Pular para o conteúdo principal

Entrevista com Javier Sarriera


Pedimos desculpas aos leitores pelo atraso do post. Este que vos escreve estava em um local afastado de Canela sem acesso à internet desde sexta, comemorando o Ano Novo com amigos e ex-colegas. Entre eles, o Javier, ex-colega de graduação em Economia e hoje trabalhando em projetos com o Banco Mundial em Washington, D.C. Como é uma experiência interessante, achei que seria oportuno uma entrevista com ele. Abaixo então, uma pequena entrevista com o economista Javier Morales Sarriera do Banco Mundial na praça de alimentação do Bourbon Shopping de São Leopoldo, a caminho de Gramado/Canela:

Oikomania: Qual é o seu cargo no Banco Mundial (BM)?
Javier: Junior Professional Associate
O: Quais são suas atividades principais lá?
J: Auxiliar em projetos de assistência técnica para governos da América Latina.
O: Em que projetos você está envolvido atualmente?
J: Um deles é a análise dos melhores usos econômicos das áreas revertidas ao Panamá pelo governo norte-americano – a Zona do Canal do Panamá. Assim, houve um contato com o BM para fazer um estudo econômico - uso em portos, armazenamento de combustíveis marinhos, de frigoríficos, parques logísticos. Eles querem saber quais áreas tem potencial e para que atividades.
Outro projeto em que estou envolvido é uma análise do estoque e da qualidade da infraestrutura em toda a América Central.  Como o BM tem acesso à base de dados e contatos com instituições locais, o meu departamento está estudando os problemas de infraestrutura em cadeias de suprimentos até eficiência dos portos, por exemplo.
O: E em que projetos você gostou de trabalhar?
J: Anteriormente eu trabalhava na área de pesquisa macroeconômica e trabalhei em projetos de multiplicadores fiscais em países em desenvolvimento, principalmente em dois papers – um deles será publicado no Quarterly Journal of Economics (em que ajudei como research assistant), que utiliza uma base de dados de empréstimos do BM a países muito pobres e pequenos. A utilização desses dados elimina problemas de identificação causados por endogeneidade , mas melhor não entrarmos em detalhes...
O: O que você precisa fazer para trabalhar no Banco Mundial?
J: Um mestrado em Economia ou áreas relacionadas a desenvolvimento, tais como engenharia ambiental, hidrologia, políticas públicas, urbanismo, etc. Além disso, é importante o networking
O: Qual é a sua formação?
J: Bacharel em Ciências Econômicas pela UFRGS e Mestrado em Economia e Finanças pelo CEMFI (Centro de Estudios Monetarios y Financieros), na Espanha.
O: Obrigado, Javier. Feliz Ano Novo.

Um Feliz 2012 aos leitores também.

Comentários

Anônimo disse…
Ele é espanhol?
Thomas H. Kang disse…
Ele é nascido aqui, mas o pai dele é espanhol (na verdade, catalão).

Postagens mais visitadas deste blog

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Exogeneidade em séries de tempo

Mais um texto de quem tem prova de econometria na segunda-feira. Quem não é economista não deve de forma alguma ler esse texto. Não digam que eu não avisei. Quando falamos de exogeneidade na econometria clássica, estamos falando da chamada exogeneidade "estrita", que nada mais consiste no fato de uma variável x não ser correlacionada com qualquer erro. Nas séries de tempo, no entanto, trabalha-se com três tipos de exogeneidade, dependendo do fim proposto. Na busca de resultados em inferência estatística (modos de estimar parâmetros e formulação de testes de hipótese), utiliza-se, em séries de tempo, o conceito de exogeneidade fraca. Para isso, precisamos 'fatorar a função de distribuição em duas partes: distribuição condicional e distribuição marginal . Define-se que uma variável é fracamente exógena em relação aos parâmetros de interesse se, e somente se, houver um certo tipo de reparametrização e atender duas condições: a variável de interesse precisa ser função de apen