Alguém leu o texto que postei na quinta-feira passada? Tudo que eu escrevi sobre o Judiciário agora pode ser aplicado ao Legislativo, que legisla acerca de seu próprio aumento sem qualquer restrição. Alguma dúvida de que algo está errado na estrutura institucional?
Confesso que minha própria inércia e falta de capacidade de indignação me surpreende. Tenho que praticamente forçar uma indignação, porque emocionalmente já estou acostumado demais com esse tipo de comportamento de nossas elites políticas e econômicas. Ao mesmo tempo, fica difícil votar nos partidos de ultra-esquerda (com hífen, sem hífen?), aparentemente os únicos que votaram contra o aumento (pelo menos no RS).
Na minha época de graduação, tive que ler partes do livro "Desigualdade e Pobreza no Brasil", editado pelo Ricardo Henriques do IPEA. O livro é de 2000 e várias coisas mudaram desde lá, mas aprendi que a estrutura tributária brasileira é muito regressiva na disciplina do Prof. Flávio Comim na UFRGS, assim como também a estrutura de gastos - pelo menos até então. Lembro do Prof. Ário Zimmermann também chamar a atenção disso na cadeira de Economia do Setor Público. Não prego aqui necessariamente a progressividade dos impostos, podemos discutir a questão. Se fosse progressiva a tributação, esse aumento obsceno já seria uma afronta à sociedade. Mas regressividade e este tipo de aumento são uma afronta ainda maior aos pobres - situação moralmente mais grave ainda na minha concepção.
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