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Ops, se você procura minhas publicações...

Este blog está relativamente parado há algum tempo.  Minhas publicações e outras coisas mais podem ser encontradas em  https://sites.google.com/site/kangthomas . Você também pode me encontrar no minha conta do Twitter: @kangthomas . Obrigado pela visita! 
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Nobel 2019

O Nobel de Economia me surpreendeu. Obviamente, não por irrelevância ou demérito. Com certeza, os trabalhos de  Banerjee, Duflo e Kremer  deram impulso para um programa de pesquisa rico e importante. Não foram poucas as pessoas que, motivadas por este programa de pesquisa, se debruçaram sobre o tema da pobreza e do desenvolvimento com métodos de identificação bem desenhados. No entanto, não é comum que uma linha tão recente de pesquisa e que ainda sofre questionamentos seja agraciada com um Nobel tão cedo. Minha aposta era David Card e Joshua Angrist, com talvez uma homenagem a Alan Krueger, falecido neste ano. Estes economistas foram responsáveis pela atenção dada à identificação em economia do trabalho.  Conta-se que Krueger teria sido inspirado por trabalhos da área médica . Errei nos nomes, acertei no método. O trio vencedor levou a preocupação com a identificação para os estudos de pobreza e desenvolvimento. Ao invés de procurar por políticas que pudessem ser testadas, passa

Privilégios e direitos

Eu comecei a escrever a este post há alguns anos. Não sei por que não publiquei. Talvez eu tenha achado que algumas ideias estavam imaturas. O livro de North, Wallis e Weingast, embora seja de 2009 , ainda é pouco conhecido para o público leigo. A sua agenda de pesquisa, embora venha crescendo, ainda é limitada - uma vez que operacionalizá-la não parece ser trivial. Entretanto, há gente importante publicando sobre algumas questões propostas por aquele livro . "Violence and Social Orders" tenta desenhar um arcabouço para interpretar as transformações do Estado, tomando como base a questão da violência. A capacidade do Estado de controlar a violência é chave para se entender o papel do Estado, o que remete a Hobbes. O livro também tenta explicar como arranjos que eles denominam "estado natural", embora pouco flexíveis para absorver choques tecnológicos, foram adaptativos em boa parte da história por conseguir controlar a violência de forma relativamente eficien

Tese de doutorado online

Divulgo aqui também a versão online de minha tese de doutorado: The political economy of education under military rule in Brazil, 1964-1985 , defendida no Programa de Pós-Graduação em Economia da UFRGS. Agradeço as sugestões de orientador e banca: Flavio Comim (UFRGS), Samuel Pessôa (FGV-Rio), Sergio Monteiro (UFRGS) e William Summerhill (UCLA). *** Não consigo me adaptar ao Twitter - ao menos para escrever textos um pouco mais longos, que exigiriam um fio (ou  thread ). Gosto de ler os fios de outros(as) e o impacto do Tweeter é muito maior. Ao menos por enquanto, voltarei a escrever no blog - o que talvez seja como utilizar um Nokia 2280.

Não é Akerlof, é limão mesmo

É Journal of Economic History: Origins of the Sicilian Mafia: The Market for Lemons Arcangelo Dimico (a1), Alessia Isopi (a2) and Ola Olsson (a3)  https://doi.org/10.1017/S002205071700078X Published online: 24 November 2017 Abstract In this article, we study the emergence of an extractive institution that hampered economic development in Italy for more than a century: the Sicilian mafia. Since its first appearance in the late 1800s, the reasons behind the rise of the Sicilian mafia have remained a puzzle. In this article, we argue that the mafia arose as a response to an exogenous shock in the demand for oranges and lemons, following Lind's discovery in the late eighteenth century that citrus fruits cured scurvy. More specifically, we claim that mafia appeared in locations where producers made high profits from citrus production for overseas export. Operating in an environment with a weak rule of law, the mafia protected citrus production from predation an

Interesses privados contra objetivos públicos na educação

Em um livro clássico, David Plank (1996) afirma que a causa principal do atraso educacional brasileiro é que interesses privados se sobrepõem a objetivos públicos na educação. A afirmação parece fazer sentido com o que vivemos no dia-a-dia. Por outro lado, Plank (1996) quer dizer com isso que, em outros lugares em que se deu a expansão educacional, os objetivos públicos ficaram a frente dos interesses privados na educação. Terá sido mesmo? É possível que autores estrangeiros idealizem a história da expansão educacional em seus próprios países. Se tivermos em mente o que Douglass North, John Wallis e Barry Weingast escreveram em "Violence and Social Orders", podemos ter uma outra ideia acerca disso. Todas as mudanças em prol de cidadania vieram da extensão de privilégios das elites. Sob essa visão, o Estado sempre sofre de captura, mas em algum momento ocorre a transição para um arranjo que permite a extensão de privilégios. Talvez a resposta esteja na transição e

Retórica e prática no gasto educacional

Em todos os períodos que tenho estudado a respeito do atraso educacional no Brasil, há um problema bastante recorrente: a distância entre a retórica do governo e as políticas efetivamente implementadas. Há discursos do século XIX (Rui Barbosa, por exemplo), que já mostram claramente a consciência quanto ao atraso educacional do país. Já para Getúlio Vargas, a educação era algo que salvaria a nação. Até houve expansão da educação de 1930 em diante, mas longe de ser algo exemplar. Não tenho elogios também a fazer ao período democrático, em particular aos governos de Vargas (951-54) ou Kubistschek (1956-61), ainda que Dutra (1946-1951) e Goulart (1961-63) pareçam ter sido mais sensíveis ao problema do ensino primário. No regime militar, a reforma de 1971 procurava universalizar o primeiro grau e expandir o ensino técnico-profissional, conforme era aparentemente o plano do ministro Passarinho, mas não houve recursos para se efetuar as mudanças (goste ou não o freguês da ideia de um se