Outro paper que apresentarei no XVI WEHC será o controle sintético que aplicamos para Cuba. Antes que opiniões surjam por aí sobre as conclusões de nosso paper, vou colocar aqui meu posicionamento pessoal acerca da situação em Cuba. Meus coautores não tem qualquer relação com as minhas opiniões.
1. Segundo nossas estimativas, se Cuba não tivesse adotado o regime comunista, acabando com instituições de mercado, Cuba teria, ao longo do período 1959-1974 um nível de PIB maior do que o apresentado de fato - embora possivelmente fosse sofrer mais com a crise internacional se sua economia estivesse aberta. É apenas isso que o controle sintético encontra e nada mais, sem extrapolações políticas adicionais. De qualquer maneira, a fase que é considerada por alguns (Brundenius, 2009) como bem-sucedida (os primeiros 25 anos de Revolução), não teria sido tão boa assim de acordo com o que encontramos. Nossa conclusão não difere de Ward e Devereux (2011). Para explicar isso, utilizamos argumentos qualitativos de que o problema foi institucional e relacionado ao fim dos mecanismos de mercado.
2. O argumento refere-se somente a PIB. Em nenhum momento, essa relação pode ser estendida para outras variáveis relacionadas a educação e saúde, por exemplo. Na minha opinião pessoal, as políticas cubanas de educação parecem ter sido positivas, embora possa se questionar o conteúdo ideológico, etc. Não podemos, no entanto, esquecer que os dados cubanos já eram muito bons em termos de indicadores sociais antes da Revolução - mas as melhorias continuaram após a Revolução. Isso é extensivamente documentado pela literatura (ver McGuire and Frankel, 2005, por exemplo).
3. Aparentemente, houve redução das disparidades sociais em Cuba com a Revolução, embora possa se dizer que todos permaneceram pobres. No entanto, essa alocação de recursos atual pode ser positiva para uma posterior abertura cubana, uma vez que a dotação inicial afeta bastante os resultados finais com a entrada do mercado. É só não termos um processo de privatização como o russo, que criou uma máfia.
4. Eu visitei pessoalmente Cuba devido à uma reunião do Conselho Mundial de Igrejas e vi que havia pobreza. Mas também entendi o sentimento nacionalista de um país que sempre sofrera interferência da invasiva política externa norte-americana, fato que também é extensivamente documentado (Pérez-Lopez, Mesa-Lago, etc.). Nada justifica a adoção de uma ditadura, seja ela de direita ou de esquerda, em qualquer país. Também entendi que a boa educação e saúde é algo que eles de fato valorizam e, embora sem certas liberdades políticas, acredito que muito brasileiro em pobreza extrema no sertão nordestino, poderia preferir nascer em Cuba. Em nenhum momento estou defendendo o regime cubano, que é injustificável - assim como o de qualquer outra ditadura. Mas nós no Brasil somos piores em várias dimensões e isso deveria contar se nossa visão de sociedade não é unidimensional ou lexicográfica (com prioridade absoluta para liberdades políticas).
5. Como Cuba, tão perto dos Estados Unidos, pode se beneficiar disso no futuro sem que se torne uma espécie de colônia norte-americana? Não é simples anti-americanismo. Mas talvez essa seja a pergunta mais problemática para alguns cubanos. Não é simples nacionalismo, mas o direito à autodeterminação. Não acho que o preço a ser pago sejam as liberdades políticas individuais (que também são problemas em ditaduras de direita). Mas essa é uma questão - que eu discutiria com prazer, pois é um assunto difícil. Do ponto de vista puramente econômico, ser uma economia satélite dos EUA seria talvez a melhor coisa. Mas nem sempre é só isso que importa. O que importa? Só perguntando para o povo, que hoje não tem muita condição de responder. Porto Rico ao menos faz plebiscito e escolhe continuar sendo Estado associado norte-americano. Novamente, temos uma discussão de valores.
6. Dentre os países comunistas, talvez Cuba tenha o governo mais brando. Não falo isso como algo positivo. Mas temos que diferenciar Cuba da Coreia do Norte ou de outros regimes tão nefastos quanto do outro lado do espectro. Arábia Saudita, por exemplo.
7. Obviamente, o problema principal de Cuba não é doença holandesa.
Novamente reitero que todos os posicionamentos aqui escritos são absolutamente pessoais. Meus coautores e outros não tem nada a ver com isso.
1. Segundo nossas estimativas, se Cuba não tivesse adotado o regime comunista, acabando com instituições de mercado, Cuba teria, ao longo do período 1959-1974 um nível de PIB maior do que o apresentado de fato - embora possivelmente fosse sofrer mais com a crise internacional se sua economia estivesse aberta. É apenas isso que o controle sintético encontra e nada mais, sem extrapolações políticas adicionais. De qualquer maneira, a fase que é considerada por alguns (Brundenius, 2009) como bem-sucedida (os primeiros 25 anos de Revolução), não teria sido tão boa assim de acordo com o que encontramos. Nossa conclusão não difere de Ward e Devereux (2011). Para explicar isso, utilizamos argumentos qualitativos de que o problema foi institucional e relacionado ao fim dos mecanismos de mercado.
2. O argumento refere-se somente a PIB. Em nenhum momento, essa relação pode ser estendida para outras variáveis relacionadas a educação e saúde, por exemplo. Na minha opinião pessoal, as políticas cubanas de educação parecem ter sido positivas, embora possa se questionar o conteúdo ideológico, etc. Não podemos, no entanto, esquecer que os dados cubanos já eram muito bons em termos de indicadores sociais antes da Revolução - mas as melhorias continuaram após a Revolução. Isso é extensivamente documentado pela literatura (ver McGuire and Frankel, 2005, por exemplo).
3. Aparentemente, houve redução das disparidades sociais em Cuba com a Revolução, embora possa se dizer que todos permaneceram pobres. No entanto, essa alocação de recursos atual pode ser positiva para uma posterior abertura cubana, uma vez que a dotação inicial afeta bastante os resultados finais com a entrada do mercado. É só não termos um processo de privatização como o russo, que criou uma máfia.
4. Eu visitei pessoalmente Cuba devido à uma reunião do Conselho Mundial de Igrejas e vi que havia pobreza. Mas também entendi o sentimento nacionalista de um país que sempre sofrera interferência da invasiva política externa norte-americana, fato que também é extensivamente documentado (Pérez-Lopez, Mesa-Lago, etc.). Nada justifica a adoção de uma ditadura, seja ela de direita ou de esquerda, em qualquer país. Também entendi que a boa educação e saúde é algo que eles de fato valorizam e, embora sem certas liberdades políticas, acredito que muito brasileiro em pobreza extrema no sertão nordestino, poderia preferir nascer em Cuba. Em nenhum momento estou defendendo o regime cubano, que é injustificável - assim como o de qualquer outra ditadura. Mas nós no Brasil somos piores em várias dimensões e isso deveria contar se nossa visão de sociedade não é unidimensional ou lexicográfica (com prioridade absoluta para liberdades políticas).
5. Como Cuba, tão perto dos Estados Unidos, pode se beneficiar disso no futuro sem que se torne uma espécie de colônia norte-americana? Não é simples anti-americanismo. Mas talvez essa seja a pergunta mais problemática para alguns cubanos. Não é simples nacionalismo, mas o direito à autodeterminação. Não acho que o preço a ser pago sejam as liberdades políticas individuais (que também são problemas em ditaduras de direita). Mas essa é uma questão - que eu discutiria com prazer, pois é um assunto difícil. Do ponto de vista puramente econômico, ser uma economia satélite dos EUA seria talvez a melhor coisa. Mas nem sempre é só isso que importa. O que importa? Só perguntando para o povo, que hoje não tem muita condição de responder. Porto Rico ao menos faz plebiscito e escolhe continuar sendo Estado associado norte-americano. Novamente, temos uma discussão de valores.
6. Dentre os países comunistas, talvez Cuba tenha o governo mais brando. Não falo isso como algo positivo. Mas temos que diferenciar Cuba da Coreia do Norte ou de outros regimes tão nefastos quanto do outro lado do espectro. Arábia Saudita, por exemplo.
7. Obviamente, o problema principal de Cuba não é doença holandesa.
Novamente reitero que todos os posicionamentos aqui escritos são absolutamente pessoais. Meus coautores e outros não tem nada a ver com isso.
Comentários
Un turista pregunta en una tienda de música, en La Habana:
- ¿Tiene la canción MORIR DE AMOR, por Las Hermanas Fabrisa, en 45 revoluciones?
- No, pero tenemos MORIR DE HAMBRE, por Los Hermanos Castro, en una
Sola revolución.
Letreros en el Parque Zoológico de La Habana:
Antes de 1960: FAVOR NO DARLE COMIDA A LOS ANIMALES.
Entre 1960 y 1989: FAVOR NO QUITARLE LA COMIDA A LOS ANIMALES.
Después de 1990: FAVOR NO COMERSE LOS ANIMALES.
LA SEMEJANZA
- ¿En qué se parecen el Vaticano y la Reforma Agraria Cubana ?
En que en 50 años, solo han producido cuatro papas.
- Pepe, estoy por creer que Adán y Eva eran cubanos.
- ¿Y eso por qué?
- Porque no tenían ropa, andaban descalzos, no Los dejaban comer ni
Manzanas, y les insistían que estaban en el paraíso.