Pular para o conteúdo principal

Gastos em educação por estudante

Escrevi recentemente na Carta de Conjuntura da FEE sobre os gastos em educação por estudante no Brasil. Como o espaço na Carta era pequeno, vale a pena colocar algumas referências aqui sobre esses gastos e, principalmente, compará-los com as despesas em educação de outros países.

Como indiquei na Carta, de acordo com dados do MEC-INEP, para cada real que gastamos no Brasil com o estudante da educação básica, gastamos cerca de R$ 5,20 com o estudante do ensino superior em 2009. Um indicador levemente diferente, a razão gastos com estudante do ensino superior (tertiary education) sobre gastos com estudantes do primário (primary education), atinge o valor de 5,88 para o ano de 2007 no Brasil. Se observarmos o que acontece lá fora, essa razão é, em geral, muito menor:

País
Estados Unidos
Suécia
Coreia do Sul
México

É natural que, devido às despesas com laboratórios e pesquisa, por exemplo, os gastos com o ensino superior sejam maiores do que os do ensino primário. No entanto, como é notório, há uma desproporção relativa nos valores apresentados pelo Brasil. Temos duas interpretações possíveis: ou os gastos no ensino superior são altos, ou os gastos no ensino primário é que são baixos. Pelos valores apresentados na tabela da OCDE, parece que nosso problema é a segunda opção: gastamos muito pouco no ensino primário. Não que gastos reflitam necessariamente em qualidade ou eficiência, mas refletem quais são as prioridades dos nossos governos nessa área. Felizmente, a situação tem melhorado: em 2000, a razão gasto por estudante da educação superior sobre gasto por estudante da educação básica chegava a 11,1 no Brasil.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Exogeneidade em séries de tempo

Mais um texto de quem tem prova de econometria na segunda-feira. Quem não é economista não deve de forma alguma ler esse texto. Não digam que eu não avisei. Quando falamos de exogeneidade na econometria clássica, estamos falando da chamada exogeneidade "estrita", que nada mais consiste no fato de uma variável x não ser correlacionada com qualquer erro. Nas séries de tempo, no entanto, trabalha-se com três tipos de exogeneidade, dependendo do fim proposto. Na busca de resultados em inferência estatística (modos de estimar parâmetros e formulação de testes de hipótese), utiliza-se, em séries de tempo, o conceito de exogeneidade fraca. Para isso, precisamos 'fatorar a função de distribuição em duas partes: distribuição condicional e distribuição marginal . Define-se que uma variável é fracamente exógena em relação aos parâmetros de interesse se, e somente se, houver um certo tipo de reparametrização e atender duas condições: a variável de interesse precisa ser função de apen