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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Comentários: políticas sociais e quotas

1. Políticas sociais I . Acho que devemos dar uma olhada no blog do Mansueto hoje. Obrigado ao Thales por me passar a dica. 2. Políticas sociais II . Hoje na FEE, tivemos uma palestra com o Márcio Pochman n, Presidente do IPEA. Ele apresentou dados de um estudo sobre a situação social do Rio Grande do Su l, comentando o período 2001-2009. O estudo é bastante descritivo, mas vale a pena dar uma olhada para uma visão geral da situação. Alguns dos pesquisadores da casa chamaram atenção para questões importantes. A falta de dados em relação à gênero, a falta de maiores dados relacionados à saneamento (os únicos dados em relação à saneamento diziam respeito à água), alguns estranhos dados amostrais da PNAD com taxas de analfabetismo subindo significativamente de um ano para o outro, etc. É esperado que, em um estudo tão descritivo, surjam mais perguntas do que respostas.  3. Ação afirmativa . Recentemente uma polêmica veio à tona com o vestibular da UFRGS. O relaxamento de algu

Clipping: doutorado na USP e blog do Comim

Em primeira mão, repasso que em breve estarão abertas as inscrições para o Doutorado em Economia do Desenvolvimento da FEA/USP . Não precisa abrir a caixa de preconceitos antes: melhor olhar do que se trata. Pela estrutura, é o curso de doutorado hoje que mais me interessaria no país (claro, devido ao meu perfil). Infelizmente, São Paulo não é tão perto assim e geografia conta na decisão.  Eu também pretendia comentar a reportagem da Folha desse domingo sobre classe média e educação - que nem entendi direito, tamanha a falta de critérios para definir o que é classe média. Mas o Comim fez toda a pesquisa por mim . E recomendo os últimos posts do blog dele, que tem sido excelentes, como este sobre o BBB e o estupro (acredite, é bom o post apesar do assunto) .

Salário dos professores

Meu colega Guilherme Risco me enviou uma entrevista antiga (maio de 2011) com o economista Gustavo Ioschpe sobre a educação no Brasil, mas relevante no atual contexto. Embora possa concordar com Ioschpe em diversos pontos, fiquei decepcionado com suas ideias quanto ao aumento do salário dos professores - e, portanto, com a valorização da carreira docente na educação básica.  O piso salarial do professor que trabalha 40 horas semanais está em R$ 1187. Embora não estejamos tratando de médias, estados como o Rio Grande do Sul não querem pagar o piso - em que pesem os problemas fiscais do Estado, por demais conhecidos. Mas correndo o risco de cair em uma "conversa de bar", conheço algumas pessoas que, embora se sentissem vocacionadas para o magistério, desistiram da carreira devido aos salários aviltantes.  Ioschpe, rechaçando a importância do aumento salarial, afirmou que "o salário do professor não é uma variável estatisticamente significativa ou relevante na det

Clipping: Arida e Veloso

Talvez eu discorde de Pérsio Arida em um ou outro ponto, mas quem sou eu para discordar dele? Além de ser um dos pais do famoso Larida , base teórica do que veio a ser o Plano Real, Arida escreveu um dos textos mais interessantes que já li em língua portuguesa: "A História do Pensamento Econômico como Teoria e Retórica", datado de 1983(ele se encontra nesse livro homônimo , mas  a versão datilografada está aqui ). Acho esse um texto mais interessante que o da McCloskey sobre retórica. As contribuições de Arida, tanto no combate à inflação quanto em história do pensamento, é inegável. Aqui há uma interessante entrevista dele na Folha de São Paul o. Se o leitor é menos liberal, talvez não goste do posicionamento dele, mas repito que os escritos de Arida devem ser lidos. É sempre interessante. O Liderau me repassou essa sobre educação: uma entrevista do Fernando Veloso no Estadão . Não costumo ler o colunista, mas me pareceu uma avaliação sem muito partidarismo. Foi uma crí

Banerjee e o papel do governo

Banerjee fala sobre o papel do mercado e do Estado no combate à pobreza - e há espaço para ambos (grifos meus): But in the end, the government must remain at the center of anti-poverty policy, because without some help and resources from the outside the poor face an utterly unfair challenge. It does not need to do all the things it currently does (badly) and it should certainly focus more on paying for things rather than making them: Income support and strategically targeted subsidies to key delivery agents (NGOs, Microfinance Institutions, private firms) can go a long way in making the lives of the poor better, without involving the government in delivery. But we should not forget that a very important part of what the government does are things that the market will not—behavior change, preventive healthcare, education for those who live in  areas where there are no private schools, emergency relief, etc . Even in these cases, the government can work with implementing partners o

Clipping: pobreza e desigualdade

Aqueles que são ratos de internet ou acompanham postagens no Facebook já devem ter visto, mas aí vai um clipping de reportagens bem interessantes que encontramos ultimamente por aí: Prof. Sabino divulgou essa do NYU Development Research Institute - é bom ler o que o Bill Easterly anda pensando. Eu recomendo também o excelente livro dele " The Elusive Quest for Growth ". Banerjee (MIT) fala sobre pobreza na Veja - o ponto principal aqui não é uma crítica ao Bolsa Família, como a maioria tem feito. Mas é verdade, precisamos avaliar mais e mais nossos programas para saber se eles estão realmente sendo efetivos, ao invés de simplesmente acreditar na propaganda. De qualquer forma, temos os trabalhos do IPEA lá com o Paes de Barros e outros . Pra quem quer saber mais de Banerjee, o livro dele com a Esther Duflo está bem cotad o. Essa reportagem já é mais antiga - é sobre desigualdade na visão de Daron Acemoglu (MIT) , o mais influente economista da nova geração na minha op

Educação e Voz Política - parte II

No post anterior , eu não estava defendendo que a solução seja estatizar o ensino - compreendo os leitores que assim interpretaram meu último post, mas deixem-me esclarecer meu ponto.  Acredito que a hipótese de Hirschman ajude mais para explicar o que aconteceu com a educação no país do que para encontrar soluções. A partir do momento em que houve a expansão do ensino público e a concomitante deterioração da qualidade, quem tinha condições saiu da escola pública. No entanto, não foi assim que ocorreu na Europa - onde o sistema é majoritariamente público e o ensino é de boa qualidade. Por que aqui a expansão do ensino ocorreu às custas da qualidade? A questão novamente parece ser poder político, elites e instituições - bem na linha Acemoglu, Johnson e Robinson (sobre questões relacionadas a isso, ver essa interessante entrevista com o Acemoglu ). Um bom debate é o projeto de unificação curricular do MEC, noticiado aqui . O pessoal do Instituto Liberal obviamente reagiu rapida

Educação e Voz Política

Circula pelo Facebook uma figura divulgando um Projeto de Lei do Senado de autoria de Cristovam Buarque , a PLS 480/2007, cujo texto está aqui . De acordo com esse projeto, que obviamente não pode ser aprovado até por questões constitucionais, agentes públicos eleitos (por exemplo, vereadores, deputados, prefeitos, governadores, senadores e até o presidente) seriam obrigados a "matricular seus filhos e dependentes em escolas públicas de educação básica". Ainda segundo a justificativa da proposta, a elite política teria se protegido através do ensino particular, abandonando  o ensino público, que ficou destinado ao resto da população. Por fim, o texto diz que "se esta proposta tivesse sido adotada no momento da Proclamação da República [...], a realidade social brasileira hoje seria completamente diferente. Entretanto, a tradição de 118 anos de uma República que separa as massas e a elite, uma sem direitos e a outra com privilégios, não permite a implementação imediata d

Entrevista com Javier Sarriera

Pedimos desculpas aos leitores pelo atraso do post. Este que vos escreve estava em um local afastado de Canela sem acesso à internet desde sexta, comemorando o Ano Novo com amigos e ex-colegas. Entre eles, o Javier, ex-colega de graduação em Economia e hoje trabalhando em projetos com o Banco Mundial em Washington, D.C. Como é uma experiência interessante, achei que seria oportuno uma entrevista com ele. Abaixo então, uma pequena entrevista com o economista Javier Morales Sarriera do Banco Mundial na praça de alimentação do Bourbon Shopping de São Leopoldo, a caminho de Gramado/Canela: Oikomania : Qual é o seu cargo no Banco Mundial (BM)? Javier : Junior Professional Associate O:  Quais são suas atividades principais lá? J:  Auxiliar em projetos de assistência técnica para governos da América Latina. O:  Em que projetos você está envolvido atualmente? J:  Um deles é a análise dos melhores usos econômicos das áreas revertidas ao Panamá pelo governo norte-americano – a Zo