Dietrich Bonhoeffer foi um brilhante teólogo luterano que foi morto pelo regime nazista. Assim como alguns outros teólogos, ele se posicionou contrariamente ao nazismo e à Igreja Evangélica Alemã da época que era pró-governo. Seus escritos na prisão são fonte de inspiração para muita gente. Estive relendo seu livro inacabado sobre ética. Achei uma parte sobre a opinião da igreja em assuntos econômicos. Vale a pena ser lido:
"É de se perguntar, por exemplo, se o capitalismo, o socialismo ou o coletivismo, são estruturas econômicas que atrapalham a fé. Para a Igreja, aqui há uma postura dupla: por um lado, numa delimitação negativa, terá que declarar nefastas as mentalidades e sistemas econômicos que manifestamente dificultam a fé em Jesus Cristo. Por outro lado, só poderá dar colaboração positiva para uma reestruturação baseada na autoridade do conselho responsável de especialistas cristãos, não com a autoridade da Palavra de Deus. Ambas as tarefas devem ser rigorosamente distinguidas. A primeira é do ministério, a segunda a da diaconia, a primeira é divina, a segunda terrena, a primeira é a da palavra de Deus, a segunda é a da vida cristã. Aqui vale, no entanto:doctrina est coelum, vita est terra (Lutero)". (p. 201).
Acho que Bonhoeffer está certo. Creio que em nossas sugestões, devemos saber da limitação do que estamos sugerindo - que não é palavra de Deus, mas uma tentativa de emitir opiniões baseadas na ética cristã. Por outro lado, acho possível declararmos nefastos todos esses sistemas em algum aspecto, pois todos eles radicalizados adquirem certo caráter divino ou impedem-nos de ver o próximo. O capitalismo leva-nos à idolatria do dinheiro e do consumo, o socialismo idolatra o Estado e geralmente dependeu do totalitarismo para ser implantado. Mas defender um sistema fica difícil, na medida em que não há nada claro do que seria um sistema correto do ponto de vista bíblico.
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