Pular para o conteúdo principal

Nova teoria de justiça no forno

"Reasons for Justice". Pelo que entendi, esse será o novo livro de Amartya Sen propondo uma alternativa teoria de justiça. Justiça foi o tema da palestra Mabdul Ul-Haq que ocorre anualmente durante a conferência da Human Development and Capability Association. Para fazer justiça a algumas pessoas, Sen lembrou de Ul-Haq e de Rawls, para quem ele deve muito de suas idéias.

Em sua palestra, Sen enfatizou quatro pontos: (1) vida e liberdades (freedoms), (2) responsabilidade e poder efetivo, (3) abordagem comparativa e não-transcendental e (4) desenvolvimento humano como abordagem que cobre irrestritamente e globalmente. Outra hora, em momento mais apropriado, posso também comentar a respeito disso. Jogados dessa forma, os pontos apresentados parecem não fazer sentido algum. Embora o sotaque indiano de Sen tenha me impedido de entender a maior parte das piadas, acho que entendi a mensagem. Essas características são as que diferenciam a teoria de Sen das outras teorias contemporâneas de justiça.

A palestra foi bastante elucidativa e atraiu a atenção de todos, os quais aguardavam com expectativa o evento. Tirei umas fotos e espero que o cartão de memória não me traia. De qualquer forma, o debatedor não foi nada menos do que o miserável George Soros. Soros humildemente disse que não tinha muito o que dizer, pois nem ao menos lera Rawls. Mas de qualquer forma, foi divertido. Amanhã é o último dia e na sexta estarei voltando ao Brasil.

Comentários

"Miserável George Soros"... O cara, mesmo ganhando rios de dinheiro na economia, anda procurando revolucionar a heterodoxia com a Teoria da Reflexividade. E já foi chamado de comunista por autores mais conservadores.

Postagens mais visitadas deste blog

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Exogeneidade em séries de tempo

Mais um texto de quem tem prova de econometria na segunda-feira. Quem não é economista não deve de forma alguma ler esse texto. Não digam que eu não avisei. Quando falamos de exogeneidade na econometria clássica, estamos falando da chamada exogeneidade "estrita", que nada mais consiste no fato de uma variável x não ser correlacionada com qualquer erro. Nas séries de tempo, no entanto, trabalha-se com três tipos de exogeneidade, dependendo do fim proposto. Na busca de resultados em inferência estatística (modos de estimar parâmetros e formulação de testes de hipótese), utiliza-se, em séries de tempo, o conceito de exogeneidade fraca. Para isso, precisamos 'fatorar a função de distribuição em duas partes: distribuição condicional e distribuição marginal . Define-se que uma variável é fracamente exógena em relação aos parâmetros de interesse se, e somente se, houver um certo tipo de reparametrização e atender duas condições: a variável de interesse precisa ser função de apen