Ontem, as duas mesas diretoras do Congresso aprovaram um reajuste de "apenas" 90,7% nos seus salários. Deputados e senadores terão seus salários equiparados com os dos ministros do STF, passando de R$ 12.847,20 para R$ 24.500,00. Isso significa também um aumento de 1,6 bilhão de reais nos gastos públicos, quando justamente o que precisamos é de déficits fiscais menores que permitam a baixa dos juros.
Um aumento desse tipo é completamente doentio do ponto de vista moral: parlamentares decidindo sobre um aumento absurdo de seus vencimentos justamente depois das eleições, enquanto a renda dos aposentados, devido ao problema fiscal da previdência, não acompanham as elevações do salário mínimo. Existe aposentado que deveria ganhar 8 salários minímos que recebe apenas cinco. Isso se compreende devido ao problema fiscal, dizem alguns. Mas como entender então um reajuste de 90% de corruptos deputados e senadores, muitos dos quais estiveram recentemente envolvidos em escândalos como o mensalão? Ademais, parlamentares recebem diversos "auxílios" adicionais, de forma que seus vencimentos brutos pouco diferem dos líquidos devido a esses benefícios que recebem também às custas do Estado para trabalharem três dias por semana.
O serviço que os parlamentares prestam ao país é vergonhoso. Devemos protestar de alguma forma contra essa barbaridade. Quando lembramos então que o Estado é financiado principalmente por impostos regressivos, os quais oneram principalmente as camadas mais pobres, este assalto ao Estado torna-se uma forma de corrupção legalizada mais grave ainda.
Aí vão os nomes dos líderes parlamentares que votaram a favor. A decisão não foi para a plenária, foi decidida pelas mesas diretoras. Ao menos, o PPS entrou com ação de inconstitucionalidade no STF contra o reajuste: talvez não por motivos nobres, mas já é válido.
Votaram a favor:
Aldo Rebelo (PC do B-SP); Renan Calheiros (PMDB-AL); Ciro Nogueira (PP-PI); Jorge Alberto (PMDB-SE); Luciano Castro (PL-RR); José Múcio (PTB-PE); Wilson Santiago (PMDB-PB); Miro Teixeira (PDT-RJ); Sandra Rosado (PSB-RN); Coubert Martins (PPS-BA); Bismarck Maia (PSDB-CE); Rodrigo Maia (PFL-RJ); José Carlos Aleluia (PFL-BA); Sandro Mabel (PL-GO)Givaldo Carimbão (PSB-AL); Arlindo Chinaglia (PT-SP); Inácio Arruda (PC do B-CE); Carlos Willian (PTC-MG); Mário Heringer (PDT-MG); Inocêncio Oliveira (PL-PE); Demóstenes Torres (PFL-GO); Efraim Moraes (PFL-PB); Tião Viana (PT-AC); Ney Suassuna (PMDB-PB); Benedito de Lira (PL-AL); Ideli Salvatti (PT-SC).
Votaram contra Henrique Fontana (PT-RS), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Heloísa Helena (PSOL-AL).
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