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Incentivos errados



Impressiona-me às vezes que certos mecanismos de incentivos não têm sido efetivos, mas as pessoas nada fazem para mudá-los. Incentivos são necessários, mas tem que ser os certos. Se você tenta aplicar sanções há anos que não resultam em melhora alguma, é hora de mudar algo. Um exemplo é esse acima: o custo em termos de vidas de crianças norte-coreanas é muito alto. Mas ainda se sustenta que ajudá-las seria sustentar o regime e não ajudá-las ajudaria a derrubá-lo. Não parece ser o caso.

Da mesma forma, parte da opinião pública é a favor do embargo contra Cuba. Além de prejudicar muita gente, o embargo apenas exacerba o nacionalismo cubano que vê tal medida como imperialista. Com mais mercado, era muito provável que Cuba abrisse mais rápido. E assim, os pobres cubanos continuam apoiando o ditador Fidel Castro, que pelo menos oportunisticamente dá escolas e hospitais (talvez tenha alguma bondade naquele velho barbudo, mas ele poderia deixar o povo governar-se a si próprio então...).

Outros que pensam parecido são os funcionários públicos de universidades. Há algum tempo a biblioteca das ciências humanas está fechada na USP. Pós-graduandos, por exemplo, que estiverem em fase final de dissertação são absurdamente prejudicados. Fechar bandejões e bibliotecas afetam apenas os alunos e pouco pressiona a reitoria ou os governos. O resultado mais óbvio é que os próprios alunos passam a questionar as freqüentes greves, por mais que muitos dos pontos dos grevistas possam ser legítimos.

Incentivos errados, resultados sub-ótimos.

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