Coincidentemente, o Boletim de Informações da FIPE do mês de abril foi lançado hoje, meu aniversário de um quarto de século, com o meu primeiro artigo sobre a educação entre 1930 e 1964. Esse artigo consiste em um resumo do capítulo 3 da minha dissertação de mestrado em apenas 6 páginas. Quem quiser ler, bom proveito. Críticas são bem-vindas.
O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)
Comentários
Abraço,João Melo, direto da selva!
Fiz uma rápida busca no google pela sua dissertação, mas não encontrei, e achei mais fácil te pedir por e-mail. Será que você me enviar? pettersonvale@hotmail.com
Antes mesmo de ler tudo, no entanto, queria pedir a sua opinião no seguinte.
Eu estou morando na Argentina, e tratei de me informar sobre a história daqui, que me surpreendeu muito no sentido positivo, e que me deixou seguro de que trata-se de um país absolutamente diferente do Brasil. Aprendi, entre outras coisas, que o país tem uma tradição de intelectuais republicanos e progressistas muito mais fecunda do que aquela que (até onde conheço) teve o Brasil. Os "heróis de maio", responsáveis intelectuais e operacionais pelas movimentações que levaram à independência e à unificação, tinham desde cedo algo bem claro: é preciso universalizar um padrão avançado de educação. E desde cedo significa a primeira metade do Sec. 19.
Também, pudera: a Universidade de Cordoba é de 1616, e a de Buenos Aires, de 1821!
Isso me levou a concluir que uma das diferenças fundamentais entre esses países é que a elite na Argentina foi e é civilizadora (das massas). A elite no Brasil foi e é centrada no próprio umbigo. E mais: penso que isso tem a ver com o fato de a estrutura da sociedade brasileira ter se formado num período de escravidão e patriarcalismo, enquanto a estrutura da sociedade argentina se formou de fato somente no Século 19, com base nas muito mais adiantadas idéias republicanas dos imigrantes italianos (com a possível excessão das províncias do Norte, que, coincidentemente, são bem mais atrasadas).
Sei que na dissertação você não divagou a esse ponto, mas você acha que uma interpretação desse tipo é cabível (para o caso do Brasil)?
Obrigado!