Relacionada aos assuntos debatidos exaustivamente na história econômica institucional, desigualdade, dotação iniciais de fatores e sufrágio nas antigas colônias, está a questão da escolaridade. A análise dos dados acerca dos níveis de escolaridade e alfabetização mostra claramente a desvantagem dos países latino-americanos em relação a seus vizinhos do norte e aos outros países desenvolvidos. Existem estudos acerca das origens dessa desigualdade educacional
Algumas hipóteses acerca das origens histórico-institucionais das desigualdades educacionais foram apresentadas por Mariscal & Sokoloff (2000). Diferentemente dos Estados Unidos, onde na primeira metade do século 19 o common school movement levou à elevação dos níveis de alfabetização por meio da expansão maciça da oferta de escolas públicas, os países latino-americanos, embora tivessem condições econômicas para arcar com investimentos desse tipo, não promoveram uma expansão similar da educação básica, segundo os autores, devido a problemas de ação coletiva derivados da alta desigualdade de riqueza, capital humano e poder político (p. 163). Não seria acidental o fato de que o common school movement nos Estados Unidos ocorreu logo após grande extensão do direito de voto (p. 167). Como argumentam Mariscal & Sokoloff:
“Uma vez que acabar com as restrições de propriedade para a obtenção de cidadania aumentou a voz política dos grupos que mais se beneficiariam com o estabelecimento de escolas gratuitas financiadas por meio de impostos, não é surpreendente que a conquista de maior igualdade na influência política levou às mudanças institucionais que contribuíram para uma maior igualdade na distribuição de capital humano” (2000, p. 167-168)
Em muitos países, o voto era permitido apenas para alfabetizados, o que poderia levar-nos a supor causalidade inversa. Entretanto, as experiências históricas parecem mostrar que países com baixos índices de alfabetização foram propensos a manter a exclusão dos analfabetos do processo eleitoral, enquanto que países cujas restrições foram suspensas em geral expandiram a oferta de escolas públicas e, por conseguinte, aumentaram os níveis de alfabetização (p. 204).
Comentários
Super interessante essa mistura filosófica sobre igualdade e os debates sobre igualdade e instituiçoes que tu tá fazendo.
Cara... será que tu podes me mandar o texto que tu tá citando?
Vou ter uma cadeira no segundo semestre que vai ser tudo sobre as novas teorias de political economy of development...
Abraço!
Manoel
MARISCAL, E. & SOKOLOFF, K. “Schooling, Suffrage, and the Persistence of Inequality in the Americas, 1800-1945”. In HABER, S. Political Institutions and Economic Growth in Latin America: Essays in Policy, History, and Political Economy. Stanford, CA: Hoover Institution Press, 2000, p. 159-217.