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Conjecturas natalinas

Natal é tempo de balbúrdia, compras, festas e comilanças. Uma festa para o comércio. A quantidade de carros estacionados no Shopping Iguatemi aqui de Porto Alegre ontem era enorme. Isso é normal em festas de fim de ano, como mostra o site do IPEAData nos dados sobre vendas nominais do varejo: http://www.ipeadata.gov.br/ipeaweb.dll/NSerie?SessionID=536281100&SERID=38325_1&NoCache=347151250&ATEMP=F

É possível perceber que o mês de dezembro representa um salto nas vendas do varejo. Por exemplo, enquanto o índice de varejo varia em torno de 120 (base 100 em 2003) ao longo do ano de 2005, dezembro do mesmo ano apresenta um índice de 179,50. Em janeiro de 2006, volta-se ao patamar de 120. De 2000 a 2003, período contemplado pela série, o comportamento é muito parecido: um salto em dezembro devido às compras de Natal. Bem, isso é óbvio. Mas dados sempre são mais ilustrativos. Precisamos verificar empiricamente tudo, inclusive o óbvio.

* * *

O natal mantém-se, mas perde seu significado religioso de forma paulatina e continuada. Embora Jesus não tenha realmente nascido em dezembro (estudos apontam que Jesus teria nascido por volta do mês de Abril), o Natal é celebrado em dezembro por conta da festa do solstício que já existia em algumas culturas. De qualquer forma, o Natal se perde com o demasiado estímulo às compras, como se esse fosse o fim último da celebração natalina. Tanto que a figura do Papai Noel tornou-se mais importante, uma vez que ele é associado aos presentes e às campanhas publicitárias da Coca-Cola. A figura de Jesus, com sua ética do amor e sua associação à religião, não se presta à publicidade ou ao comércio.

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