Como disse no post anterior, as igrejas tradicionais acabaram criando teologias ineficientes do ponto de vista econômico. Pode-se argumentar que o desenvolvimento dessas teologias tenha mais a ver com a crescente consciência de problemas como intolerância e proselitismo, levando os teólogos a não mais defenderem a evangelização a qualquer custo. Embora não neguemos que fatores éticos como esses tenham seu papel, devemo-nos perguntar: as igrejas tradicionais teriam se preocupado com esse tipo de questões éticas e teológicas caso não estivessem em confortável situação de monopólio? É patente que, do ponto de vista do número de fiéis (embora esse não seja – ou não deveria ser – o objetivo único da igreja, sabemos que a sobrevivência de uma igreja enquanto organização depende de que haja certo número de fiéis), as teologias que mais tem influenciado a práxis dessas igrejas são claramente ineficientes.
Com o surgimento dos movimentos religiosos norte-americanos, na maior parte das vezes desvinculadas de igrejas tradicionais, o panorama mudou radicalmente a partir do século XIX, adentrando o século XX. O movimento pentecostal é fruto do crescimento dessas igrejas novas nos EUA, levando à quebra dos monopólios de determinadas igrejas naquela região. Com diversas igrejas pequenas no mercado, a situação nos EUA estava próxima da concorrência perfeita (poderíamos caracterizar como concorrência monopolística). A necessidade de mais membros levou essas igrejas a investirem em outros lugares, levando ao grande aumento de programas missionários norte-americanos ao redor do globo, aumentando a concorrência em todo lugar. Como vemos, essas igrejas adotaram visões missionárias bem mais agressivas do que as igrejas tradicionais.
Hoje vemos em diversos países a migração dos fiéis das igrejas tradicionais para as novas igrejas. No caso da Europa, vemos muitos abandonando a igreja (secularização da sociedade, que Weber de certa forma já chamara atenção)*. Em ambos os casos, a teologia ineficiente tradicional pode ter contribuído para esse grau de deterioração. A Igreja Reformada de Genebra (igreja de Calvino), por exemplo, sofre com problemas financeiros advindo da falta de membros. Tais igrejas, embora estejam na situação limite, não conseguem, devido talvez a uma certa rigidez institucional e teológica (teologias originadas na época do monopólio), fazer as inovações necessárias para impedir seu declínio.
No Brasil, o fenômeno de teologia eficiente é a teologia da prosperidade (neopentecostais), que levanta recursos milionários entre seus fiéis. A metodologia empregada é certamente censurável do ponto de vista moral, mas é certamente a mais eficiente em números de membros. Com isso, quero dizer que maximizar a eficiência não é necessariamente o objetivo desejável, afinal, tratam-se de igrejas. Não significa, no entanto, que a completa ineficiência seja também salutar.
Com o surgimento dos movimentos religiosos norte-americanos, na maior parte das vezes desvinculadas de igrejas tradicionais, o panorama mudou radicalmente a partir do século XIX, adentrando o século XX. O movimento pentecostal é fruto do crescimento dessas igrejas novas nos EUA, levando à quebra dos monopólios de determinadas igrejas naquela região. Com diversas igrejas pequenas no mercado, a situação nos EUA estava próxima da concorrência perfeita (poderíamos caracterizar como concorrência monopolística). A necessidade de mais membros levou essas igrejas a investirem em outros lugares, levando ao grande aumento de programas missionários norte-americanos ao redor do globo, aumentando a concorrência em todo lugar. Como vemos, essas igrejas adotaram visões missionárias bem mais agressivas do que as igrejas tradicionais.
Hoje vemos em diversos países a migração dos fiéis das igrejas tradicionais para as novas igrejas. No caso da Europa, vemos muitos abandonando a igreja (secularização da sociedade, que Weber de certa forma já chamara atenção)*. Em ambos os casos, a teologia ineficiente tradicional pode ter contribuído para esse grau de deterioração. A Igreja Reformada de Genebra (igreja de Calvino), por exemplo, sofre com problemas financeiros advindo da falta de membros. Tais igrejas, embora estejam na situação limite, não conseguem, devido talvez a uma certa rigidez institucional e teológica (teologias originadas na época do monopólio), fazer as inovações necessárias para impedir seu declínio.
No Brasil, o fenômeno de teologia eficiente é a teologia da prosperidade (neopentecostais), que levanta recursos milionários entre seus fiéis. A metodologia empregada é certamente censurável do ponto de vista moral, mas é certamente a mais eficiente em números de membros. Com isso, quero dizer que maximizar a eficiência não é necessariamente o objetivo desejável, afinal, tratam-se de igrejas. Não significa, no entanto, que a completa ineficiência seja também salutar.
*fiz uma correção após o Henrique (não sei que Henrique, talvez eu o conheça) ter chamado atenção para uma afirmação perigosa que fiz sobre o conceito de "desencantamento do mundo" de Weber. Valeu, Henrique.
Comentários
Não sei se entendi bem o seu comentário sobre a idéia de "desencantamento do mundo", o abandono da igreja e o fato de se aplicar apenas à Europa.
A idéia de desencantamento do mundo não se refere especificamente a um processo de abandono da vida religiosa, significa apenas que o domínio do religioso em nossas vidas foi se estreitando.
Olhando sobre uma perspectiva histórica, vemos que partimos de uma situação onde o domínio do sagrado é amplo, e fazia parte da nossa compreensão geral sobre o mundo (é só lembrar que um cientista como Kepler era um praticante da astrologia). Hoje, o domínio do sagrado é muito mais restrito, onde a explicação racional aos poucos vai tomando espaço. É isso que eu entendo como "desencantamento do mundo", um processo de racionalização crescente, que ocorre inclusive na religião. Com o próprio advento das igrejas monoteístas, o mundo religioso foi se racionalizando, abandonando uma série de práticas mágicas. Esse processo de racionalização parece ser um traço geral da nossa sociedade contemporânea, não apenas da sociedade européia.
Mas de fato, li isso em algum artigo de um livro chamado "Religions Today", de teor teológico e acadêmico. O que eles chamavam atenção é que a própria idéia de racionalização não ocorre EM GERAL na América Latina por exemplo, mesmo com a urbanização crescente. Acho que minha declaração de que o "desencantamento do mundo" não é válido fora da Europa é forte demais mesmo - vou suprimir - mas o fato é que mitos e milagres continuam bastante presentes em cidades como São Paulo, por exemplo. É claro que nosso processo é bem diferente do europeu e que há sim setores se "desencantando".
Bom, valeu pelo comentário e continue me corrigindo. Admito que no blog cometo atrocidades às vezes. Vou ver se tomo mais cuidado.
Nós não nos conhecemos, encontrei o seu blog por acaso. Sou aluno de Economia da FEA/USP e através do seu blog, além de sempre encontrar textos de alto nível, eu tenho a oportunidade de conhecer um pouco a vida do mestrado.
Pode me parar aí na FEA quando me ver aí. Qualquer coisa é só dar um grito.
Vou ver se acho a citação sobre o "desencantamento do mundo" na Europa sobre o qual falei.