Economistas não costumavam usar muito o conceito de "desenvolvimento econômico" antes do século 20. Alguns falaram de "desenvolvimento das forças produtivas" e o objeto de estudo da Economia nos clássicos era algo parecido com o que veio a ser o conceito mais difundido. Smith estudava a riqueza das nações, assim como Stuart Mill definiu a riqueza como o objeto de estudo da Economia Política Clássica. Não muito diferente do que viria a ser considerado desenvolvimento por um bom tempo.
No entanto, talvez um marco do uso do conceito "desenvolvimento econômico" seja a obra de Schumpeter em 1911 (ele usa o termo Wirtschaftlichen Entwicklung). Mas a sua conceituação é algo bem original e que não teve muita continuidade, à exceção dos chamados neo-schumpterianos, que são poucos. Para Schumpeter, desenvolvimento diferiria de crescimento porque o primeiro exigiria o rompimento do fluxo circular via inovações. Uma diferença teórica, que levou Furtado a dizer que Schumpeter teria criado uma definição muito útil, porém "a-histórica". Na verdade, historicamente crescimento e desenvolvimento sempre teriam andado juntos. A mesma justificativa ainda é dada até hoje por Bresser e outros saudosistas do velho estruturalismo.
Na verdade, desenvolvimento só veio a se tornar conceito difundido na agenda dos economistas a partir do surgimento da Development Economics. Rosenstein-Rodan, Nurkse, Myrdal, Lewis, Hirschman e outros, preocupados com o atraso no pós-guerra e visando superar o subdesenvolvimento com ativismo estatal, criaram esse campo de pesquisa, muito fértil até o final dos anos 50. A partir de então, essas idéias entrariam em declínio em parte por conta da estagflação dos anos 60. Ademais, Friedman nos anos 60 e Lucas nos anos 70 marcariam época com suas idéias em relação a expectativas, deixando aquele pessoal em segundo plano.
Durante esse período, sempre se falou de desenvolvimento como sinônimo de crescimento. É claro que se pensava em qualidade de vida, em saúde, etc. Mas era como se essas mudanças viessem automaticamente a partir de altas taxas de crescimento da renda per capita. Não foi bem o que aconteceu em alguns lugares. E foi a partir desse conceito que o Brasil perseguiu sua industrialização, pouco se lixando para distribuição de renda ou para educação.
Desenvolvimento é um conceito em crise. Mas tem gente por aí tentando redefini-lo e talvez seja por aí o caminho.
[continua no próximo post]
No entanto, talvez um marco do uso do conceito "desenvolvimento econômico" seja a obra de Schumpeter em 1911 (ele usa o termo Wirtschaftlichen Entwicklung). Mas a sua conceituação é algo bem original e que não teve muita continuidade, à exceção dos chamados neo-schumpterianos, que são poucos. Para Schumpeter, desenvolvimento diferiria de crescimento porque o primeiro exigiria o rompimento do fluxo circular via inovações. Uma diferença teórica, que levou Furtado a dizer que Schumpeter teria criado uma definição muito útil, porém "a-histórica". Na verdade, historicamente crescimento e desenvolvimento sempre teriam andado juntos. A mesma justificativa ainda é dada até hoje por Bresser e outros saudosistas do velho estruturalismo.
Na verdade, desenvolvimento só veio a se tornar conceito difundido na agenda dos economistas a partir do surgimento da Development Economics. Rosenstein-Rodan, Nurkse, Myrdal, Lewis, Hirschman e outros, preocupados com o atraso no pós-guerra e visando superar o subdesenvolvimento com ativismo estatal, criaram esse campo de pesquisa, muito fértil até o final dos anos 50. A partir de então, essas idéias entrariam em declínio em parte por conta da estagflação dos anos 60. Ademais, Friedman nos anos 60 e Lucas nos anos 70 marcariam época com suas idéias em relação a expectativas, deixando aquele pessoal em segundo plano.
Durante esse período, sempre se falou de desenvolvimento como sinônimo de crescimento. É claro que se pensava em qualidade de vida, em saúde, etc. Mas era como se essas mudanças viessem automaticamente a partir de altas taxas de crescimento da renda per capita. Não foi bem o que aconteceu em alguns lugares. E foi a partir desse conceito que o Brasil perseguiu sua industrialização, pouco se lixando para distribuição de renda ou para educação.
Desenvolvimento é um conceito em crise. Mas tem gente por aí tentando redefini-lo e talvez seja por aí o caminho.
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Comentários
O Bresser-Pereira é, na verdade, crítico do velho estruturalismo, e da sua versão nacional "velho-desenvolvimentista". Ele defende um "novo-desenvolvimentismo", em que o mercado tem um papel mais relevante do que antes, sempre que conciliado a um Estado forte e regulador.
Mas concordo que a idéia de desenvolvimento está em crise. Na verdade, ela tem sido substituída pelo desenvolvimento sustentável (ou pelo ecodesenvolvimento).
Você tem notícia de outras sistematizações da idéia do desenvolvimento nacional que tenham sido feitas nos últimos anos?
Abraço
Confesso que não sou muito simpatizante das idéias do Bresser, especialmente no tocante à macroeconomia. Acho que as contribuições de teorias de desenvolvimento mais recentes são muito mais interessantes e inclusivas. Falarei mais sobre isso outra hora.