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Perspectivas econômicas

Depois de enfrentar uma banca de professores na apresentação do trabalho de conclusão e ter saído vivo, resolvi assistir meu último seminário do NAPE, o Núcleo de Análise de Política Econômica da UFRGS. Confesso que foi um dos melhores que eu já vi.

  • Ponto comum entre keynesianos e ortodoxos, o que importa é a taxa de investimento em relação ao PIB. Para que tenhamos um crescimento ao redor de 5%, precisamos de 25 a 27% de investimento. O nível de investimento é determinado principalmente pela taxa de juros de longo prazo (TJLP), que está bem abaixo da Selic. E por que a taxa Selic é importante? Para a ortodoxia, ela não é tão importante no quesito investimento. Para os keynesianos, porque ela influi no consumo, o que afeta as expectativas dos investidores (Keynes, 1936).

  • Comparando os números, o governo Lula foi melhor que o Cardoso 2. No entanto, relativamente ao crescimento mundial, Lula foi pior. Enquanto Lula não teve uma crise internacional sequer, FH passou por umas cinco... Segundo o Prof. Portugal, Dona Ruth não esquentava os pés de FH durante à noite.


  • O pessoal acha que não vai ter muita reforma no mandato Lula 2.

  • Os prof. Portugal e Ferrari concordam: a política fiscal deveria ser contra-cíclica... tem sido? Aí eles divergem, mas eu não sei explicar.

  • Crescimento potencial brasileiro para o Prof. Portugal: ao redor de 2,5%. Desde os anos 80, a nossa média tem sido essa. Pra ele, política monetária não gera crescimento sustentado. O problema é estrutural, ou seja, reformas e privatizações são necessárias.

  • No Brasil, a Selic serve para a política monetária e para os títulos da dívida pública. Isso eu sabia. Nos outros países, em geral não é assim. Sabiam disso? Isso tem a ver com nosso longo período de inflação acelerada: estaríamos "pagando nosso pecados" (Portugal tava inspirado hoje...)

Comentários

Guilherme Stein disse…
Maldito seja! Perdi justamente o seminário em o Ferrari e o Portugal estavam! Eu sempre apareço quando um ou o outro não estão... hehehe!

Parece ter sido realmente um bom seminário. Também não sabia que os outros países eram diferentes do Brasil no aspecto das ferramentas de política monetária.

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