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Mostrando postagens de março, 2009

Impressões sobre Cuba

Devido a uma reunião do Conselho Mundial de Igrejas, tive a oportunidade de visitar Cuba entre os dias 14 e 21 de março. É interessante eu dizer algumas coisas sobre o que vi da economia e sociedade cubana. Pobreza De fato, o cubano em geral é pobre. As ruas desertas de Matanzas, com pinturas se desfazendo e portas abertas, atestavam isso. Falando com três pessoas de um coro que se apresentou e que, portanto, não tinham nenhum compromisso em defender o regime, ficou claro que a pobreza é o que mais atrapalha. A opressão política existe, mas não se compara aos outros países que eram comunistas e não é o que mais incomoda: o problema é ser pobre. Em Havana também encontramos ruas complicadas.  A culpa dos problemas econômicos evidentemente é em parte do embargo. Mas também não se pode superestimá-lo. Não acredito que Cuba se tornaria uma Suécia com o fim do embargo, como muitos cubanos parecem querer dizer ao apontar o dedo na cara dos Estados Unidos. De qualquer forma, é claro que o emb

Secularização Holandesa

Essa veio da Ecumenical News Internationa l: Church authorities not to discipline Dutch 'atheist' pastor Utrecht (ENI). Two regional church authorities in the Netherlands are reported to have decided to take no disciplinary action against a self-proclaimed atheist pastor, Klaas Hendrikse. The decision of the authorities in the southern Dutch province of Zeeland was published in a letter to their congregations, the Protestant daily newspaper the Nederlands Dagblad reported on 24 March. The church authorities said disciplinary proceedings against Hendrikse, who is a pastor of the Protestant Church in the Netherlands, would be likely to lead to, "a protracted discussion about the meanings of words that in the end will produce little clarity". The letter also noted that people have debated the issue of "God's existence" throughout time. [441 words, ENI-09-0252] Os holandeses me surpreendem sempre. Bom, espero conhecer Utrecht em agosto, palco da secularizaçã

Debates macroeconômicos

A pós-graduação em Economia da FEA-USP promoveu recentemente dois debates sobre temas macroeconômicos. (1) Os professores Gilberto Tadeu Lima, Fábio Kanczuk, Mauro Rodrigues e Pedro Garcia Duarte debateram o estado atual da macroeconomia. Todos, de certa forma, afirmaram que está havendo uma certa convergência no mainstream  da macroeconomia. A tradicional divisão entre novos-keynesianos e modelos Dynamic Stochastic General Equilibrium  não é mais tão estanque. Enquanto os novos-keynesianos utilizavam hipóteses de rigidez de preços, o pessoal de DSGE tinha modelos mais estruturados. O fato é que hoje, praticamente todos os papers de macroeconomia têm utilizados modelos DSGE com a utilização de idéias novo-keynesianas, que passaram a ser modeláveis ao estilo DSGE. Como sempre, o Giba chamou atenção para os que estão um pouco fora dessa convergência. Foi um bom debate para ficar atualizado na macroeconomia contemporânea. (2) André Lara-Resende, que participou da formulação do Plano Real,

Aborto e estupro: posicionamento oficial da IECLB

Clicando aqui , temos um resumo acerca do posicionamento da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil sobre o caso da menina que, estuprada pelo padrasto, teve seu filho abortado por decisão da mãe da menina. Declarações de clérigos católico-romanos pediram pela excomunhão dos médicos que fizeram a operação. O texto completo do posicionamento (que tem apenas três páginas), pode ser encontrado aqui . Tendo a concordar com o argumento geral de que a teologia luterana não pode desrespeitar " o critério de que a decisão deva ser tomada pelas pessoas implicadas, em responsabilidade própria". Acredito que “Deus, em sua graça, permite, em situações extremas como essa, opções carregadas de mal – pois o aborto certamente não é um bem – e as acolhe como expressão de um servir responsável ao próximo em necessidade.”

Smith e Keynes na visão de Sen

Novamente, como fã do pop-star Amartya Sen, farei propaganda de um escrito seu no New York Review of Books . Sen escreveu um pequeno artigo sobre a crise, o capitalismo e as idéias de Smith, passando por Keynes e por seu professor Pigou, tão mencionado negativamente na Teoria Geral. Vou copiar alguns trechos que merecem ser transcritos (agradeço a Ana Barufi por mandar o mapa da mina): " For example, the pioneering works of Adam Smith in the eighteenth century showed the usefulness and dynamism of the market economy, and why—and particularly how—that dynamism worked [...]" "[...] the huge limitations of relying entirely on the market economy and the profit motive were also clear enough even to Adam Smith. Indeed, early advocates of the use of markets, including Smith, did not take the pure market mechanism to be a freestanding performer of excellence, nor did they take the profit motive to be all that is needed." "Smith's economic analysis went well beyond

História Econômica da Educação

A pesquisa em educação na história econômica tem recebido considerada atenção. Do momento em que escrevi meu projeto de dissertação (em setembro de 2007) até agora, surgiram importantes trabalhos na área. Além disso, descobri muitos trabalhos importantes, bem conhecidos na academia ao redor do mundo. Mas provavelmente seu professor de história econômica não vai saber. Talvez ele saiba bastante de Dobb, Braudel e talvez Geschrenkon, o que é louvável, mas atualização é bom. Para o tema específico de gasto social e desenvolvimento, um livro foi fundamental para organizar melhor minha cabeça e me dar idéias a respeito do tema. Em 2004, Peter Lindert (University of California, Davis) lançou os dois volumes de "Growing Public: Social Spending Since the Eighteenth Century", publicação que recebeu vários prêmios. Além do tema da educação, em que ele chama atenção dos papéis da expansão do sufrágio (no caso norte-americano) e da descentralização (na Alemanha e nos Estados Unidos), Lin