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Mostrando postagens de maio, 2007

O equívoco da primazia da riqueza

Meu último post foi bastante superficial e bem confuso, escrito no intervalo entre estudos do Mas-Collel e do Greene. No entanto, Stein não perdeu a oportunidade para me rebater em uma questão específica: Respondendo ao Thomas, ao meu ver, a educação não importa muito. Ela parece importa porque ela é uma proxy da riqueza. Quanto mais rica uma sociedade, mais bem educada ela tende a ser. O que conta para a adoção de boas políticas é a riqueza da população. Embora Stein esteja se referindo à importância da educação para que hajam boas políticas, é notório a preponderância que ele dá à riqueza em geral, uma vez que a educação é apenas proxy, uma conseqüência quase natural. Na visão tradicional da economia, o mesmo se aplica a outras variáveis como expectativa de vida, analfabetismo, mortalidade infantil, etc. Para começar, cito Amartya Sen em um exemplo relacionado à saúde: [...] African Americans are very many times richer in income terms than the people of China or Kerala (even after co

Caplan e a armadilha das idéias

O prof. Cláudio do De Gustibus sugeriu que os blogs se manifestassem em relação às idéias de Bryan Caplan, começando com Idea Trap . Confesso que nunca lera Caplan antes, então, julgo que meus comentários a respeito do texto serão bastante superficiais, caso não sejam equivocados. A tese fundamental do texto é de que existe uma armadilha das idéias: uma espécie de círculo vicioso (até me lembrou Myrdal). Baixo crescimento, péssimas políticas e idéias ruins estão, para Caplan, altamente relacionados. Idéias ruins geralmente aparecem em contextos ruins, crises por exemplo, que impedem as pessoas de pensar racionalmente. Obviamente, aprofunda-se o problema. A impressão que tive do texto é que ele se concentra muito em exemplos relacionados ao comunismo. Seria mais ilustrativo e um pouco menos anacrônico se ele focasse mais em políticas intervencionistas em um sistema capitalista. Embora sejam idéias muito antigas também, criticar as teses Keynesianas seria muito mais relevante. Afinal, f

Malthus e Condorcet: como reduzir o crescimento populacional?

A preocupação quanto à questão populacional é grande, face o boom populacional que assistimos no último século. A aceleração desse crescimento era perceptível desde a Revolução Industrial e, nas últimas décadas, o problema tem se intensificado: saltamos dos 4 bilhões de pessoas para os 5 bilhões em apenas 13 anos. Como disse no post anterior, Thomas Malthus foi o primeiro economista a falar de fome e população. No entanto, o conhecido matemático Condorcet foi o primeiro a falar do assunto, como cita o próprio Malthus em sua obra. Embora concordassem no problema do crescimento populacional frente aos meios de subsistência, Condorcet, como bom iluminista, acreditava que o progresso da razão solucionaria o problema: a taxa de reprodução diminuiria voluntariamente, dado o avanço da educação. Malthus discordava e, por isso, pregou medidas compulsórias que provocassem o declínio do crescimento populacional. Hoje em dia, há países que advogam proposições mais próximas a malthusiana. A China,

Fome e democracia

A greve dos funcionários da USP deixou um problema para nossos estômagos: o fechamento do bandeijão. É evidente que não passamos fome, embora tenhamos que comer menos e pagando mais em outros lugares. Mas são custos que só temos por vivermos em uma democracia. No entanto, em outros lugares, o problema da fome existe. Provavelmente, o primeiro economista a falar no assunto foi meu xará Thomas Malthus em seu "Ensaio sobre a População". Os economistas o conhecem mais por Keynes considerá-lo seu precursor e por ter travado discussões com David Ricardo em defesa dos proprietários de terra, aqueles que com suas vidas ociosas poderiam reestabelecer o equilíbrio acabando com o problema do subconsumo. No entanto, sua teoria populacional ficou mais conhecida em outros meios e, sombriamente, Malthus disse que a produção de alimentos crescia a taxas aritméticas, enquanto a população seguia em progressão geométrica. Ou seja, o mundo conheceria no futuro uma terrível fome. O tempo mostrou

Um pouco de McCloskey

Quer ler um artigo divertido da professora (ex-professor) Deirdre (ex-Donald) McCloskey? Veja aí um excerto. Agradeço a dica ao De Gustibus. Leia-o aqui: Becker (Nobel 1992), a professor of economics and sociology at the University of Chicago, asks, for example, why people have children. Answer: because children are durable goods. They are expensive to produce and maintain, over a long period of time, like a house. They yield returns over a long future, like a car. They have a poor second-hand market, like a refrigerator. They act as a store of value against future disasters, like pawnable gold or your diamond ring. So (you will sense a logical leap here; David Hume noticed the same leap in Mandeville and Hobbes), the number of children that people have is a matter of cost and benefit, just like the purchase of a house or car or refrigerator or diamond. A prudent parent decides whether to invest in many children or few, extensively or intensively, early or late, just like investing in

Datas da ANPEC

1 - Data das provas: 8 e 9 de outubro (segunda e terça-feira). 2 - Taxa de inscrição: R$ 300,00, para inscrições feitas de 1° a 30 de junho, e R$ 310,00, para inscrições de 1° a 31 de julho. 3 - Taxa para emissão de segunda via de resultados: R$ 15,00. 4 - Alterações no programa e bibliografia de Macroeconomia e nas bibliografias de Economia Brasileira, Estatística e Microeconomia Fonte: http://www.econ.fea.usp.br/novo_site/pos-graduacao/apresentacao.html

Para os que prestarão ANPEC II: Que centros escolher?

Recentemente, um visitante deste blog perguntou-me que centros eu recomendaria a pessoas interessadas no mestrado em Economia. A resposta é a mais freqüente entre os economistas, independentemente da pergunta: depende. Depende da área de pesquisa e de seus objetivos acadêmicos. Evidentemente, os cursos com melhores contatos para um possível PhD. no exterior são os principais centros: EPGE-FGV, PUC-Rio e, de perto, IPE-USP. É claro que há alunos de outros centros que foram ao exterior. E mais, não pense que é simples ir para o exterior... não querendo estudar MUITO, nem vale a pena pensar nisso. Por área de pesquisa, acredito que, tratando-se de ortodoxia, os três centros mencionados têm excelentes quadros. Posso falar pela USP, que não tem nomes pesquisando em Teoria Microeconômica pura, mas é certamente um dos melhores centros para se estudar Econometria e Economia Regional. Nesse último assunto, se destaca também o CEDEPLAR-UFMG. Para aqueles que querem cursos mais ecléticos, sugiro

Ecumenism for what?

Apenas um pequeno escrito em inglês sobre Ecumenismo. Correções e comentários são bem-vindos. Just a brief text about Ecumenism. Corrections and comments are welcome. Every day I receive news and higlights from several ecumenical agencies. Since I have to represent the Lutheran Church in the WCC Comission of International Affairs, I need to know everything I can about the ecumenical world. Reading that news, sometimes it seems to me that Ecumenism is almost an end in itself. In a certain sense, Ecumenism is fundamental: it is related to the unity of the body of Christ, as Paul wrote in the letter to the Ephesians. However, Ecumenism exists because of Christ, because we have to witness our common faith. We must be a guiding light for all who are "out of the boat", i.e., it is directly related to the Mission of the Church. We must call everyone to be brothers and sisters and to recognize the resurrection of Christ. On the other side, Ecumenism and all the structure built by the

Para os que prestarão ANPEC

Atendendo a pedidos, novamente um post dirigido àqueles que querem prestar ANPEC a fim de fazer mestrado em Economia. 1. Em bons centros de pós-graduação, é simplesmente impossível trabalhar e estudar ao mesmo tempo, pelo menos no primeiro ano. Bolsista também nem pode trabalhar. No segundo ano, há pessoas que trabalham sim. Além disso, há oportunidades de trabalhos como monitorias e aulas na própria FEA ou em outros lugares, geralmente no segundo ano. Uma monitoria é obrigatória no 3o semestre aqui na USP, sendo que você recebe cerca de R$300 pra isso. 2. Se você não tem formação em Economia, é importante que procure um cursinho para se preparar para a prova da ANPEC, que não é trivial. Mas com alguma dedicação, é possível sim: muita gente de outras áreas acaba conseguindo entrar no mestrado, até mesmo em bons centros. 3. Para entrar na USP, os pesos do curso em TE (não vai ter a opção em Institucional nesse ano) são os seguintes: Macro e Macro valem 25% cada uma, Matemática e Estatís

Revendo velhos posts

É incrível como as pessoas mudam depois de um tempo. Há um ano e meio, escrevi o seguinte post no meu antigo blog: "Sobre a Neutralidade na Ciência" . Apenas correções a fazer: imparcialidade é diferente de neutralidade. Meu amigo e colega Maracajaro sempre diz que neutralidade não existe, embora a imparcialidade possa existir. Não podemos ser neutros, mas ao menos, devemos ser imparciais. Em segundo lugar, certeza absoluta pode ser uma "burrice", mas nem sempre ser inteligente é necessário. Acho que estava na época em alguma crise religiosa.

Modelos de crescimento na pós-graduação

Fizemos nossa primeira prova de macroeconomia na sexta-feira. Nada fora do esperado, mas tive dificuldades em um dos itens da prova. Faz parte. O baque é muito forte na passagem da graduação para a pós-graduação na disciplina de macroeconomia. A chamada microfundamentação pode se resumir (estou sendo pouco rigoroso) em um símbolo de integral ou somatório antes da função de utilidade de um agente representativo, o que representa a agregação das utilidades individuais. Daí em diante, nada mais é do que um ritual de maximização condicionada complicada por alguns detalhes, pelo menos tratando-se de crescimento. Os modelos são bastante simples: começam do Solow-Swan e passam por outros como Ramsey (ou Ramsey-Cass-Koopmans), Overlapping Generations (Diamond), Sidrauski, entre outros. As hipóteses são altamente simplificadoras, mas os resultados podem até prever satisfatoriamente sob algumas condições. Os testes propostos por Barro (1991)*, por exemplo, demonstram que, utilizando um conceito