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Mostrando postagens de junho, 2007

Keynesianismo não pára em pé sozinho

Afirmam muitos que o mundo, até algumas décadas atrás, era um mundo keynesiano. De fato, as proposições político-econômicas de Keynes inspiraram a onda de intervenção estatal na economia após a crise de 1929. Contudo, embora a maioria dos economistas fossem keynesianos, existia uma diferença bem clara entre eles: haviam os keynesianos da síntese neoclássica e outros keynesianos um pouco mais próximos de Marx. Mas não haviam keynesianos apenas keynesianos? A controvérsia do capital destacou muito bem os economistas dessas duas correntes: Paul Samuelson, na Cambridge americana, foi responsável pelo manual de economia estudado por milhares de economistas, cuja formalização e estilo tornaram-se referência para todos os manuais posteriores. Do outro lado, na Cambridge inglesa, Joan Robinson liderava um grupo de keynesianos que acusavam o keynesianismo ortodoxo de ser bastardo. Robinson, após contribuir com uma teoria de concorrência imperfeita, aproximou-se de Marx na década de 40, embora r

Crise asiática e seus resquícios

Essa também é do NY Times e confesso que o seguinte parágrafo me surpreendeu um pouco: Malaysia weathered the crisis better than many countries in the region by imposing restrictions on the movement of large sums of money out of the country. That success has called into question the international economic orthodoxy that countries should keep their markets as open as possible at all times. But it has not reversed the trend toward freer trade and investment. A reportagem destaca o que ficou da crise financeira de 1997, apesar da boa recuperação em geral dos países protagonistas do episódio.

Saudades do Varian

O livro de microeconomia do Mas-Collel até que me deu saudades do Varian. Hoje, Varian publicou um artigo no New York Times sobre o iPod. Bem simples (como é seu livro de microeconomia), pra quem quer relaxar: This value added calculation illustrates the futility of summarizing such a complex manufacturing process by using conventional trade statistics. Even though Chinese workers contribute only about 1 percent of the value of the iPod, the export of a finished iPod to the United States directly contributes about $150 to our bilateral trade deficit with the Chinese.

Notas da semana

Recebemos a nota da terceira prova de micro. Das duas primeiras, ainda nada sabemos curiosamente. Eu tirei 3,5: uma nota ruim. Alguns outros também tiraram notas baixas. Muitas reflexões, mas não é hora pra isso: quinta temos prova de Econometria *** Notícias das igrejas do Canadá de um assunto que tratei a pouco: Canadian churches reject same-sex blessings Vancouver (ENI). Canada's Anglican and Lutheran churches have each turned down proposals to approve ceremonies of blessing for same-sex unions. The general synod of the Anglican Church of Canada, meeting in Winnipeg, narrowly defeated a resolution that would have allowed dioceses to decide for themselves whether or not to bless same-sex unions. "There is disappointment - a lot of pain. Some people will be saying, 'How long, O Lord, how long?'" said Bishop Fred Hiltz of Nova Scotia and Prince Edward Island, who was elected during the synod to be the denomination's new primate, or national archbishop.

Livro sobre crescimento e distribuição

Hoje pela manhã, o ex-reitor da USP e professor da FEA, Jacques Marcovitch, lançou um livro por ele organizado. Embora seja um professor do departamento de Administração, o título do livro chama-se Crescimento Econômico e Distribuição de Renda e conta com a participação de vários economistas. Os co-autores compareceram, à exceção de Márcio Pochmann. Todos eles falaram um pouco da sua parte do livro, mas o que mais me chamou atenção foi o que falaram Mirela de Carvalho e Ricardo Paes de Barros do IPEA. Na breve explanação deles, o capítulo que escreveram trata de uma proposta efetiva para diminuição maior da pobreza usando a base informacional bem-sucedida do Bolsa-Família. Os autores destacaram que o sucesso do Bolsa-Família no combate à pobreza e na melhora bastante efetiva que o coeficiente de Gini vem apresentando desde 2001, deve-se à base informacional, a qual de fato identifica os pobres. Antigamente, os mais pobres não eram identificados por não terem registro algum. Hoje, a Ca

Anglicanos com problemas

A seguinte notícia foi veiculada pela Ecumenical News International (ENI): US Episcopal Church rejects deadline on gay consecrations New York (ENI). Leaders of the US Episcopal (Anglican) Church say they will not respond to increasing pressure by others in the worldwide Anglican Communion that the US denomination reverse its policies on the ordination of openly gay bishops. In February, a meeting in Tanzania of Anglican leaders, or primates, from around the world gave the US denomination a September deadline to promise that no one living in a same-sex relationship would be made a bishop, and that the US church would not authorise rites for same-sex blessings. [370 words, ENI-07-0465] Nas igrejas luteranas, o debate é parecido. Principalmente na Escandinávia, a pressão por um posicionamento liberal é grande. É hora de debater até que ponto vai a inclusividade. Ser demasiadamente inclusivo pode levar à igreja a não se posicionar nos mais diversos assuntos no campo moral. Por outro

Prova de microeconomia

Após a terrível noite de quarta-feira, na qual o Grêmio ficou em séria desvantagem para o confronto final da Libertadores, tive uma prova de microeconomia na tarde de quinta-feira. O professor da segunda parte da matéria, Fernando Botelho, PhD. por Princeton, aplicou uma prova que obrigava-nos a pensar. Foi a primeira prova desde o início do mestrado que realmente exigiu que pensássemos ao invés de meramente reproduzir proposições ou exercícios. Resultado: todos tivemos um resultado pífio na prova, o que não é um problema devido ao fato da nota ser relativa. A matéria era utilidade esperada, equilíbrio parcial e equilíbrio geral. O interessante é que equilíbrio geral acaba se desdobrando em proposições de comércio internacional na versão 2x2 do modelo. Estudamos, por exemplo, o teorema da equalização de fatores, Stolper-Samuelson e Rybcszinski. Só faltou o famoso Hecksher-Ohlin pra completar os quatro pilares da teoria neoclássica do comércio internacional. Os níveis de abstração nessa

Em meio aos heterodoxos

Economistas heterodoxos das mais variadas estirpes reuniram-se na FEA-USP para o Encontro Nacional de Economia Política. Estavam todos lá: Bresser, Belluzzo, Lessa, Cardim, Theotônio dos Santos, Leda Paulani, entre outros. O encontro da SEP é sempre uma grande salada de frutas. Alguns falam disparates, na minha opinião, outros tentam ser mais "pé no chão". Surpreendi-me positivamente com alguns posicionamentos que, claramente, enfrentavam as interpretações mais radicais e menos úteis na minha opinião. Alguns podem perguntar o que estive fazendo por lá. De fato, as palestras pareciam pouco promissoras, assim como a maioria das seções. No entanto, valeu a pena ouvir o Bresser falar ou a seção sobre metodologia da ciência - pelo menos pra pensar se algumas das coisas que foram faladas fazia sentido. Ao mesmo tempo, ouvi alguns absurdos, o que faz parte também. De qualquer forma, embora discordando fortemente, temos que respeitar a opinião alheia. Uma questão de tentar ser democr

Seminário ecumênico

Hoje participei de um seminário ecumênico aqui em São Paulo, patrocinado pelo CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) e organizado por mulheres envolvidas com ecumenism o. OK, admito que erea um seminário de mulheres jovens, mas o convite foi estendido a homens, tanto que eu não era o único homem por lá. O tema foi meio-ambiente e a primeira palestrante, pastora da Igreja Metodista, conectou ecologia, economia e ecumenismo: curiosamente, todas tem a palavra grega oikos como raíz. De fato, as relações entre essas três dimensões são interconectadas. Obviamente, a influência da teologia da libertação nos segmentos fez-se presente na palestra e ouvi termos como "imperialismo", "opressão", entre outros. Além disso, ouvimos a palavra de uma irmã que trabalha com encarcerados, um trabalho muito importante. Levantei a questão da relação entre desenvolvimento econômico e ecologia, no qual a última em excesso poderia atrapalhar a busca do primeiro. A irmã da pastoral car

Resposta ao Rabiscos: capital humano e educação

Stein e Berman têm escrito tem bons posts acerca do tema. Reconheço que sou culpado pelos desvios do assunto e, portanto, devo uma resposta ao Stein e à questão levantada por ele sobre capital humano. Meus últimos comentários tinham claramente intenções provocativas e espero não tê-los deixado exasperados. No excelente post do Stein , ele afirma que capital humano e educação não são a mesma coisa. Concordo plenamente com ele. De fato, o conceito de capital humano é muito mais amplo do que as proxies usadas nas regressões e do que simplesmente "educação". Assim como Stein, acredito que educação deve ser defendida por ter importância instrínseca, assim como saúde, por exemplo. No entanto, tentei utilizar o caráter instrumental da educação na argumentação. Embora Stein tenha refutado minha sugestão, o próprio texto indicado por Stein afirma que, na opinião de Xavier Sala-i-Martin, educação a nivel básico parece mostrar evidências significativas na relação com o crescimento de