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Mostrando postagens de março, 2007

Equação de Slutsky em uma linha

Não é preciso escrever muito pra publicar na American Economic Review. Philip J. Cook que o diga. Em 1972, ele escreveu um paper, cuja referência está abaixo: Cook, Philip J. A "One Line" Proof of the Slutsky Equation. The American Economic Review , Vol. 62, No.1/2 (1972), p. 139. Infelizmente não tenho o link. Se ficarem curiosos, procurem no JSTOR (se estiverem nas suas faculdades) ou na biblioteca mesmo. Caso façam isso, comparem a prova do Cook com a do Samuelson (Foundations of Economic Analysis), o livro texto da geração de nossos pais. É, é uma página mesmo, a 139. Tô com ela na minha frente. Nosso professor de micro (o Danilo) dá um texto por semana pra nós pra que o Mas-Collel não tome conta de toda a nossa mente. Pra quem não sabe: Equação de Slutsky é fundamental na teoria microeconômica. Ela separa os efeitos causados pela reação do consumidor a uma variação no preço de um bem (ex: limões) em duas partes: um efeito devido à substituição de um bem por outro(s) caus

Complexidade: o fim da teoria neoclássica?

O título é pra ser lido com ceticismo. Também sou cético em relação a isso, mas foi mais ou menos isso o que afirmou o prof. Dr. Eleutério Prado em seminário do Complex , o grupo de pesquisa que estuda complexidade na USP. Com base num texto escrito por ele analisando complexidade em Hayek e Marx, Prado disse haver problemas para se alcançar alguns equilíbrios matematicamente, o que significaria uma limitação à teoria neoclássica. Além disso, Prado falou de limitações da lógica aristotélica, citando o teorema de Godel. que, segundo ele, expõe contradições mesmo usando o arcabouço lógico formal. Mas afinal, o que é complexidade? É uma visão de ciência diferente do reducionismo científico, paradigma atual. O fenômeno deve ser visto como um todo complexo, e não apenas as partes: as interações devem ser consideradas. Tem muito a ver com a biologia e as idéias evolucionistas. Na economia, visa superar os modelos físicos e mecânicos baseados no equilíbrio. O que Hayek teria a ver com isso?

Homossexualismo nas igrejas

Enquanto a última exortação do Papa da Igreja Católica Romana reafirmou o que sempre se pregou acerca do homossexualismo, pelo outro lado, a Igreja da Suécia (Luterana como a minha) declarou que vai celebrar uniões homossexuais. Ainda nesse sentido, a Igreja Episcopal dos EUA (ECUSA) está sofrendo pressão da Comunhão Anglicana, a qual exigiu um posicionamento da ECUSA até setembro pelo fato de um bispo homossexual ter sido ordenado recentemente. O assunto é espinhoso para as igrejas. O homossexualismo é condenado em versículos de Levítico, contrariando a lei mosaica. Reforçando isso, o apóstolo Paulo em diversas epístolas afirma o caráter pecaminoso do comportamento homossexual. Os católicos romanos, com sua doutrina aristotélico-tomista, na qual o sexo só tem sentido de ser caso objetive a reprodução, não admitem o homossexualismo há bastante tempo. No entanto, o espraiamento de uma teologia liberal em alguns segmentos protestantes e a secularização cada vez maior nos países desenvolv

Hidrelétricas

Como ocorre em todas as sextas, tivemos mais um seminário acadêmico. Desta vez, veio um professor do IBMEC-SP. Seu trabalho, retirado de sua tese de doutorado na University of Illinois at Urbana-Champaign, é sobre o setor elétrico brasileiro na época do "apagão". Um trabalho muito interessante: pessoal gostou do negócio. É uma aplicação prática de externalidades positivas em hidrelétricas ao longo de um rio... Quem se interessou, clique aqui . A idéia básica é a de que uma hidrelétrica instalada em um rio regulariza o fluxo de água para hidrelétricas localizadas a jusante, ou seja, uma externalidade positiva. Como isso influi na decisão de entrada nas empresas? Além disso, tenta-se estimar o quanto funcionou o mercado de contratos na época, dadas as especificidades da legislação brasileira quanto a concessões para a construção de hidrelétricas. Em princípio, pode até não parecer empolgante, mas o trabalho é bom.

Sacramentum Caritatis

O Jornal O Estado de São Paulo publicou uma matéria no último domingo acerca da nova exortação assinada pelo Papa chamada de Sacramentum Caritatis e sobre o silêncio imposto a mais um teólogo da libertação, o jesuíta salvadorenho Jon Sobrino. Entre algumas proposições ali expostas encontram-se a volta do latim nas missas e a condenação do segundo casamento. Além disso, a exortação trata como inegociável o aborto, a eutanásia, o divórcio, as uniões homossexuais e o ensino da religião católica. Em suma, a exortação é uma grande crítica a modernidade. E obviamente, Bento XVI continua afirmando o fim da teologia da libertação, que trata a classe pobre como messiânica, esquecendo que a graça de Deus é pra todos. O papado de Ratzinger é uma espécie de continuação do papado de João Paulo II em termos doutrinários, embora suas personalidades sejam completamente diferentes. Enquanto Bento XVI é conhecido por ser um brilhante teólogo, o polonês era considerado um místico, além de ter u

Mais um seminário em CGE

Sexta-feira: dia de seminário. Hoje foi a vez de um parente distante daqueles famosos irmãos de Boer (ex-jogadores da seleção holandesa) apresentar dois papers sobre modelos de equilíbrio geral computável aplicado para o caso da Palestina. Desde a nova intifada e com os seus conflitos com Israel, a Palestina tem apresentado queda brutal em muitos indicadores econômicos, o que nós não estamos acostumados a ver. Sempre falamos de crescimento ou estagnação (geralmente significando crescimento baixo, como no caso do Brasil). O modelo é complicadíssimo, mas aí vão os papers: http://www.econ.fea.usp.br/seminarios/2007_1/16_03_2007_Boer_Palestina.pdf http://www.econ.fea.usp.br/seminarios/2007_1/16_03_2007_Boer_intifada.pdf Para os que nada entendem de equilíbrio geral computável (CGE), não leia, ou leia a introdução e as conclusões. Quanto ao parentesco do autor com os irmãos de Boer, o professor de Boer afirmou que foi um membro do lado negro da sua família o culpado pela desclassificação da

Palestra sobre CGE

Hoje tivemos uma palestra sobre microsimulação e equilíbrio geral computável com uma especialista do assunto, a francesa Anne-Sophie Robilliard , do Institut de Recherche pour le Développement (IRD) em Paris. O seminário foi promovido pelo NEREUS , Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP. Para uma primeira apresentação do potencial de utilização da microsimulação, foi excelente e estimulante. Essas técnicas podem ser usadas para muitas áreas, incluindo desenvolvimento, políticas públicas, pobreza, etc. Prof. Eduardo Haddad , que organizou a palestra, já adiantou aos interessados que oferecerá a disciplina de Modelos de Equilíbrio Geral Computável no próximo semestre. Bem, vou estudar o Mas-Collel. A coisa tá começando a se avolumar. Para o amigo Ph: o Haddad e o Naércio são caras que trabalham com política pública. Haddad mais na área de regional, equilíbrio geral aplicado, etc. O Naércio trabalha com microeconometria. Os dois são sumidades nos respectivos assuntos.

Para o André e outros que vão prestar ANPEC

Atendendo a pedidos, vamos explicar por aqui como funciona o mestrado em Economia aqui na USP, explicando as principais coisas para os que pretendem prestar ANPEC. A USP, até pelo menos esse ano, tem oferecido duas modalidades de mestrado (mutuamente exclusivas quando você escolhe as opções na inscrição da ANPEC): Teoria Econômica e Economia das Instituições e do Desenvolvimento. Até o ano passado, essas duas modalidades eram bastante diferentes. Enquanto os cursos de Micro, Macro e Econometria da TE eram os cursos tradicionais (mainstream), o enfoque em EID oferecia Micro institucional, uma Econometria mais simples e uma Macro também um pouco diferente. Isso mudou radicalmente esse ano: Micro e Macro são as mesmas para as duas modalidades, e Econometria só muda o professor, pois a ementa é a mesma. Ou seja, os cursos básicos convergiram para o mainstream (para a felicidade de uns e indignação de outros). Isso tudo deve-se ao fato de que muitos alunos que entravam em TE estavam fazendo

Primeiro seminário acadêmico

Hoje tivemos nosso primeiro seminário acadêmico, após um churrasco que fizemos aproveitando que a aula de Macroeconomia acabou mais cedo. Embora alguns colegas tenham comido e bebido demasiadamente para assistir a um seminário, o professor da EPGE/FGV-RJ, economista do Unibanco e ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, o Dr. Marcos Lisboa , nos proporcionou uma excelente palestra. O seminário tratava da contradição existente no trato de decisões individuais e decisões públicas. Por exemplo, enquanto alguns economistas acreditavam que a educação era irrelevante para o aumento do nível de renda, no plano privado, eles educavam seus filhos. A partir disso, Lisboa desenvolveu a idéia de que as evidências empíricas foram e são ainda pouco relevantes no debate acadêmico brasileiro, o que teria influenciado as escolhas feitas no Brasil em relação a políticas públicas, as quais ignoraram a educação. Exemplo interessante foi a da África do Sul, onde os médicos teimam em di

Alguns professores da FEA

Ontem fomos ao famoso "Rei das Batidas", um bar perto da Cidade Universitária, o campus da USP na capital. Um colega nosso, Leandro, ganhara prêmio por sua excelente monografia, que versa sobre insumo-produto, orientado pelo prof. Joaquim Guilhoto (insumo-produto é com esse cara...). Enquanto celebrávamos lá, vimos um professor da FEA por lá, o Joe Yoshino . Este professor fora orientando de nada mais, nada menos do que Robert E. Lucas Jr., segundo contam. Com Ph.D. pela University of Chicago, o professor Joe se especializou em derivativos, mercado de capitais, etc. Afirmou ele que Lucas e Scheinkman são amigos dele e que, portanto, cartas de recomendação dele são muito boas. Foi bastante curioso encontrar um professor desse gabarito no bar. Infelizmente, ele não se envolve muito com a Pós. O Joe elogiou muito um dos professores de Econometria, que ainda não está oficialmente no departamento. Recém-chegado de Chicago, Ricardo Avelino, que fez mestrado na FEA, foi orientando d

Palestra com Delfim...

Com o início das aulas na FEA-USP, tivemos o início de uma série de palestras (as quais serão quinzenais) organizadas pelo ex-ministro Delfim Netto, praticamente um patrimônio da FEA. A palestra inaugural contou com a participação de ilustres heterodoxos como João Sayad e Luiz G. M. Belluzzo. Embora os dois recém mencionados tiveram boas participações, a personalidade centralizadora e o sarcástico humor de Delfim dominaram a discussão. Creio que a melhor de suas piadas tenha sido a seguinte, ao comentar o caso da China: "Quando a bolsa incomoda, um governo que tem um enorme número de estatais dá um jeito. Falo isso por experiência própria (risos da platéia). Quando a bolsa me apurrinhava, eu mandava a Petrobrás comprar milhares de ações..." O velho Delfim continua bem vivo.