O prof. Cláudio do De Gustibus sugeriu que os blogs se manifestassem em relação às idéias de Bryan Caplan, começando com Idea Trap. Confesso que nunca lera Caplan antes, então, julgo que meus comentários a respeito do texto serão bastante superficiais, caso não sejam equivocados.
A tese fundamental do texto é de que existe uma armadilha das idéias: uma espécie de círculo vicioso (até me lembrou Myrdal). Baixo crescimento, péssimas políticas e idéias ruins estão, para Caplan, altamente relacionados. Idéias ruins geralmente aparecem em contextos ruins, crises por exemplo, que impedem as pessoas de pensar racionalmente. Obviamente, aprofunda-se o problema.
A impressão que tive do texto é que ele se concentra muito em exemplos relacionados ao comunismo. Seria mais ilustrativo e um pouco menos anacrônico se ele focasse mais em políticas intervencionistas em um sistema capitalista. Embora sejam idéias muito antigas também, criticar as teses Keynesianas seria muito mais relevante. Afinal, foi a Grande Depressão causada por políticas ruins que levaram a intervenção, outra péssima idéia? Este é apenas um exemplo. Evidentemente, exemplos mais contemporâneos seriam bem mais interessantes.
Destacar a armadilha das idéias comunistas me parece pouco produtivo pela própria natureza do totalitarismo desses países. Se rejeitássemos o problema da irracionalidade proposto por Caplan, poderíamos explicar o aprofundamento de medidas anti-mercado (mais comunistas) como resultado de decisões do governo comunista tentando manter-se no poder. Medidas pró-mercado seriam contradições (outra hora discutimos China) e, então, a única solução para manter alguma legitimidade seria tentar mais medidas comunistas na esperança de que dessem certo.
Pensemos em outro exemplo: a crise dos anos 60-70. Considerando que era uma crise, porque não vingaram idéias econômicas mais intervencionistas (ruins para Caplan, ao que parece)? Justamente nesse momento, ganham destaque nos EUA as teses de Friedman e, posteriormente, de Lucas. De fato, no Brasil, vingaram as idéias de aprofundar o processo substitutivo, como no II PND (terá sido ruim mesmo?). Mas isso parece ter mais a ver com as características (institucionais, históricas, políticas, enfim...) do país em questão.
Nesse ponto, poderíamos fazer uma concessão a Caplan: educação era muito superior nos EUA. No Brasil, a educação era (e é) negligenciada. Contudo, a Argentina, cuja qualidade educacional é muito superior a nossa, não mostrou resultados melhores. Autoritarismo e tentativa de legitimação do governo parecem explicações mais razoáveis para países latino-americanos do que uma idea trap.
Acredito que haja sim uma idea trap relacionada a crises e círculos viciosos, mas que não explica tudo. Se houver bom nível educacional, boas idéias virão - embora possam ser suprimidas por más idéias caso o sistema político assim incentive. Em caso de baixo nível educacional, o povo será massa de manobra e o sistema político estará longe de ser um democracia ideal.
Reiterando que essas são apenas impressões de quem leu um texto de Caplan e bem rapidamente.
A tese fundamental do texto é de que existe uma armadilha das idéias: uma espécie de círculo vicioso (até me lembrou Myrdal). Baixo crescimento, péssimas políticas e idéias ruins estão, para Caplan, altamente relacionados. Idéias ruins geralmente aparecem em contextos ruins, crises por exemplo, que impedem as pessoas de pensar racionalmente. Obviamente, aprofunda-se o problema.
A impressão que tive do texto é que ele se concentra muito em exemplos relacionados ao comunismo. Seria mais ilustrativo e um pouco menos anacrônico se ele focasse mais em políticas intervencionistas em um sistema capitalista. Embora sejam idéias muito antigas também, criticar as teses Keynesianas seria muito mais relevante. Afinal, foi a Grande Depressão causada por políticas ruins que levaram a intervenção, outra péssima idéia? Este é apenas um exemplo. Evidentemente, exemplos mais contemporâneos seriam bem mais interessantes.
Destacar a armadilha das idéias comunistas me parece pouco produtivo pela própria natureza do totalitarismo desses países. Se rejeitássemos o problema da irracionalidade proposto por Caplan, poderíamos explicar o aprofundamento de medidas anti-mercado (mais comunistas) como resultado de decisões do governo comunista tentando manter-se no poder. Medidas pró-mercado seriam contradições (outra hora discutimos China) e, então, a única solução para manter alguma legitimidade seria tentar mais medidas comunistas na esperança de que dessem certo.
Pensemos em outro exemplo: a crise dos anos 60-70. Considerando que era uma crise, porque não vingaram idéias econômicas mais intervencionistas (ruins para Caplan, ao que parece)? Justamente nesse momento, ganham destaque nos EUA as teses de Friedman e, posteriormente, de Lucas. De fato, no Brasil, vingaram as idéias de aprofundar o processo substitutivo, como no II PND (terá sido ruim mesmo?). Mas isso parece ter mais a ver com as características (institucionais, históricas, políticas, enfim...) do país em questão.
Nesse ponto, poderíamos fazer uma concessão a Caplan: educação era muito superior nos EUA. No Brasil, a educação era (e é) negligenciada. Contudo, a Argentina, cuja qualidade educacional é muito superior a nossa, não mostrou resultados melhores. Autoritarismo e tentativa de legitimação do governo parecem explicações mais razoáveis para países latino-americanos do que uma idea trap.
Acredito que haja sim uma idea trap relacionada a crises e círculos viciosos, mas que não explica tudo. Se houver bom nível educacional, boas idéias virão - embora possam ser suprimidas por más idéias caso o sistema político assim incentive. Em caso de baixo nível educacional, o povo será massa de manobra e o sistema político estará longe de ser um democracia ideal.
Reiterando que essas são apenas impressões de quem leu um texto de Caplan e bem rapidamente.
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