Pular para o conteúdo principal

Mais sobre Utrecht

Lugar feio que a gente está em Utrecht para o World Economic History Congress, não? Esse é o pátio do que chamamos de Academy Hall, ao lado da Dom Kirke, a gigantesca igreja da cidade.

***

O uruguaio Luís Bértola me viu e disse em português: "Ô cara!". Aprocheguei-me e perguntei se tinha pegado pesado na pergunta. "Não - é assim que se avança", disse ele, "tu sabe que metade dos uruguaios querem ser argentinos, a outra metade quer ser brasileira. Eu faço parte do grupo dos que querem ser brasileiros". Pelo menos foi mais ou menos isso. Gente boa ele.

***

Muitos aqui tem expressado seu desejo de fazer um pós-doutorado em Utrecht. Cidade muito agradável, com muitos bares e restaurantes a beira de canais. Poucos carros, muitas bicicletas. Ademais, é perto de Amsterdam, caso seja necessário ir para a cidade grande. Entre 20 e 30 minutos de trem.

Até agora, só tenho elogios à organização holandesa. Até agora não houve maiores falhas, apesar do sonífero calor que tem feito dentro de algumas das salas lotadas.

***

Eu vi Angus Maddison: o homem que compilou dados de PIB pra todos os lugares em todos os tempos (claro que com problemas). Tá bem velhinho, andando lentamente e de cachecol enquanto a temperatura está por volta de 30 graus. No seminário em que esteve apresentando, mal dava pra ouvir sua voz. Nessa sessão, ele basicamente foi pessimista sobre o cenário da economia em 2030 (era esse o objetivo da sessão, fazer profecias para 2030). Os outros também foram em geral, mas nem tanto.

Infelizmente, Kevin O'Rourke não apareceu, mas Leandro Prados falou por ele. Nick Crafts também não esteve, mas Peter Lindert, que não estava previsto, fez suas considerações. Também estavam Jeff Williamson, Debin Ma, Paul Rhode, entre outros - conhecidos historiadores econômicos. Mas tinha muita especulação, não foi uma sessão tão proveitosa.

***

Ontem conheci o Colin Lewis finalmente, historiador econômico especializado em América Latina da LSE. Além disso, fui também para uma sessão sobre Índia, em que havia um bom trabalho sobre financiamento da educação na Índia. Vou manter contato com a moça, que publicou na edição de março desse ano na Journal of Economic History sobre a educação primária no país em questão.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero ...

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55) ...

Para os que prestarão ANPEC II: Que centros escolher?

Recentemente, um visitante deste blog perguntou-me que centros eu recomendaria a pessoas interessadas no mestrado em Economia. A resposta é a mais freqüente entre os economistas, independentemente da pergunta: depende. Depende da área de pesquisa e de seus objetivos acadêmicos. Evidentemente, os cursos com melhores contatos para um possível PhD. no exterior são os principais centros: EPGE-FGV, PUC-Rio e, de perto, IPE-USP. É claro que há alunos de outros centros que foram ao exterior. E mais, não pense que é simples ir para o exterior... não querendo estudar MUITO, nem vale a pena pensar nisso. Por área de pesquisa, acredito que, tratando-se de ortodoxia, os três centros mencionados têm excelentes quadros. Posso falar pela USP, que não tem nomes pesquisando em Teoria Microeconômica pura, mas é certamente um dos melhores centros para se estudar Econometria e Economia Regional. Nesse último assunto, se destaca também o CEDEPLAR-UFMG. Para aqueles que querem cursos mais ecléticos, sugiro ...