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Mostrando postagens de março, 2008

Educação básica na República Velha (2)

Warren Dean escreveu diversos livros sobre a história econômica do Brasil, todos magistralmente escritos. Suas obras sobre a devastação da Mata Atlântica ou sobre a organização das lavouras em Rio Claro são bastante conhecidas. A sua outra obra famosa, "A Industrialização de São Paulo" (1971), entra no debate das origens da industrialização brasileira. Além de sua interpretação revisionista em relação ao papel dos choques adversos (para ele menor do que considerado por Furtado, por exemplo) e a importância do comércio cafeeiro para a industrialização, Dean descreve um pouco de outras características da sociedade da época. Ao falar sobre a educação, afirma o autor: "O governo do Estado ignorava as necessidades dos que não possuíam terras com a mesma efetividade que favorecia as dos fazendeiros. Não tentou criar uma classe alfabetizada, estável ou especializada de cidadãos, quer nas cidades, quer no interior. Não havia política pública de redistribuição de terras, nem inst

Educação básica na República Velha

Um aspecto fascinante do estudo da história econômica é que descobrimos que os debates atuais não são tão atuais assim muitas vezes. Se haviam metalistas e papelistas na Primeira República, como temos hoje seus respectivos netos intelectuais, também na discussão sobre o investimento em educação no Brasil as coisas parecem se repetir. A Estatística de Instrucção de 1916 encomendada pela Diretoria Geral de Estatística aponta para o seguinte problema da educação no Brasil: “Apontando as causas que parecem ter influído para o atrazo notável da cultura intellectual de grande parte dos brazileiros, solicita a citada monographia a assídua solicitude do poder legislativo nacional, assim como do poder executivo, relativamente à causa do ensino superior, e até certo ponto da instrucção secundaria, constrastando com esse amparo a escassez de providencias quanto á cultura primaria e ao preparo do pessoal incumbido de ministral-a. Até 15 de Novembro de 1889, no seu conjuncto, as medidas de ordem

Políticas públicas e conseqüências

Costumamos debater pelos lugares onde passamos, geralmente em bares ou nas universidades. Política pública é um assunto comum: cotas, aborto ou Bolsa-Família são assuntos recorrentes. No entanto, muitas vezes nos deparamos com pessoas que parecem simplesmente papagaiar frases ditas por outros. Algumas vezes, são conceitos simplesmente passados de geração em geração, repetidos por filhos de um proprietário de terras ou de um ex-militante comunista. Talvez uma das grandes vantagens de se estudar Economia é a possibilidade de refletir melhor sobre as questões através da imensa literatura publicada em revistas da área a respeito de políticas públicas. Não que os estudos determinem fatalmente qual é a posição correta a ser defendida: a análise econômica, que tem algum poder para descobrir que conseqüências certas políticas podem gerar, é muito útil para refletirmos, embora não seja a palavra final em termos de certo ou errado. O julgamento da política ultrapassa isso, embora a análise conse

Generalizações e Crescimento: Instituições ou Geografia?

Ciência é feita de generalizações. O problema, segundo alguns, é até que ponto podemos generalizar sem perder poder explicativo demais. Em Economia, a questão do crescimento econômico de longo prazo é uma das mais antigas e ainda uma das mais controversas. Saber os fatores que levam ao crescimento sustentado é um debate que continua até hoje, principalmente com as contribuições cruciais do institucionalismo. Convém, no entanto, chamarmos atenção para possíveis exageros: instituições passaram a ser explicação para tudo. É nisso que reside o perigo. Engerman e Sokoloff (1997, 2002), no debate sobre o crescimento econômico no Novo Mundo, afirmam que a dotação inicial de fatores foi fundamental para determinar o padrão de crescimento das diferentes regiões. A América do Norte, com poucos indígenas e clima parecido com o europeu, foi alvo de amplo povoamento, gerando instituições mais democráticas. No resto da América, instituições mais elitistas foram criadas devido à produção de mercadori