Hoje tivemos nosso primeiro seminário acadêmico, após um churrasco que fizemos aproveitando que a aula de Macroeconomia acabou mais cedo. Embora alguns colegas tenham comido e bebido demasiadamente para assistir a um seminário, o professor da EPGE/FGV-RJ, economista do Unibanco e ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, o Dr. Marcos Lisboa, nos proporcionou uma excelente palestra.
O seminário tratava da contradição existente no trato de decisões individuais e decisões públicas. Por exemplo, enquanto alguns economistas acreditavam que a educação era irrelevante para o aumento do nível de renda, no plano privado, eles educavam seus filhos. A partir disso, Lisboa desenvolveu a idéia de que as evidências empíricas foram e são ainda pouco relevantes no debate acadêmico brasileiro, o que teria influenciado as escolhas feitas no Brasil em relação a políticas públicas, as quais ignoraram a educação. Exemplo interessante foi a da África do Sul, onde os médicos teimam em dizer que a AIDS não existe e que é uma invenção do imperialismo norte-americano. A discussão na área médica da África do Sul é um diálogo de surdos, assim como fazem os heterodoxos braslileiros, os quais ignoram os dados, o empírico, não os examinando criticamente. Ao contrário, insistem dogmaticamente nos pontos que defendem: eles não testam, refutando preconceituosamente teses diferentes e não utilizando um método rigoroso. Por exemplo, quando falam de controle de capitais, os heterodoxos focam em casos particulares e nem ao menos definem o conceito de "controle de capitais".
Ele deu inúmeros exemplos e excelente fundamentação para sua tese, fazendo uma crítica bastante forte à heterodoxia, a qual só existe para criticar, ao invés de ter, no sentido lakatosiano, um programa de pesquisa. Por trás de sua visão, está uma visão chamada de hard science, que não dá grande importância ao passado. Assim, criticou a heterodoxia devido à sua visão soft science, a qual se trata apenas de um diálogo com o passado, pouco produtivo para a criação de um programa de pesquisa. O novo é desfavorecido, contrariando todo o projeto iluminista, que na visão de Lisboa, foi o responsável pelo aumento explosivo da riqueza. A economia neoclássica segue esse caminho, enquanto a heterodoxia existe apenas em função da ortodoxia. Essas foram as opiniões de Marcos Lisboa.
O primeiro seminário foi muito estimulante, com a participação de alguns professores e com boa presença de público. Após, tivemos um lanchinho no salão e o Lisboa continuou debatendo com os alunos. Foi bastante interessante e instigante. Continuando assim, teremos um excelente ano por aqui.
P.S.: Para ter familiaridade com os conceitos de hard e soft science, ver o clássico artigo de Pérsio Arida (1983), "A História do Pensamento Econômico como Teoria e Retórica, o qual foi publicado por exemplo em Rego, J. M. (1996). Retórica na Economia. Ed. 34. e Rego, J.M. (2004). A História do Pensamento como Teoria e Retórica, Ed. 34.
O seminário tratava da contradição existente no trato de decisões individuais e decisões públicas. Por exemplo, enquanto alguns economistas acreditavam que a educação era irrelevante para o aumento do nível de renda, no plano privado, eles educavam seus filhos. A partir disso, Lisboa desenvolveu a idéia de que as evidências empíricas foram e são ainda pouco relevantes no debate acadêmico brasileiro, o que teria influenciado as escolhas feitas no Brasil em relação a políticas públicas, as quais ignoraram a educação. Exemplo interessante foi a da África do Sul, onde os médicos teimam em dizer que a AIDS não existe e que é uma invenção do imperialismo norte-americano. A discussão na área médica da África do Sul é um diálogo de surdos, assim como fazem os heterodoxos braslileiros, os quais ignoram os dados, o empírico, não os examinando criticamente. Ao contrário, insistem dogmaticamente nos pontos que defendem: eles não testam, refutando preconceituosamente teses diferentes e não utilizando um método rigoroso. Por exemplo, quando falam de controle de capitais, os heterodoxos focam em casos particulares e nem ao menos definem o conceito de "controle de capitais".
Ele deu inúmeros exemplos e excelente fundamentação para sua tese, fazendo uma crítica bastante forte à heterodoxia, a qual só existe para criticar, ao invés de ter, no sentido lakatosiano, um programa de pesquisa. Por trás de sua visão, está uma visão chamada de hard science, que não dá grande importância ao passado. Assim, criticou a heterodoxia devido à sua visão soft science, a qual se trata apenas de um diálogo com o passado, pouco produtivo para a criação de um programa de pesquisa. O novo é desfavorecido, contrariando todo o projeto iluminista, que na visão de Lisboa, foi o responsável pelo aumento explosivo da riqueza. A economia neoclássica segue esse caminho, enquanto a heterodoxia existe apenas em função da ortodoxia. Essas foram as opiniões de Marcos Lisboa.
O primeiro seminário foi muito estimulante, com a participação de alguns professores e com boa presença de público. Após, tivemos um lanchinho no salão e o Lisboa continuou debatendo com os alunos. Foi bastante interessante e instigante. Continuando assim, teremos um excelente ano por aqui.
P.S.: Para ter familiaridade com os conceitos de hard e soft science, ver o clássico artigo de Pérsio Arida (1983), "A História do Pensamento Econômico como Teoria e Retórica, o qual foi publicado por exemplo em Rego, J. M. (1996). Retórica na Economia. Ed. 34. e Rego, J.M. (2004). A História do Pensamento como Teoria e Retórica, Ed. 34.
Comentários
Boa piada!!! Boa piada!!!
Esse Lisboa é um bom piadinsta também.....