Pular para o conteúdo principal

Para o André e outros que vão prestar ANPEC

Atendendo a pedidos, vamos explicar por aqui como funciona o mestrado em Economia aqui na USP, explicando as principais coisas para os que pretendem prestar ANPEC.

A USP, até pelo menos esse ano, tem oferecido duas modalidades de mestrado (mutuamente exclusivas quando você escolhe as opções na inscrição da ANPEC): Teoria Econômica e Economia das Instituições e do Desenvolvimento. Até o ano passado, essas duas modalidades eram bastante diferentes. Enquanto os cursos de Micro, Macro e Econometria da TE eram os cursos tradicionais (mainstream), o enfoque em EID oferecia Micro institucional, uma Econometria mais simples e uma Macro também um pouco diferente. Isso mudou radicalmente esse ano: Micro e Macro são as mesmas para as duas modalidades, e Econometria só muda o professor, pois a ementa é a mesma. Ou seja, os cursos básicos convergiram para o mainstream (para a felicidade de uns e indignação de outros).

Isso tudo deve-se ao fato de que muitos alunos que entravam em TE estavam fazendo dissertação na área institucional, ocorrendo o oposto em EID. Ou seja, parecia não haver sentido em separar esses cursos. Os boatos, e eu ressalto que são apenas boatos, são de que a USP vai unificar seu mestrado novamente. Hoje, a EID difere da TE apenas pelo fato de que há mais dois cursos obrigatórios: Economia Institucional e Teorias do Desenvolvimento Econômico, disciplinas que são também oferecidas para a TE como eletivas. Ou seja, EID está contido em TE.

Portanto, aqueles que vão tentar USP e estavam pensando na opção institucional, continue estudando economia brasileira, mas não deixe de estudar as outras matérias pedidas no exame. Lembre que para passar na USP - TE, é necessário que você entre os 50, talvez 60 primeiros. Para EID, como conta a prova dissertativa de Eco Brasileira, é mais difícil dizer. Mas não muda muito, uma vez que, neste ano, temos 11 alunos de TE (10 com bolsa) e 5 alunos de EID (4 com bolsa), embora o manual da ANPEC fale em 15 vagas para TE e 10 para EID. Poucos são os alunos que não recebem bolsa, e há uma chance de se conseguir bolsa depois de uns meses. Em suma, para entrar na USP com bolsa, uma média de 7,5 nas provas garante na minha opinião. Mas isso varia de acordo com a dificuldade das provas.

Para saber de professores, clique aqui. O André citado no título queria saber sobre quem trabalha com política e economia. Existem pessoas que fazem isso, mas é bom dar uma olhada se você acha especificamente o enfoque que quer. Para trabalhar com isso, você pode ser orientado tanto por uma marxista como a Leda Paulani como o Dudu, que trabalha com a moderna economia politica.

Comentários

E pra ti, essa convergência ao mainstream vem trazendo felicidade ou indignação?

O pessoal aqui do Cedeplar anda dizendo que a USP tá tentando se tornar um centro de excelência em economia ortodoxa para competir diretamente com a PUC-Rio e a FGV. É verdade?
Thomas H. Kang disse…
Acredito que é necessário ter conhecimentos acerca das teorias ortodoxas. Nesse sentido acho bom.

Por outro lado, isso aumenta o sofrimento do pessoal em relação aos estudos, hehe. Pelo menos em Micro (Mas-Collel).

O que se diz aqui é que a USP poderá atingir conceito 7 na CAPES, mas isso são boatos. Orotodoxo ou não, acho que eles unificaram o mestrado pelos motivos que expus, mas não sei ao certo. É tudo boato.
Anônimo disse…
Parabéns pelo blog, Thominhas!

É a primeira vez que leio, mas já gostei muito. Além de bem escrito, creio que ele será de grande valia aos anpecanos de 2008! Abraço e boa sorte por aí!
berman disse…
fala, thominhas! valeu pelas dicas! me diz uma coisa, sabe alguém bom aí que trabalha com políticas públicas ou área relacionada? abraço!
Unknown disse…
Valeu Thomas, bigadão.

Postagens mais visitadas deste blog

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Exogeneidade em séries de tempo

Mais um texto de quem tem prova de econometria na segunda-feira. Quem não é economista não deve de forma alguma ler esse texto. Não digam que eu não avisei. Quando falamos de exogeneidade na econometria clássica, estamos falando da chamada exogeneidade "estrita", que nada mais consiste no fato de uma variável x não ser correlacionada com qualquer erro. Nas séries de tempo, no entanto, trabalha-se com três tipos de exogeneidade, dependendo do fim proposto. Na busca de resultados em inferência estatística (modos de estimar parâmetros e formulação de testes de hipótese), utiliza-se, em séries de tempo, o conceito de exogeneidade fraca. Para isso, precisamos 'fatorar a função de distribuição em duas partes: distribuição condicional e distribuição marginal . Define-se que uma variável é fracamente exógena em relação aos parâmetros de interesse se, e somente se, houver um certo tipo de reparametrização e atender duas condições: a variável de interesse precisa ser função de apen