A conversa iniciada pelo Cristiano gerou debate na blogosfera. O Lucas da Economia Marginal resolveu então colocar uma série de links interessantes acerca do debate sobre protecionismo, motivado pelo Cristiano. Eu mesmo já havia escrito algo a respeito há pouco tempo, quando resolvi criticar alguns aspectos do livro "Chutando a escada". Eu tenho apenas algumas conclusões a respeito disso tudo:
- Embora todos os resultados de livre comércio possam ser desafiados se colocarmos alguma hipótese de imperfeição de mercado, o fato é que muitas vezes mercados são de fato imperfeitos. Não é por outro motivo que Stiglitz (que ganhou o Nobel principalmente por seus escritos acerca de informação imperfeita) por vezes defende o protecionismo em alguns casos, como ocorre nesse livro. A literatura teórica em protecionismo encontra justificativas possíveis em transbordamentos, learning-by-doing e imperfeições no mercado de crédito (ver Feenstra e Taylor, cap. 9, ou qualquer livro atual de economia internacional).
- No entanto, em muitos casos, não há sustentação teórica para proteger setores. Proteger indústrias já estabelecidas, que não são mais nascentes portanto, não encontra justificativa teórica razoável, como é o caso da indústria automobilística brasileira. E, mesmo que seja nascente, nem sempre haverá transbordamentos e learning-by-doing. Ou seja, é difícil saber quando proteger pode ser bom (benefícios são possíveis).
- Proteger tem custos. Quem paga os custos? E o quanto da proteção que existe pode ser explicado por economia política? São questões importantes acerca dos custos da política (custos sempre há: podem ser maiores ou menores que os benefícios).
- Adotar uma postura radicalmente contra o protecionismo ou contra o livre comércio em qualquer contexto não parece estar de acordo com a evidência empírica até hoje existente, embora evidentemente várias análises empíricas sejam limitadas. É claro que nem sempre nosso posicionamento deve defender o que foi encontrado na análise empírica (até por suas limitações), mas reconhecer que elas existem e refletir sobre isso é fundamental para o debate acadêmico construtivo.
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