No World Economic History Congress 2012, que será realizado em julho na África do Sul, haverá uma sessão dedicada a trabalhos sobre a maldição de recursos naturais (natural resources curse) na história econômica. Esse é um assunto interessante, uma vez que, desde o artigo de Sachs e Warner (1995), a questão de um possível papel negativo da abundância de recursos naturais no crescimento econômico voltou à tona.
Tendo em vista a ideia de vantagens comparativas e Dutch Diseases (Corden e Neary é um dos artigos clássicos sobre doenças holandesas), é fácil pensar em um dos processos pelo qual o crescimento econômico de longo prazo pode ser afetado pela dotação de recursos. O crescimento do setor de recursos naturais em detrimento de outros setores que gerariam maior avanço tecnológico poderia estancar o crescimento econômico (ver também o Trade and Poverty do Jeff Williamson).
No entanto, é estranho pensar que, por si só, a abundância de recursos naturais seja responsável pela falta de crescimento dos países. No processo de crescimento inglês, por exemplo, a existência de recursos naturais baratos foi importante (segundo Bob Allen, por exemplo) para permitir a Revolução Industrial. Outros países como Noruega, quando encontraram petróleo, não seguiram o caminho do subdesenvolvimento como fizeram países árabes ou a Venezuela.
É por isso que talvez a conexão entre recursos naturais e instituições deva ser mais pesquisada. A relação entre dotação de recursos e instituições nas origens coloniais, já ensaiada em Caio Prado Jr., apareceu com força na literatura econômica com Engerman e Sokoloff. E os noruegueses Mehlum, Moene e Torvik não podiam conciliar a ideia de maldição de recursos com o processo de crescimento de seu país. Não é à toa que eles têm um modelo que liga instituições a recursos naturais. É certamente um bom debate.
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