Ainda pesquisando globalização em perspectiva histórica, continuo postando a respeito. Em post anterior em junho, falei rapidamente dos trabalhos de Hadass e Williamson (2001) revisitando a deterioração dos termos de intercâmbio dos países periféricos, como defendido pioneiramente por Prebisch e Singer em meados do século XX.
Resumidamente, como colocado pelo resumo da literatura feito por Lindert e Williamson (2003), não foi o que aconteceu. Não apenas os termos de troca da periferia melhoraram até a I Guerra, como melhoraram muito mais do que em relação à Europa. As estimativas falam em aumento de 2% para a Europa, 10% para o Leste Asiático e de 21% para o resto do Terceiro Mundo!
Falseada a tese Prebisch-Singer, isso significa que a globalização favoreceu a periferia? Não necessariamente por duas razões. No curto prazo, se o setor exportador do país não é tão grande, os efeitos em termos de PIB não serão tão grandes também. Uma segunda razão é de longo prazo: choques positivos nos termos de troca podem reforçar as vantagens comparativas da periferia (geralmente agrícolas) e causar desindustrialização. Se considerarmos que a principal fonte de mudanças tecnológicas e aprofundamento do capital vêm do setor industrial, os termos de troca vantajosos podem ter efeitos negativos posteriores.
Sobre isso, ver páginas 234 e 235 desse artigo de Lindert e Williamson.
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