Pular para o conteúdo principal

Críticas que não entendo (1) - Equilíbrio

Em minha graduação, ouvi diversas vezes sobre a tal falácia do equilíbrio. Para muitos professores que tive, o equilíbrio deveria ser banido da ciência econômica, tamanho eram os equívocos teóricos por eles causados. 

Mas o que é o equilíbrio senão a idéia de que, se as pessoas perceberem que elas podem melhorar de condição, elas não vai deixar de fazer isso? Uma situação de desequilíbrio ocorre quando ainda há espaço para melhoras. Evidentemente, nem sempre as pessoas têm informação completa e perfeita. Logo, elas deixam de melhorar quando poderiam pela existência dessa imperfeição. Ótimo, isso já foi incorporado pela teoria econômica.

Se eu perceber que posso aumentar o preço sem proporcional queda da demanda (ou seja, a demanda é inelástica), porque não o faria? Se o objetivo é a maximização do lucro, espera-se que as pessoas possam fazer isso. É evidente que podem haver restrições legais, institucionais, culturais e até mesmo éticas. Pode ser que a função objetivo da firma não seja a maximização do lucro no período em questão. Essas situações podem ser levadas em consideração, mas não tem nada a ver com a inadequabilidade do conceito de equilíbrio. Mudamos a função objetivo se for o caso e incorporamos as imperfeições. Equilíbrio continua um conceito útil, se quisermos de alguma forma determinar preços e quantidades em mercados, usar teoria dos jogos, etc.

Um dia falei para alguns professores da FEA sobre essas críticas ao equilíbrio que costumava ouvir na graduação. Vindos há pouco de doutorados difíceis nos EUA, eles olharam para mim e disseram: "nunca entendi essa crítica. Por que ninguém quer melhorar na cabeça deles?"

Comentários

Caro Chang,

você fez um comentário curto sobre problema complexo. É o mesmo erro que cometem os que acreditam ser o paradigma do equilíbrio geral uma boa solução para a maior parte dos problemas da economia. No fundo, fazer a pressuposição de que no fim de cada t haverá a "clearance" do mercado e todos ficarão satisfeitos significa construir um modelo com formas funcionais determinadas pelo requisito do equilíbrio. Qual estudante não ouviu um professor dizer: adotamos esta função porque é bem comportado, porque é derivável, e coisas do tipo?

Um modelo que reproduzisse minimamente a complexidade dos sistemas sócio-econômicos precisaria de uma quantidade grande de relações e com formas funcionais não determinadas por uma premissa absurda qualquer. Mas isso não é possível no equilíbrio geral. Os modelos precisam ser enxutos, se não as contas não fecham.

Por essa razão, não é aceitável inserir a idéia de informação imperfeita num arcabouço de equilíbrio geral. As consequências da premissa absurda continuarão existindo.

Se os economistas deixassem um pouquinho de lado o paradigma da física mecanicista e conversassem com os físicos contemporâneos, receberiam gargalhadas pelos modelos que constróem. Já eram inadequados para problemas como crises econômicas (Keynes, Minsky) e avanço tecnológica (Schumpeter, Nelson e Winter), e se tornaram completos absurdos quando se trata de problemas ambientais, de natureza intrinsecamente complexa.

Não tente questionar economistas neoclássicos sobre os problemas do equilíbrio geral. Você não terá respostas. Isso é elementar. Então, se quiser mesmo entender a cabeça dos críticos, converse com a turma do Complex: Eleutério, Soromenho, Giba. Tente também alguns dos que estudam questões de meio-ambiente: José Eli da Veiga, Ricardo Abramovay, Flávio Comim. Ou então um cara de Cambridge: Terry Barker.

Abraços
Thomas H. Kang disse…
Olá!

É verdade que o equilíbrio não resolve todos os problemas da economia. Dificilmente alguma coisa resolve todos os problemas da economia.

Uma coisa é jogar fora e dizer que nunca devemos trabalhar com equilíbrio. Outra coisa é dizer que pra algumas coisas ela não serve. Estava criticando principalmente os primeiros.

Quanto aos professores que mencionou, tenho bom contato com alguns deles. O Giba, por exemplo, é um cara que usa os conceitos de equilíbrio em muitos de seus modelos, o que é motivo de duras críticas por parte dos keynesianos de incerteza radical. Não sei do Abramovay (embora tenho contato com ele), mas ele não parece estar muito preocupado em criticar o equilíbrio. Ele trabalha com a abordagem sociológica dele muito bem(e eu não tenho nada contra, não é pejorativo). E o Flávio Comim também é velho conhecido. Parece-me que ele está mais preocupado com capabilities (uma abordagem que considero fenomenal, onde estão as melhores críticas a economia do bem-estar neoclássica).

ACHO (e repito, acho) que nenhum deles jogaria o equilíbrio fora. E eu falei de equilíbrio, não especificamente de equilíbrio geral. De qualquer forma, a noção de equilíbrio geral é muito útil para ver a interdependência dos fenômenos econômicos, possibilitando decomposições analíticas.

essa é minha opinião ao menos.

abraço
Não há dúvidas de que modelos baseados na pressuposição do equilíbrio dão resultados interessantes para algumas questões de economia. Se não fosse assim, não seriam tão populares. O problema é que muita gente não entende que para cada questão existe uma ferramenta, e nenhum instrumento serve para tudo.

A extrapolação da aplicabilidade da premissa do equilíbrio para a maior parte dos problemas sócio-econômicos é um grave erro (segundo muitos economistas bastante reconhecidos).

Também acho que todos esses caras teriam uma resposta bastante diferente daquela que vc mencionou no texto quanto à questão do equilíbrio. Se se concorda com a macro-visão de Sen, de que é necessária uma perspectiva holística (não achei palavra melhor..) das ciências sociais, ou do desenvolvimento humano, ou das relações sócio-econômicas, ao invés de uma perspectiva reducionista, economicista ou coisa que o valha, acho que é inevitável substituir a premissa do equilíbrio pela da evolução.

Tenho a impressão de que muita gente trabalha em modelos que abandonem essa premissa, mas continua usando modelos de equilíbrio em algumas aplicações apenas porque é a única ferramenta que foi desenvolvida ao ponto de poder dar respostas concretas a várias questões da economia. Particularmente, penso que é mais útil para a ciência que um acadêmico devote o seu tempo àquilo que acredita poder trazer respostas factíveis do que àquilo que dá respostas, apesar de equivocadas.
Paulo Manoel disse…
Apesar de não entender muito do assunto, gostaria de tecer alguns comentários.

Um modelo matemático deve ser julgado pelos seus resultados, por mais simplificadoras que possam parecer suas premissas. Todos que tiveram contato com modelagem em ciências naturais (especialmente em Física) sabem que muitas teorias interessantes nasceram de hipóteses um pouco artificiais. Deste modo, acredito que as críticas aos modelos de equilíbro geral devem ser direcionadas aos seus resultados, e não às suas supostas simplificações excessivas.

Petterson: não entendo porque os físicos contemporâneos dariam gargalhadas dos modelos baseados no "paradigma da física mecanicista". Qualquer físico em sã consciência sabe que os modelos da mecânica clássica são muito importantes e descrevem muito bem a realidade em determinadas circunstâncias.
Foi exatamente isso o que me respondeu um estudante de doutorado em física quando lhe coloquei essa questão. O que mostra que ficou bem entendido que a mecânica newtoniana só se aplica a um conjunto específico de situações. Para as demais situações, existem ramos da física que estão desenvolvendo modelos baseados em premissas mais condizentes com a realidade.

A quais situações específicas se aplicam os modelos de equilíbrio (geral)? Segundo os economistas que trabalham com o assunto, a todas às quais puderem dar respostas. Pois na maior parte dos casos, é muito difícil checar a factibilidade das respostas.

Exemplo: mudanças climáticas. Modelos de equilíbrio geral são aplicados por economistas convencionais para calcular custo / benefício. Os resultados ficam muito abaixo daquilo que prevêem os próprios físicos. Ou seja, economistas como Nordhaus indicam que o aumento "ótimo" da temperatura é de 3 Celsius. Isso maximizaria a eficiência econômica. Os físicos dizem que o limite é de 2 Celsius, pois acima disso os efeitos seriam "catastróficos".

Quem está errado? Os modelos altamente complexos dos físicos, que prevêem as mais diversas interações entre oceanos, atmosfera, vulcões, etc, etc, ou os modelos altamente simplificados da turma do Nordhaus, que utilizam umas 30 equações para modelar as relações entre sociedade, economia e ecossistemas, e ainda com formas funcionais pré-estabelecidas para gerar "equilíbrio"?
Thomas H. Kang disse…
1) Embora o equilíbrio talvez não seja satisfatório em todas as situações, em nenhum momento isso significa que o conceito de equilíbrio deva ser jogado fora, assim como a mecânica clássica ainda é usada com sucesso. Não preciso usar física quântica para descrever o movimento de um corpo aqui na Terra.

2) Perspectiva evolucionária implica em jogar fora o equilíbrio?

3) Não me lembro de Sen ter dito algo contra o equilíbrio, muito pelo contrário. Ele inclusive fala da importância do raciocínio existente nos modelos de equilíbrio geral. Vi isso várias vezes, acho que em "Sobre Ética e Economia" é um dos lugares que você pode achar isso. Ademais, não me lembro dele falar em perspectiva evolucionária. Isso não decorre do pensamento dele, embora isso não signifique de maneira alguma que essa perspectiva não sirva. Mas dizer que isso decorre de Sen não consta no que li de Sen (que foi bastante coisa).

4) Paulo Manoel adota uma postura mais pragmática que tendo a concordar. É claro, sempre se deve prestar atenção às limitações impostas por esses pressupostos. Mas modelo é pra simplificar mesmo e pressuposto um pouco é irrealista faz parte disso.

5)Não conheço muito dos evolucionários. Pode ser uma linha frutífera, mas não posso opinar a respeito. Conheço também muito pouco sobre a economia ambiental.

6) Repito, o Giba usa equilíbrio em seus modelos. Flávio Comim foi meu professor na UFRGS e a pessoa que me incentivou a estudar Sen. Encontrei-o recentemente em congresso sobre capacitações em Montevideo. Nunca vi ele condenar o equilíbrio em sala de aula. Abramovay, excelente professor e pessoa, estuda sociologia econômica e, até onde sei, nunca vi ele expressar opiniões metodológicas sobre o equilíbrio. Usar outras abordagens não significa condenar as outras.

De qualquer forma, se você me mostrar que eles o fazem em seus trabalhos, beleza.

Tem economistas do meio-ambiente, como o Danilo Igliori, também da USP, que usa modelos. Talvez valesse a pena dar uma olhada, mas não é minha área.

7) Quanto ao Nordhaus, não tenho muito o que dizer. Mas tendo a acreditar que os modelos físicos são melhores. Mas é crença, chute. hehe
Anônimo disse…
esse mestrado da usp parece estar piorando, a cada dia...rs
Perspectiva evolucionária implica em jogar fora o equilíbrio.


Não interpelei o Abramovay sobre esse assunto específico, mas não vejo como o seu enfoque sociológico possa ser compatível com qualquer idéia de equilíbrio. Basta ler o item "sociologia econômica dos mercados" de http://www.econ.fea.usp.br/abramovay/artigos_cientificos/2007/Favareto_Abramovay_Magalhaes_tecnobrega_sociologia_economica.pdf

Se os mercados são construções que EVOLUEM (desculpe, não sei como colocar itálico ou negrito aqui) de acordo com a interação social, entendo que não possam ser modelados a partir da premissa do equilíbrio.

Já em relação a Sen, EU VEJO como decorrente da sua perspectiva a negação de toda a tradição da economia que se baseia na idéia de equilíbrio walrasiano. Ele é crítico ao equilíbrio de pareto, à maximização de utilidade e à racionalidade perfeita. Me pergunto: Sen tentaria construir postulados sobre o desenvolvimento humano a partir de uma perspectiva de equilíbrio walrasiano? Ou ele propõe um paradigma diferente para o estudo do desenvolvimento?

Não sei se essa negação implica em assumir a perspectiva evolucionária, mas ela me parece muito mais adequada para modelar o desenvolvimento humano do que modelos que se assentam em premissas ruins sobre o comportamento humano.

De qq maneira, estou apenas especulando. Acharia interessante saber mais sobre este assunto, pois o meu trabalho específico discute a aplicabilidade de modelos de equilíbrio geral a questões ambientais.
O Flavio Comim tratou do tema complexidade (sob a perspectiva de Marshall) num livro organizado por David Colander (COMIM, F. V. . Marshall and the Role of Common Sense in Complex Systems. In: David Colander. (Org.). Complexity and the History of Economic Thought. Londres e Nova York: Routledge, 2000, v. , p. 155-192.)

Dá pra ler partes aqui: http://books.google.com/books?id=DUCuktWfhJQC&pg=PA183&dq=Common+Sense+Economics+complexity+and+the+history+santa+fe&hl=pt-BR#PPA182,M1

Ele defende a posição de Marshall de que: (1) complexity is an important feature of economic systems. Economic forces evolve, are cumulative, present non-linearities and are time irreversible. (3) Complexity can be handled by trained common sense. (5) Complexity cannnot be understood through long chains of deductive reasoning or purely formal analyses of economic processes.
Humberto disse…
é importante delimitar o tema, ao que me pareçe estamos criticando as críticas aos modelos de equilbrio, está confuso.
Ou se o problema é que os modelos são criados presumindo um equilibrio que nunca vai existir.

Vale usarmos lições de áreas como a meteorologia, eles nunca buscam algo como "temperatura de equilibrio da atmosfera", isso seria simplificar a realidade(o que não exclui a existência de temperaturas médias...). Porém sem as valiosas lições da físico-quimica, acerca da entropia nos sistemas fechados, e com experimentos controlados, não se pode fazer ciência atmosférica na escala complexa.
Ou seja, minha tese é que a validade das conclusões dos modelos baseados em equilibrio, dependem do grau de comprexidade da situação observada. E são mais úteis na micro do que na macroeconomia.
Também acho que o conceito de equilibração homeostática, presente na biologia deveria ser cada vez mais bem vindo na economia
Thomas H. Kang disse…
A discussão tá boa. Valeu Petterson pela citação do Comim. Na próxima vez que encontrá-lo, sabe-se lá quando, vou ver se falo com ele pessoalmente sobre.

Como eu disse, Sen reconhece a validade dos modelos de equilíbrio geral como tendo utilidade. Veja em Sobre Ética e Economia. Ademais, ele critica o ótimo de Pareto como critério normativo e não como resultado do primeiro teorema do bem-estar. Ele afirma que embora a economia do bem-estar chegue a poucas constatações, elas são importantes.

Vou explicitar isso no próximo post.
Thomas H. Kang disse…
Ah, valeu aí Humberto pelo exemplo da meteorologia e outros que eu jamais ouvira falar.
Anônimo disse…
É difícil falar em conceito de equilíbrio no singular. Existem muitos conceitos, com significados diferentes. Nos termos mais gerais possíveis, equilíbrio é uma situação na qual, se a economia nela se encontra, inexiste qualquer razão para que dela saia. No entanto, esse é uma definição praticamente vazia de significado. Para entender melhor os conceitos, é preciso examina-los à luz da estrutura teórica na qual se situam. Por exemplo, na teoria de equilíbrio geral (Arrow-Debreu), Equilíbrio Intertemporal significa consistência de planos; em modelos evolucionários (como os do pessoal do Complex), Equilíbrio Evolucionariamente Estável significa que qualquer pequena mutação (surgimento de novas estratégias)é eliminada; etc. etc. Existe uma vasta literatura sobre conceitos de equilíbrio; é só procurar na biblioteca ou falar com professores mais antigos. O problema de compreender os significados desses conceitos e as críticas é que hoje o ensino de pós não valoriza a formação teórica, da qual a crítica (no sentido de compreensão)é parte imprescindível. Temos apenas a valorização da formação instrumental (capacidade de resolução de problemas com técnicas já consagradas)que, embora indispensável, é insuficiente.

Postagens mais visitadas deste blog

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Exogeneidade em séries de tempo

Mais um texto de quem tem prova de econometria na segunda-feira. Quem não é economista não deve de forma alguma ler esse texto. Não digam que eu não avisei. Quando falamos de exogeneidade na econometria clássica, estamos falando da chamada exogeneidade "estrita", que nada mais consiste no fato de uma variável x não ser correlacionada com qualquer erro. Nas séries de tempo, no entanto, trabalha-se com três tipos de exogeneidade, dependendo do fim proposto. Na busca de resultados em inferência estatística (modos de estimar parâmetros e formulação de testes de hipótese), utiliza-se, em séries de tempo, o conceito de exogeneidade fraca. Para isso, precisamos 'fatorar a função de distribuição em duas partes: distribuição condicional e distribuição marginal . Define-se que uma variável é fracamente exógena em relação aos parâmetros de interesse se, e somente se, houver um certo tipo de reparametrização e atender duas condições: a variável de interesse precisa ser função de apen