Há tempos não lia sobre um assunto que sempre me interessou bastante, desde a disciplina de Metodologia da Ciência que fiz na graduação: filosofia das ciências sociais. Qualquer ciência tem o dever de pensar sobre si mesma, o que não significa que não devamos fazer coisa alguma enquanto não chegamos a uma conclusão. Mas refletir um pouco é importante.
O grupo de estudo de história econômica que montamos lá na FEA-USP de repente resolveu estudar um pouco de filosofia. Nada mal. Lemos um capítulo de um livro de Martin Hollis chamado "Philosophy of Social Sciences: an introduction". Sucintamente, Hollis faz um apanhado geral sobre as idéias de Popper, Quine e Kuhn. Embora introdutório, o texto não é a coisa mais simples do mundo para quem não está acostumado. Mas parece ser bem legal e deu vontade de lê-lo inteiro.
O assunto é fascinante. Mas sempre que leio sobre isso, a impressão que fica é a de que nem mesmo quem passa o dia pensando nisso sabe se os fundamentos de nossa ciência são seguros ou não. Não há resposta confiável para perguntas como "deve-se empregar um mesmo método tanto para o estudo das ciências naturais quanto às sociais?". Ou ainda, nunca sabemos responder se a ciência está progredindo (como ainda sustentava Popper). A tentação da queda no relativismo total é muito grande. E é mais ou menos isso que está na moda hoje em dia, não apenas em filosofia da ciência.
Comentários
- Wade Hands: 'Reflection without rules'
- Richard Rorty: 'Philosophy and the mirror of nature'
Infelizmente, o tempo é escasso quando temos que escrever uma dissertação. Mas vou tomar nota.
abs