Pular para o conteúdo principal

Otimização dinâmica: por que não aprendi isso antes...

Em minhas primeiras semanas de mestrado, já foi possível perceber a grande defasagem existente nos cursos de Economia no nosso país. É evidente que a otimização dinâmica é muito útil para aqueles que querem fazer qualquer tipo de modelagem matemática em Economia (não importando a escola de pensamento).

O fato é que poucos cursos oferecem como eletiva/optativa alguma disciplina de equações diferenciais. Ou seja, não estou sequer pedindo que seja obrigatória, pois sei que muitos alunos não interessados na academia não querem ter um semestre terrível devido a isso. Portanto, não defendo a idéia de que alunos metodologicamente ou profissionalmente pouco interessados em matemática avançada sejam obrigados a cursar tais disciplinas. No entanto, para os que se interessam e querem sofrer menos em um curso de mestrado, deveria haver a opção. E não só em função do mestrado. Muito do que é feito e publicado em Economia lida com otimização dinâmica. Por exemplo, um modelo de Taylor para a trajetória ótima a fim de minimizar o custo social causado por inflação e desemprego, como nos mostrou o Prof. Chiappin.

Aqui na USP, aprenderemos otimização dinâmica em duas semanas e meia. Convenhamos, isso não é humanamente possível. Teremos apenas uma vaga idéia do que se trata: mais ou menos como tudo que estamos vendo ao longo do curso de verão. Isso que os professores são bons...

Comentários

Eu vou ter um semestre inteiro só dessa cadeira, e é obrigatória! E ainda vou ter uma cadeira de Equações Diferenciais no primeiro semestre. Agora, no nivelamento, estou tendo Análise Real em "Introdução à Economia Matemática".

O Cedeplar parece ter um curso de pós em economia bastante matematizado. Porém, a maioria dos alunos se declara heterodoxo, por cansar de ver tanta matemática no primeiro semestre do curso!

Vamos ver no que vai dar...

Abração, e muita sorte e sucesso para ti!
Thomas H. Kang disse…
Ricardo,

O CEDEPLAR me parece ser um centro muito organizado e que forma excelentes alunos. Talvez eles tenham razão em exigir tanta matemática, embora seja penoso. Melhor seria se a graduação ajudasse um pouco...
MP disse…
Estou fazendo esta disciplina no terceiro semestre da graduação.
É muito complicada, e muito difícil encontrar material para estudar
Anônimo disse…
Sou aluno do Ibmec, apesar de muito caro, a faculdade vale a pena. Vemos isso obrigatoriamente no quarto período... E é neste período que me encontro. Resumindo: to na merd@ mas to feliz.
Unknown disse…
Na UFOP tbm vemos mto rápido a a matéria no nivelamento.

Postagens mais visitadas deste blog

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Exogeneidade em séries de tempo

Mais um texto de quem tem prova de econometria na segunda-feira. Quem não é economista não deve de forma alguma ler esse texto. Não digam que eu não avisei. Quando falamos de exogeneidade na econometria clássica, estamos falando da chamada exogeneidade "estrita", que nada mais consiste no fato de uma variável x não ser correlacionada com qualquer erro. Nas séries de tempo, no entanto, trabalha-se com três tipos de exogeneidade, dependendo do fim proposto. Na busca de resultados em inferência estatística (modos de estimar parâmetros e formulação de testes de hipótese), utiliza-se, em séries de tempo, o conceito de exogeneidade fraca. Para isso, precisamos 'fatorar a função de distribuição em duas partes: distribuição condicional e distribuição marginal . Define-se que uma variável é fracamente exógena em relação aos parâmetros de interesse se, e somente se, houver um certo tipo de reparametrização e atender duas condições: a variável de interesse precisa ser função de apen