Pular para o conteúdo principal

Formação

Acho que em minha curta vida acadêmica, consegui já bastante coisa. Apresentar no congresso mundial da área não é algo dificílimo, mas foi um importante passo. Já tenho um paper no prelo em uma revista brasileira importante. Não é hora de ser falsamente modesto, mas também sei que não sou o Schumpeter para escrever aos 26 anos uma de minhas principais obras (nesse caso, eu teria que me apressar, já que estou com 25).

Entretanto, ao estar reescrevendo um paper, percebo como "falta cancha". Ao corrigir meu próprio paper, percebi como me falta experiência ainda para ser um bom pesquisador. Senti necessidade de ler mais artigos da minha área - e também de ter mais conhecimento. Falta em minha formação, por exemplo, intensa leitura em textos de minha própria área. Fiz um excelente curso de Economia Brasileira na pós-graduação da FEA-USP com meu orientador, mas nada sei sobre história econômica em geral - à exceção do que se refere à minha pesquisa em particular. Nem acerca disso consegui ler tudo que é essencial. Na lista dos não-lidos estão Robert Margo por exemplo (um problema). Além disso, nunca li nada de Joel Mokyr ou Bob Allen... só para citar grandes nomes da minha área. O que eu disse, com as devidas mudanças, acho que vale para qualquer área... da academia/ciência.

Não é por nada que meu orientador, o Renato, sempre me incentiva a fazer um doutorado fora. É por uma questão de formação e atualização. Evidentemente, eu poderia fazer um doutorado por aqui, mas a UFRGS ou mesmo a USP, embora seja boa em termos nacionais, é muito diferente do que uma universidade com recursos de Primeiro Mundo pode oferecer. No entanto, não é apenas a questão acadêmica que conta na hora de decidir por um doutorado. Ilude-se na graduação quem pensa que essa é uma decisão óbvia e simples. Para alguns talvez até venha a ser, mas não é para a maioria das pessoas. "There is no such a thing as a free-lunch", disse Friedman. Se ele está sempre certo, eu até acho que não, mas no caso da decisão por um doutorado no exterior, certamente há custos.

Comentários

Unknown disse…
O doutorado, se for na UFRGS, vai ser em desenvolvimento ou aplicada?
Anônimo disse…
Deus fala através de vc, Mr. Kang! Como é dificíl a decisão por um doc aqui ou lá fora.
Abs,
André

Postagens mais visitadas deste blog

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Exogeneidade em séries de tempo

Mais um texto de quem tem prova de econometria na segunda-feira. Quem não é economista não deve de forma alguma ler esse texto. Não digam que eu não avisei. Quando falamos de exogeneidade na econometria clássica, estamos falando da chamada exogeneidade "estrita", que nada mais consiste no fato de uma variável x não ser correlacionada com qualquer erro. Nas séries de tempo, no entanto, trabalha-se com três tipos de exogeneidade, dependendo do fim proposto. Na busca de resultados em inferência estatística (modos de estimar parâmetros e formulação de testes de hipótese), utiliza-se, em séries de tempo, o conceito de exogeneidade fraca. Para isso, precisamos 'fatorar a função de distribuição em duas partes: distribuição condicional e distribuição marginal . Define-se que uma variável é fracamente exógena em relação aos parâmetros de interesse se, e somente se, houver um certo tipo de reparametrização e atender duas condições: a variável de interesse precisa ser função de apen