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Mostrando postagens de abril, 2008

Suecos

Conheci uma sueca, doutoranda em ciência politica, quando estava em New York por ocasião da Conferência da Human Development and Capability Association. Disse ela que na Suécia, um politico que pegasse um táxi usando dinheiro público poderia gerar manchetes nos jornais, uma vez que ele deveria ter pegado um ônibus. Apesar do clima inóspito, suecos são ricos e considerados um dos povos mais igualitários entre as democracias. A qualidade de vida deles é atestada pelos resultados do IDH, onde estão sempre entre os primeiros. Suecos e noruegueses costumam ser muito educados, pelo menos os que conheci. Certamente, minha amiga Sibeli que está lá trabalhando por três meses com a Igreja (Luterana) da Suécia poderá nos falar mais sobre o país em breve. De qualquer forma, as instituições e a performance esconômica escandinavas, invejadas por muitos, tem origens no passado. Esses países estavam longe da prosperidade no começo do século 20. Algumas coisas aconteceram desde então, e após a II Guerr

Fontes primárias

A pesquisa em história econômica é por vezes cansativa. Examinar as leis da República para ver se houve alguma mudança institucional relativa à política educacional no Brasil é como procurar uma agulha no palheiro. Principalmente quando descobrimos que, durante quase toda a nossa história, o ensino básico fora da capital ficou a cargo das províncias. Documentação primária cansa e, por vezes, desanima. Inúmeras obras consideradas de referência hoje em história econômica não tocam em um documento primário. A partir do que outros escreveram, alguns autores como Lourdes Sola (1998), lançam outra interpretação para a economia e a política de meados do século 20 no Brasil. Um texto do Newton Bueno (2007), publicado na "Estudos Econômicos" ano passado também lança nova interpretação para a Revolução de 1930 baseada nas idéias da Nova Economia Institucional (ação coletiva, especificidade de ativos, etc.) sem referência a documentação primária (o autor reconhece isso). É claro que is

Sobre livre comércio e história

Cai em erro crasso quem, através de um ou outro exemplo histórico, afirma saber a receita para o desenvolvimento. É muito comum defensores do protecionismo darem o exemplo de um ou outro país hoje desenvolvido que teria protegido sua indústria nascente; por outro lado, há os outros que sempre buscam "provar" que o livre comércio é o caminho da prosperidade. Sob o critério da falsificação atribuído a Popper (sem entrar no mérito da cientificidade ou não do critério), não é possível dizer muita coisa. É evidente que protecionismo pode ser nefasto, há resultados ruins na história. Logo, protecionismo não significa necessariamente crescimento - pelo menos, não qualquer protecionismo, o que é bastante óbvio. No entanto, há muitos exemplos aparentemente a favor do protecionismo, como o inglês, discutido no post anterior. Nesse caso, a questão que fica é: a Inglaterra cresceu apesar do protecionismo ou cresceu devido ao protecionismo? E, é claro, se o protecionismo pode ser ben

Por que os ingleses bebem cerveja?

Essa é uma das fundamentais perguntas que John Nye , historiador econômico da George Mason University, tentou responder na sexta-feira em sua palestra sobre seu novo livro "War, Wine and Taxes" . O livro trata sobre os conflitos e as políticas comerciais de Inglaterra e França. Desafiando o que sempre se diz, Nye percebeu que a política britânica foi bem mais protecionista do que a francesa, o que explica porque ingleses bebem cerveja e não vinho. A palestra foi muito boa (uma das raras vezes que temos bons seminários), uma vez que Nye tem um bom senso de humor, além de explicar de forma clara e audível. E é claro, pelo assunto ser interessantíssimo. Isso não significa que todas suas conclusões estejam certas, mas deu vontade de ler o livro. Como conclusão, Nye sustentou que a Inglaterra cresceu apesar das restrições ao livre comércio. No entanto, isso não pareceu derivar logicamente de sua argumentação. Talvez o livro possa esclarecer um pouco disso.

Seminários da semana

Em primeiro lugar, minhas desculpas por estar afastado da blogosfera recentemente. Pretendo contribuir mais com textos sobre história econômica, filosofia política, cristianismo, além dos tradicionais posts acerca da vida de mestrando na USP. *** Da vida de mestrando, posso apenas comentar que anteontem tivemos a presença do Prof. Philip Arestis, do Department of Land Economy da University of Cambridge. Sua palestra, aproveitando sua passagem no Brasil para o I Congresso Brasileiro Keynesiano, foi sobre a macroeconomia britânica nos últimos anos e algumas críticas a algumas proposições consensuais. Nada diferente do que esperamos de um pós-keynesiano. Alguns professores estavam visivelmente incomodados com o que Arestis disse. *** Nesta semana, temos também a presença do historiador econômico John Nye, da George Mason University. Bati um papo com ele na quarta-feira, momento no qual ele deu algumas opiniões acerca de meu projeto de dissertação. Hoje em breve, teremos um seminário com e