman é co-autor de um clássico sobre a escravidão norte-americana junto com Robert Fogel. Ademais, é co-autor também de um paper muito influente na história econômica latino-americana quanto à influência da dotação de fatores no tipo de colonização: a famosa tese Engerman-Sokoloff. Ele fez comentários positivos e deu sugestões para meu paper. Mas o que mais me chamou atenção foi que ele pretende checar o que o Caio Prado escreveu. Em meu paper, menciono que a tese Engerman-Sokoloff é parecida com a idéia do Caio Prado do sentido da colonização. Disse Engerman ter uma tradução em inglês do livro. Interessante. Depois de feedbacks positivos de Summerhill, Lindert e Engerman, acho que posso dormir feliz hoje.

O fenômeno Acemoglu

Ele escreve sobre tudo. Recentemente, Daron Acemoglu lançou um livro chamado Introduction to Modern Economic Growth . Cerca de mil páginas abrangendo desde as teorias básicas de crescimento (Ramsey, overlapping generations) chegando até questões de economia política do crescimento e instituições.  Mais do que isso, ele e seus companheiros Simon Johnson e James Robinson tem memoráveis artigos sobre colonização e crescimento de longo prazo. Controversos mas conhecidos. Poucos nomes conseguem vir antes de Acemoglu nas referências bibliográficas. Em qualquer área de conhecimento da economia, não ter Acemoglu referenciado passou a ser estranho hoje em dia. Obviamente, ele ganhou a medalha John Bates Clark, concedido para economistas até os 40 anos. Não vou relacionar os papers, facilmente encontráveis na maioria das bibliografias de papers recentes na área de crescimento de longo prazo e instituições. Livro premiado é o seu Economic Origins of Dictatorship and Democracy , que tem como co-

Fazendo as malas pra Suíça

Com uma Bíblia, alguns papers para ler, um livro e um monte de presentes, estou indo para a Suíça. Meu vôo parte às 18h30 de Guarulhos, pára em Zurique. Depois pego outro vôo para Genebra, onde participarei da reunião do Grupo de Assessoria em Assuntos Econômicos do Conselho Mundial de Igrejas.  Meu texto sobre ética cristã e desenvolvimento já está pronto, com muitas referências à abordagem das capacitações. Felizmente, para escrever este curto texto (menos de 15 páginas), que deve ser publicado pelo CMI, contei com intenso apoio do grupo temático de desenvolvimento humano e religião da  Human Development and Capability Associatio n. Sabina Alkire, do QEH de Oxford , economista e reverenda anglicana, fez vários comentários legais. Outras pessoas também fizeram vários comentários, como o Alex Stahlhoefer e o Henrique Renck. Domingo e segunda visitarei meus amigos suíços que vivem em Bern. Provavelmente meus melhores amigos estrangeiros. Terça dia 19 devo estar de volta ao Brasil.

Primeira citação

Ontem recebi e-mail do historiador econômico Peter Lindert (UC Davis), ex-presidente da Economic History Association. Recentemente, tinha lhe enviado meu texto sobre educação no Brasil, que foi muito bem recebido por ele. Recebi ótimas sugestões em um e-mail anterior com comentários e correções.  No e-mail de ontem, havia um anexo com novo texto dele sobre financiamento da educação ainda em fase preliminar. A surpresa foi ver que meu texto está citado na bibliografia! Agora é torcer pra esse texto dele dar certo, hehe.

Egoísmo

Como economistas, costumamos sempre considerar pessoas egoístas ou auto-interessadas. Embora não sejam termos necessariamente sinônimos, muitas vezes são.  O ponto é se as pessoas são sempre auto-interessadas em seu comportamento. Há espaço para outras motivações para além do auto-interesse? Antes de talvez ler livros como "Sobre Ética e Economia" de Sen, tão citados nos posts anteriores e que tratam extensivamente do assunto, talvez seja interessante consultar a Stanford Encyclopedia of Philosophy . Há nesse site uma discussão sobre egoísmo , bastante elucidativa para a economia, tratando de conceitos que utilizamos. 

Críticas que não entendo (1) - (cont.)

Em primeiro lugar, acho melhor esclarecer que, quando falo de equilíbrio, não estou especificamente falando do equilíbrio geral. Embora eu mesmo não veja o equilíbrio geral como algo nefasto à economia, até entendo que tenha gente que não goste. A prova da existência de equilíbrio geral (Arrow-Debreu) é bastante complexa e abstrata. Ainda, em um tópico que não estudei, apresenta problemas (Teorema Sonnenschein-Mantel-Debreu, MWG cap 17). Mas isso não significa que é inválido. Falando de equilíbrio em sua forma mais simples, pensemos em um simples equilíbrio de mercado com a curva de oferta cruzando a de demanda, determinando preços e quantidades. Alguém ser contra isso é difícil entender. Uma coisa estimável, aplicada, com inúmeros estudos e altamente esclarecedora. Uma ferramenta simples e poderosa.  Em segundo lugar, falaram que muita gente seria contra o equilíbrio geral, incluindo Amartya Sen. Vamos deixar claro que Sen não é um heterodoxo (quem ganha Nobel é ou tornou-se ortodoxia

Críticas que não entendo (1) - Equilíbrio

Em minha graduação, ouvi diversas vezes sobre a tal falácia do equilíbrio. Para muitos professores que tive, o equilíbrio deveria ser banido da ciência econômica, tamanho eram os equívocos teóricos por eles causados.  Mas o que é o equilíbrio senão a idéia de que, se as pessoas perceberem que elas podem melhorar de condição, elas não vai deixar de fazer isso? Uma situação de desequilíbrio ocorre quando ainda há espaço para melhoras. Evidentemente, nem sempre as pessoas têm informação completa e perfeita. Logo, elas deixam de melhorar quando poderiam pela existência dessa imperfeição. Ótimo, isso já foi incorporado pela teoria econômica. Se eu perceber que posso aumentar o preço sem proporcional queda da demanda (ou seja, a demanda é inelástica), porque não o faria? Se o objetivo é a maximização do lucro, espera-se que as pessoas possam fazer isso. É evidente que podem haver restrições legais, institucionais, culturais e até mesmo éticas. Pode ser que a função objetivo da firma não seja