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Mostrando postagens de 2012

Mercado, mérito e rendimentos

Acho que a motivação original desse post  é o livro "What Money Can't Buy" de Sandel. Na minha opinião (e na de muitos outros), um livro bastante inferior ao "Justice". Em particular pelos crassos erros econômicos ao longo da análise: só para dar um exemplo, no começo do livro, Sandel já conceitua errado o termo "eficiência". Não obstante a crítica a eficiência como único  ou mais importante critério moral deva ser feita, a fonte correta para isso não é Sandel.   Por essa razão também, ao invés de ler Sandel, nosso grupo de Justiça e Desenvolvimento resolveu ler um outro texto. A Daniela Tocchetto sugeriu um texto do Sen de 1985, "The Moral Standing of the Market" da Social Philosophy & Policy , 2, Spring .   Nesse texto do Sen, encontramos talvez vários motivos para (i) entender que o mercado de fato é importante, mas também (ii) que existem várias razões para questionar alguns resultados trazidos pelo livre mercado. Além d

Métodos quantitativos: tem que ser bem feito

Embora métodos quantitativos como a econometria não possam ser aplicados  de forma satisfatória em todas as pesquisas, a rejeição total aos métodos quantitativos é absurda. Assim como também é absurdo o endeusamento desses métodos. Muitas vezes, por conta desse excessivo entusiasmo, rodam-se muitas regressões por aí sem pé nem cabeça - e sem as devidas ressalvas ou o reconhecimentos dos possíveis problemas que há nos resultados encontrados. Tenho estudado recentemente um pouco da econometria que não tinha estudado no mestrado. Eu nunca tinha estudado profundamente os dados em painel, embora eu soubesse o básico sobre o tópico. Utilizei um modelo de efeitos fixos para dados em painel na minha dissertação, acreditando nos livros de graduação. Acredito que a minha crença era correta, mas certamente os problemas de identificação que tive não poderiam ser resolvidos sem maior conhecimento das hipóteses de modelos de efeitos aleatórios, fixos e de primeira diferença. E até agora não foram

Adeus, Hirschman

Exit, Voice and Loyalty é realmente um baita livro. Valeu, Hirschman. Justa homenagem feita pelo Marginal Revolution . Uma  minúscula biografia pode ser encontrada aqui.

Congresso na Europa de História Econômica

Olhem aí! Tenth Conference of the European Historical Economics Society (EHES) Call for Papers The Tenth European Historical Economics Society Conference will be held at the London School of Economics, Friday-Saturday, 6-7 September 2013. The Conference Programme Committee consisting of Stephen Broadberry (London School of Economics), Herman de Jong (University of Groningen), Giovanni Federico (European University Institute) and Sybille Lehmann (Hohenheim University) invites proposals for individual papers on any aspect of European or global economic history covering a wide range of periods, countries and regions. The Society encourages submissions from young scholars. There will be 10 bursaries of €500 each to help PhD students cover the costs of travel and accommodation. Further details are available on the EHES website. For each proposed paper, an abstract not exceeding 500 words together with the institutional affiliation and e-mail address of the authors should be uploaded by

Minorias e democracias

Estou recebendo boas lições de filosofia política com um livro de bolso de David Miller da coleção da Oxford . Aliás, recomendo a série . Pelo menos até agora não me decepcionaram. Embora eu conheça o argumento antigo da "tirania da maioria", creditada à Tocqueville (segundo o que aprendi anos atrás), acabei nunca pensando mais detidamente acerca das minorias em regimes democráticos. É talvez uma questão crucial - o bom senso faz a gente pensar nisso, mas não de forma sistemática. Miller coloca bem o problema no seu capítulo sobre democracia (capítulo 3). O filósofo coloca dois problemas que a votação por maioria pode trazer na democracia, afetando nossas noções de igualdade política: a maioria pode ser menos afetada do que a minoria ou tem menos interesses em jogo (intense minority). um grupo é persistentemente minoritário quando rodadas de votação são feitas (persistent minority). Como resolver isso? garantias constitucionais de respeito a certos direitos:

Instituições e a Revolução Industrial

A Revolução Industrial sempre foi um dos assuntos mais discutidos, mas continua sendo um dos  mais inquietantes da história econômica. Principalmente depois do livro "The Great Divergence" de Kenneth Pomeranz (termo cunhado por Huntington aparentemente), a história econômica tem se perguntado por que a Revolução Industrial ocorreu na Europa e não em outros lugares como a China. Mas a pergunta anterior, que se refere ao pioneirismo britânico na Revolução Industrial, ainda está em debate. Quando a causa chama-se instituições, o clássico artigo de Douglass North e Barry Weingast (1989) é sempre o ponto de partida. Neste paper, publicado na Journal of Economic History , North e Weingast ressaltam o papel da Revolução Gloriosa de 1688, que teria mudado drasticamente as instituições no período ao diminuir o poder absoluto do rei, dando maior voz ao Parlamento e ao Judiciário, equilibrando os poderes e levando-os a cooperarem entre si. Com maior enforcement dos contratos, merc

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Clube de História Econômica

Uma das melhores coisas que tem acontecido nesse semestre é que eu, Fabio Pesavento e Thales Pereira temos conseguido nos reunir semanalmente para discutir história econômica. Mais do que isso, temos alunos que também discutem o tema conosco. O Clube de História Econômica da ESPM-Sul tem sido bem-sucedido e tivemos até agora excelentes discussões. Nos últimos três encontros, conseguimos discutir cada uma das três mais conhecidas vertentes de explicação das causas do crescimento de longo prazo: geografia, instituições e cultura. A fim de não exigir demais também dos alunos, que estão tendo seu primeiro contato com história econômica geral em sua maioria, pegamos um texto representativo de cada tópico. Para a geografia, escolhemos um capítulo do livro clássico de Jared Diamond ( Armas, Germes e Aço ); para as instituições, o texto escolhido foi o do trio Acemoglu, Johnson e Robinson ( "Reversal of Fortune..." , QJE, 2002); e, para cultura, discutimos o texto de Nathan Nunn (&

Novo qualis de economia

Eu mudaria bastante a lista . Acho que o Leo Monastério está certo em dizer que há menos distorções do que em outras área s. Entendo também que o processo de escolha do qualis é tanto técnico quanto político. E sei também que cada indivíduo pode vir como um ranking diferente do meu (sabemos como é difícil agregar preferências...). Mas tenho alguns pontos que deveriam ser considerados. Primeiro, a defesa da minha área. As melhores revistas de história econômica, no caso a Journal of Economic History, a Explorations in Economic History e a Economic History Review amargam posições B no ranking (B1, B1 e B2 respectivamente). Enquanto isso, revistas também voltadas a públicos específicos como a History of Political Economy (A1), Journal of Post-Keynesian Economics (A1) ou Cambridge Journal of Economics (A1) estão muito à frente. Isso não significa que eu ache que as revistas de história econômica tenham que ser A1. Mas outras revistas de públicos específicos e de impacto relativamente

Seminário: Educação e Expansão das Capacitações

Nesta sexta-feira (manhã e tarde) e no sábado pela manhã, teremos o seminário Educação e Expansão das Capacitações. O evento é promovido pelos PPGE-UFRGS e pelo PPGFil-UFRGS, com apoio da FEE.  O seminário vai se tratar de um diálogo entre economistas e filósofos sobre a questão da educação. Teremos papers de economia de educação, filosofia política, instituições e educação, etc. Embora nem todos papers tratem de capacitações, a ideia é fazer um diálogo a respeito disso. A mesa principal, com a presença de convidados de fora, tratará diretamente do tema.  Inscrições no site:  http://www.ppge.ufrgs.br/educacao/

Estado da arte no comércio

Apenas recentemente consegui ler alguns dos artigos do simpósio sobre comércio internacional publicados na Journal of Economic Perspectives deste ano. A JEP sempre é a salvação quando você precisa de uma atualização rápida na fronteira da ciência econômica.  A volta da abordagem ricardiana aos modelos de comércio para tentar entender melhor os novos padrões de comércio com a expansão de economias de renda média é talvez um dos assuntos mais interessantes. O modelo ricardiano era recentemente encarado apenas como uma maneira didática de introduzir posteriormente modelos mais complexos como o de fatores específicos ou o próprio Heckscher-Ohlin. Ademais, com a importância nos anos 80 e 90 do comércio intra-indústria e o sucesso empírico da "equação da gravidade", os modelos que mais chamavam atenção eram aqueles de concorrência monopolística e economias de escala (à la Krugman-Helpman). No entanto, Eaton e Kortum (2002) trouxeram à tona modelos inspirados em vantagens c

Tapando o sol com a peneira na educação

A divulgação do resultado do IDEB com o RS abaixo da expectativa (e abaixo dos vizinhos catarinenses) foi motivo para que a secretaria da educação do Estado se manifestasse. Afirmou-se que: A Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul respeita a avaliação do Ideb, mas questiona suas prioridades. Para o titular da pasta, Jose Clovis de Azevedo, o exame deveria englobar disciplinas além de matemática e português. Segundo ele, o ensino no Estado é mais diversificado do que o dos catarinenses, que é muito focado em "avaliações externas". Se outras disciplinas integrassem o Ideb, o resultado poderia ser outro, entende o secretário . Críticas ao IDEB podem ser feitas, mas não adianta tapar o sol com a peneira. A educação básica no Rio Grande do Sul tem ficado em segundo plano por sucessivos governos, sejam eles de esquerda ou direita. Esse resultado não é do governo atual ou do anterior, mas o resultado do conjunto da obra. E querer fazer um novo índice apenas gaúcho qu

50% de quotas?

A aprovação pelo Senado de uma lei que reserva 50% de cotas nas vagas das universidades federais para alunos que cursaram o ensino médio inteiro em escolas públicas gerou uma grande controvérsia nos meios de comunicação, inclusive entre os blogs. Logo que a lei foi aprovada, o Mansueto se manifestou . Ele não é contrário às cotas como tais, mas devido à significativa discrepância entre a escola pública e a privada na educação básica, ele acha que essa lei é temerária. O ponto que incomoda a todos é a questão da qualidade. Em artigo no Estadão, Fernando Reinach também argumentou contrariamente à aprovação dessa lei . Os argumentos dos dois que citei tem força e devem ser levados em conta no debate. Assim como o Mansueto, não sou contra medidas redistributivas ou ações afirmativas. Acredito que este tipo de ação serve para reparar injustiças no que se refere à igualdade de oportunidades, embora apenas como medida paliativa no curto prazo. Para o longo prazo, é evidente que a solução

Instituições, Geografia, Cultura, Demografia, etc?

Um blogeiro nem sempre está atualizado, o que é um problema. Mas com essa discussão que sempre temos acerca da causa principal do crescimento de longo prazo, que está claramente em evidência com o Why Nations Fail , achei alguma coisa aqui. Essa reportagem de 2007 discorre sobre o livro do Greg Clark, A Farewell to Alms . O livro básico de interpretação malthusiana do processo de crescimento em que questões demográficas e hábitos tornam-se elementos centrais. Na minha ânsia de classificar e correndo o risco de dizer bobagem, acho que podemos dizer que há essas hipóteses: a hipótese geográfica (com inúmeras vertentes e representados por estudiosos como Jeffrey Sachs ou Jared Diamond ) a hipótese institucional (com North e, mais recentemente, Acemoglu, Johnson e Robinso n, sem esquecer Engerman e Sokolof f) a hipótese demográfica ( Greg Clark ) a hipótese cultural/ideológica (recentemente McCloskey ) Pergunto-me se há mais alguma. Jeff Williamson e a questão do comércio aju

Frase do dia

Do Valor de ontem, indicada pelo colega Guilherme Stein: Delfim Netto: O senhor sabe que o país está quebrado, não é? Presidente Figueiredo: É, eu sei. O Geisel fez o pinto botar um ovo de avestruz. Agora vai lá e costura.

Escolha social, bem-estar e teoremas

Ontem iniciamos um novo grupo de estudo sobre questões de justiça. O grupo, com gente da área econômica, filosófica e jurídica, decidiu estudar alguns textos básicos do Amartya Sen. Fui responsável ontem por apresentar a palestra por ocasião da entrega do Nobel a Sen em 1998. "The Possibility of Social Choice" está disponível no site do Nobel , além de ter sido publicado pela AER no ano seguinte . Quem estudou os capítulos normativos de algum manual de microeconomia acaba conhecendo os teoremas do bem-estar e o Teorema da Impossibilidade de Arrow. Talvez a grande vantagem de ter lido o texto do Sen é descobrir que há vários problemas em todos esses teoremas: não no que se refere à sua validade matemática, evidentemente. Mas mudando suas hipóteses, ou seja, através de um outro ponto de vista normativo, é possível chegar a resultados mais interessantes. Sen comenta que há diversos resultados de possibilidade de escolha social. Em "Sobre Ética e Economia" , Sen de

Instituições e diferenças dentro dos estados

Se Naritomi et al. (2012) querem ver o efeito de diferentes atividades econômicas em todo o Brasil, por conta das diferentes estruturas institucionais criadas por tais atividades, má ideia não é verificar o que acontece dentro de estados brasileiros. O Rio Grande do Sul é um excelente caso. Em parte, quem tratou disso foram o Irineu e o Leo Monastério nesse paper aqui, já publicado online pela Regional Science and Urban Economics . Resolvemos recentemente aqui na FEE e observar os dados de pobreza absoluta no RS. O Marcos Wink já publicou a respeito na Carta de Conjuntura da FEE em janeiro. Lá, na página 2, temos um bonito mapa mostrando onde estão os clusters de pobreza no estado : é o mapa aí em cima. Em algumas regiões, a incidência de pobreza é notória (quanto mais escuro, maior a incidência de pobreza). No norte do estado, por exemplo, temos vários pequenos municípios, destacando-se Redentora, com 23,45% de população em pobreza extrema. Por outro lado temos no sul do es

Comentários sobre Naritomi et al. (2012)

Resolvi ler ontem a versão final do paper de Naritomi, Soares e Assunção (2012), finalmente publicada pela Journal of Economic History , depois de anos de versões anteriores circulando por aí. No final das contas, embora os resultados façam sentido, corroborem Engerman e Sokoloff, AJR e até Caio Prado Jr., não me dei por satisfeito. O paper trata de ver o efeito de atividades econômicas importantes sobre diversas variáveis como distribuição de terra, governança e provisão de bens públicos. Essas atividades teriam criado instituições extrativas que poderiam ter afetado negativamente os municípios ligados ou próximos aos centros dessas atividades. Os resultados são intuitivos: regiões próximos ao açúcar em desvantagem no que se refere a desigualdade de terra, assim como alguns resultados negativos advindos da extração aurífera (em termos de acesso à justiça e governança). Ademais, as regiões antigas do café também tiveram alguma desvantagem. O novo no artigo é uma metodologia quanti

Sobrevivendo ao congresso

Kruiskerk, local das palestras principais Estive em silêncio durante minha estadia em Stellenbosch. Voltamos do XVI World Economic History Congress na cidade sul-africana próxima à Cape Town. O frio era muito semelhante ao de Porto Alegre, até porque exatamente como aqui, não havia calefação. A diferença é que as cidades do Western Cape são muito bonitas. Praias e montanhas fazem parte da paisagem da região, além das cidades serem bem mais organizadas que as brasileiras - pelo menos nas partes centrais. Como esperado, recebi comentários interessantes em relação aos papers, tanto elogiosos quanto críticos. No primeiro dia, apresentei meu paper sobre educação no Brasil entre 1947 e 1962. Não mudei muito o que apresentei em relação à Tübingen em 2010. Talvez até por isso, o Peter Lindert (UC Davis) tenha feito uma forte crítica em relação a alguns detalhes econométricos: ele acha que a utilização de efeitos fixos nas minhas regressões está modificando os resultados que ele esperaria

XVI World Economic History Congress

Primeiras notícias de Stellenbosch. Escrevi esse pequeno post quando estava na África do Sul, mas por algum motivo, o blogger.com não queria publicar. Stellenbosch University Confusa a primeira palestra de James Robinson sobre África. A palestra foi proferida na Kruiskerk (uma igreja), a exemplo do que ocorrera na edição passada do WEHC em Utrecht. Acemoglu também palestrou em uma igreja. Como estávamos na África, a ideia foi discutir os motivos do atraso econômico na África. Evidentemente, Robinson falou o tempo todo em instituições. Stellenbosch é uma cidade muito simpática, onde é nítida a forte influência holandesa. O Afrikaans é uma língua bastante interessante e incompreensível. Eles têm uma boa cerveja, a tal de Black Label. Superior às que temos no mercado industrial. Black Label Comentário interessante de Steven Broadberry sobre o Why Nations Fail, criticando-o evidentemente... Palestra de Deirdre McCloskey sobre o papel da ideologia na Revolução Industria

Sobre o regime cubano

Outro paper que apresentarei no XVI WEHC será o controle sintético que aplicamos para Cuba . Antes que opiniões surjam por aí sobre as conclusões de nosso paper, vou colocar aqui meu posicionamento pessoal acerca da situação em Cuba. Meus coautores não tem qualquer relação com as minhas opiniões. 1. Segundo nossas estimativas, se Cuba não tivesse adotado o regime comunista, acabando com instituições de mercado, Cuba teria, ao longo do período 1959-1974 um nível de PIB maior do que o apresentado de fato - embora possivelmente fosse sofrer mais com a crise internacional se sua economia estivesse aberta. É apenas isso que o controle sintético encontra e nada mais, sem extrapolações políticas adicionais. De qualquer maneira, a fase que é considerada por alguns (Brundenius, 2009) como bem-sucedida (os primeiros 25 anos de Revolução), não teria sido tão boa assim de acordo com o que encontramos. Nossa conclusão não difere de Ward e Devereux (2011). Para explicar isso, utilizamos argumento

Persistência e objetividade - para que seu paper seja publicado um dia

Uma vez que se aproxima o World Economic History Congress , tenho trabalhado demais no meu eterno paper, o que deixa pouco tempo para o blog e outras coisas mais. Aqueles que quiserem opinar sobre meu abstract, são bem-vindos. O paper será apresentado na sessão intitulada “Financing the Rise of Popular Schooling in the Developed and Developing Worlds:Comparative and Historical Perspectives”. Muita gente boa na sessão.  Se você está escrevendo um paper e está com dificuldades, não se preocupe. Eu comecei a escrever esse paper em 2008. Na verdade, a versão de 2008 sofreu modificações até 2010, quando de repente sofreu uma metamorfose. A segunda versão então durou até o mês passado. No entanto, após receber um parecer crítico, fui obrigado a mudá-lo completamente pela segunda vez. Estou na terceira versão e ainda acho que está longe de ser a última. O segredo é não desanimar e aprender bem econometria, além de tornar o paper linear. Ou seja, todo o argumento ao longo do texto deve estar

Notas sobre a China (2)

A China é um assunto muito mais interessante do que essa discussão entre blogs acerca do paper da PUC-Rio. Prefiro continuar com esse foco, ainda inspirado por minha recente viagem relatada alguns dias atrá s. Interessante nome para um café, não? Como disse anteriormente, nossa visita foi recebida pelo Conselho Cristão da China (CCC). O Ministério de Assuntos Religiosos do país cuida das cinco religiões reconhecidas por lá: o taoísmo, o budismo, o islamismo, o catolicismo e o protestantismo (os dois últimos não estão sob o "Cristianismo" e, portanto, são tratados como religiões diferentes pelo Estado Chinês). O representante do governo afirmou que não se permitia a interferência externa em assuntos religiosos na China. Perguntado sobre o papel do Vaticano na nomeação de bispos católicos, o que caracterizaria uma intervenção externa, o vice-ministro foi categórico: quem nomeia os bispos na China não é o Vaticano. A única justificativa foi que muitas mudanças ocorreram

Pequena nota sobre a polêmica

O Drunkeynesian já resumiu tudo o que foi dito sobre a questão . Acompanhei tudo e tinha decidido não me manifestar. No entanto, só para dar um único pitaco: é evidente que os dois perderam a razão ao baixar o nível da conversa. A diferença é que este é o trabalho do RA e, nesse ringue, eu prefero não enfrentá-lo. Evidentemente, é lamentável o RA ter começado a discussão dessa maneira, mas não esperaríamos nada diferente, certo? 

Notas sobre a China

Eu não sabia, talvez ingenuamente, mas o blogger.com/blogspot é proibido na China. Pior, o Facebook e o Twitter também. Aparentemente há maneiras de acessá-los, como o Gabriel - que também estava na China - descobriu e conseguiu ainda postar algumas coisas em um blog do UOL . No entanto, esse não foi o meu caso durante a visita ao país do dia 9 ao dia 16 de junho.  A foto não é minha, mas depois posto as minhas. Shanghai Participei da 51a reunião da Comissão das Igrejas em Assuntos Internacionais (Commission of the Churches on International Affairs - CCIA) do Conselho Mundial de Igrejas (CMI/WCC) , em Shanghai e Nanjing. Fomos recebidos pelo Conselho Cristão da China, órgão autorizado pelo governo que representa os protestantes na China. Felizmente, a maioria dos membros da Comissão conseguiu obter o visto para entrar na China, mas não todos: o moderador da nossa Comissão não conseguiu, fato que foi noticiado pelo Washington Post . A primeira impressão que preciso comparti

ANPEC-Sul e Encontro de Economia Gaúcha

O Encontro de Economia da Região Sul , conhecido também como ANPEC-Sul , ocorreu na quinta e na sexta lá no campus da PUCRS. Paralelamente, ocorreu também o Encontro de Economia Gaúcha . Assisti sessões de ambos os eventos, além de apresentar nosso paper de aplicação de controle sintético para o caso cubano. Os questionamentos foram interessantes, repetindo alguns já feitos em outras oportunidades, mas que reforçaram a necessidade de trabalhar melhor o paper. Minha avaliação é que os eventos apresentaram trabalhos de qualidade bastante heterogênea: havia alguns trabalhos interessantes, mas outros eram de fato trabalhos muito iniciais. Infelizmente, alguns trabalhos eram superficiais não tanto por conta de seus autores, mas em boa parte pelo que sabemos de ensino de economia em geral no Brasil e, em especial, no RS. Espero estar no sábado na China. Em parte, esse blog não se manifestou na sexta passada devido aos inúmeros afazeres pré-viagem, inclusive dar as aulas que não ser

Descentralização na Rússia czarista

Desde a minha dissertação, a questão da descentralização administrativa e financeira ganhou minha atenção, principalmente devido a seus efeitos - na teoria ambivalentes - sobre a oferta de serviços públicos. Tentei aplicar para o caso do Brasil algumas ideias que encontrei em Lindert, Goldin e Katz, e Bardhan e Mookherjee. Um pouco disso é fácil encontrar aqui, mas evidentemente minha análise ainda é insuficiente para a educação brasileira . Símbolo da Rússia Imperial Em edição da European Review of Economic History do ano passado, me chamou a atenção a aplicação dessas ideias à Rússia czarista. Steven Nafziger, do Williams College e com PhD em Yale, estudou a fundo uma instituição de governo local,  o zemtsvo . Essa instituição teria sido responsável por um significativo aumento da provisão de bens e serviços públicos na Rússia até sua Revolução em 1917. Com uma extensa base de dados, Nafziger consegue encontrar evidências de que a estrutura eleitoral do zemtsvo afetaram as t

Minha relação com China e Cuba

Minha ausência nas postagens nesta semana deve-se à viagem que farei à China do dia 7 ao di 16 de junho. Estarei em uma reunião da Comission of the Churches on International Affairs (Comissão das Igrejas em Assuntos Internacionais) do Conselho Mundial de Igrejas. Para entender o que nós fazemos e porque economistas participam desse tipo de reunião, é só clicar aqui . Infelizmente, o processo de retirada de visto é um pouco complicado. Mas agora encaminhei toda a documentação. O Leo andou postando aqui e acolá sobre China. Vale a pena. Outra notícia é que tivemos o nosso paper sobre Cuba aprovado na ANPEC-Sul . A versão no site da ANPEC-Sul é antiga, mas aqui temos a versão que, com ligeiras modificações a serem feitas ainda, deve ser apresentado no World Economic History Congress em Stellenbosch (em meados de julho!). O Leo também andou postando sobe Cuba e um paper novo que saiu na Journal of Economic History: check it out . Minha relação com China e Cuba por enquanto é ape

Considerações e clippings para meus alunos sobre a crise europeia

A crise na Europa tem gerado um bom debate acerca de políticas monetária e fiscal. No Twitter, Roubini e Rodrik discutem a questão de soberania e liberdade de políticas: Nouriel Roubini ‏ @ Nouriel Trichet proposes EU's full takeover of fiscal policy of bankrupt countries. It totally undermines national sovereignty http://reut.rs/JXuawK   Dani Rodrik ‏ @ rodrikdani Monetary union requires fiscal union, which requires political union. As simple as that. @ Nouriel Nouriel Roubini ‏ @ Nouriel I fully agree. EZ needs fis/pol union @ rodrikdani Monetary union requires fiscal union which requires political union. As simple as that   Dani Rodrik ‏ @ rodrikdani Conversely, fiscal

Clipping: diversos

Reúno aqui três links que postei recentemente no Facebook: Não é "O Segredo", mas a esperança pode ajudar no combate à pobreza . Evidentemente, a política pública tem que ser muito mais do que isso. O que me entristece, no entanto, é que a falta de esperança talvez seja uma das piores sensações que existe.  A importância da história econômica para Simon Johnson . Eichengreen refletindo sobre a crise europeia .  E reclamam muito do Rodrik. Mas novamente acho que ele tem um ponto .

Por que HPE pode ser útil? Samuelson e a equalização dos preços dos fatores

Recentemente, expliquei para os alunos a lógica do Teorema da Equalização dos Fatore s, um dos resultados mais fortes das teorias de comércio internacional - desenvolvido principalmente por Paul Samuelson . Claro, não vemos de fato o comércio entre países equalizarem os salários entre países no mundo. Sempre ouvi inúmeras críticas a respeito, como se fosse um total absurdo acreditado apenas por míopes economistas neoliberais. Mas por que esse teorema até hoje é ensinado? Em primeiro lugar, Paul Samuelson não era neoliberal - defendia políticas keynesianas em vários aspectos e talvez seja o maior economista do século XX em termos acadêmicos. Um de seus resultados em teorias de comércio, publicado como "International Trade and Equalisation of Factor Prices" na Economic Journal em 1948 (ver link direto aqui ), reconhece vários problemas dos teoremas derivados do modelo Heckscher-Ohlin. Um dos principais é que, para o teorema da equalização dos preços dos fatores valer, pr