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Modelos de crescimento na pós-graduação

Fizemos nossa primeira prova de macroeconomia na sexta-feira. Nada fora do esperado, mas tive dificuldades em um dos itens da prova. Faz parte.

O baque é muito forte na passagem da graduação para a pós-graduação na disciplina de macroeconomia. A chamada microfundamentação pode se resumir (estou sendo pouco rigoroso) em um símbolo de integral ou somatório antes da função de utilidade de um agente representativo, o que representa a agregação das utilidades individuais. Daí em diante, nada mais é do que um ritual de maximização condicionada complicada por alguns detalhes, pelo menos tratando-se de crescimento.

Os modelos são bastante simples: começam do Solow-Swan e passam por outros como Ramsey (ou Ramsey-Cass-Koopmans), Overlapping Generations (Diamond), Sidrauski, entre outros. As hipóteses são altamente simplificadoras, mas os resultados podem até prever satisfatoriamente sob algumas condições. Os testes propostos por Barro (1991)*, por exemplo, demonstram que, utilizando um conceito mais amplo de capital (que inclua o humano), temos uma boa previsão. Contudo, continuo achando os modelos altamente chatos e enfadonhos enquanto diversão teórica.

Espero com ansiedade que a macroeconomia de curto prazo seja mais divertida.

*Barro, R. J. (1991). Economic Growth in a Cross Section of Countries. The Quarterly Journal of Economics, Vol. 106, No. 2. (May, 1991), pp. 407-443.

Comentários

Pelo menos no Cedeplar, a macroeconomia de curto prazo é a matéria mais interessante do primeiro semestre.
Billy the Kid disse…
Oi, Thomas. Legal encontrar o teu blog. Gostei dele. Interessante ler sobre as matérias que vocês estudam na USP. Continue assim, por favor...
Abraços
Anônimo disse…
Ave, Kang!

Macroeconomia na UFRGS, só para variar, começa sempre um período depois da Micro.

E, se estiveres atendendo a pedidos, que tal um comentário sobre como andam os ânimos em São Paulo na iminência da chegada do Papa?
Joel Pinheiro disse…
Como aluno do Ibmec-SP, lamento todo dia a preponderância que a econometria e a estatística vêm ganhando sobre a economia.
Já tem economista que se nega a usar a teoria para qualquer coisa. Qualquer pergunta que se faça: "Veja bem, depende da situação. Precisamos coletar dados e fazer uma regressão."

Uma pena.

Quanto ao Papa (heh... sei que o pedido não foi para mim, mas mesmo assim...): a expectativa é grande! A cidade vai parar, e, se Deus quiser, conseguirei um ingresso para o Pacaembu!

Abraços
Joel

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