Pular para o conteúdo principal

Projeto de dissertação

Aí vai o resumo do meu projeto de dissertação de mestrado entregue à FAPESP no fim de agosto sob a orientação do Prof. Dr. Renato Perim Colistete (a quem preciso agradecer devido a enorme ajuda que possibilitou a entrega do projeto antes de minha viagem):

O objetivo do estudo é analisar como a distribuição de poder político desigual existente no Brasil influenciou as decisões relacionadas à provisão de serviços públicos como saúde e educação, aspectos importantes para se avaliar os níveis de padrão de vida entre o final do século XIX e meados do século XX. Para o fim proposto, o estudo utilizará o arcabouço teórico da Nova Economia Institucional, cujo principal representante é Douglass North, e as novas contribuições nessa linha de pesquisa para a história econômica da América Latina, principalmente Engerman & Sokoloff (1997, 2002), segundo os quais a desigualdade latino-americana tem suas origens na dotação inicial de fatores e no tipo de colonização resultante, o que teria levado à criação de instituições que contribuíram para a persistência da desigualdade ao longo da história econômica latino-americana. No entanto, mais do que no crescimento de longo prazo, o estudo preocupa-se com a influência das instituições no desenvolvimento compreendido – a partir das contribuições de Amartya Sen – como expansão de capabilities, que inclui o acesso a serviços de saúde e educação. A pesquisa será baseada essencialmente em uma combinação de análise de documentos da época (leis, decretos, constituições), da literatura histórica e teórica existente e de indicadores quantitativos elaborados a partir de dados primários relativos à distribuição do poder político, educação e saúde. Como resultado, espera-se lançar luzes sobre os motivos pelos quais o Brasil apresentou níveis de qualidade de vida extremamente baixos de forma persistente ao longo do período de notável crescimento econômico e industrial entre final do século XIX e meados do século XX.


Comentários

Leo Monasterio disse…
Thomas,
O E Reis - IPEA-RJ - estah com dados de participacao eleitoral por municipio circa 1870. Sao dados sensacioais que podem dar novas luzes a essa questao. Se vc quiser, eu te envio uma versao preliminar de um paper que ele elaborou sobre o tema. Me mande um e-mail.
Abracos e boa sorte sorte com a pesquisa,
Leo.
Bá! Tu já definiste o teu projeto de dissertação em um semestre!

Aqui, eu ainda estou pensando nos temas dos meus artigos de Modelos Hierárquicos, Dados em Painel e Metodologia da Economia, e isso se não aparecer mais nenhum daqui pra frente! Projeto de dissertação, só no ano que vem.

Boa sorte pra ti!

Postagens mais visitadas deste blog

Lutero e os camponeses

São raros os momentos que discorro sobre teologia neste blog. Mas eventualmente acontece, até porque preciso fazer jus ao subtítulo dele. É comum, na minha condição declarada de cristão luterano, que eu sempre seja questionado sobre as diferenças da teologia luterana em relação às outras confissões. Outra coisa sempre mencionada é o episódio histórico do massacre dos camponeses no século XVI, sancionado por escritos de Lutero. O segundo assunto merece alguma menção. Para quem não sabe (e eu nem devo esconder isso), Lutero escreveu que os camponeses, que na época estavam fazendo uma revolta bastante conturbada, deveriam ser impedidos de praticarem tais atos contrários à ordem - inclusive por meio de violência. Lutero não mediu palavras ao dizer isso, o que deu a justificativa para a violenta supressão da revolta que ocorreu subsequentemente. O objetivo deste post não é inocentar Lutero do sangue derramado sobre o qual ele, de fato, teve grande responsabilidade. Nem vou negar que Lutero

Endogeneidade

O treinamento dos economistas em métodos quantitativos aplicados é ainda pouco desenvolvido na maioria dos cursos de economia que existem por aí. É verdade que isto tem melhorado, até porque não é mais possível acompanhar a literatura internacional sem ter conhecimento razoável de técnicas econométricas. Talvez alguns leitores deste blog ouçam falar muito em endogeneidade ou variáveis endógenas, principalmente no que se refere a modelos econométricos. Se pensamos em modelos de crescimento endógeno, o "endógeno" significa que a variável que causa o crescimento é determinada dentro do contexto do modelo. Mas em econometria, embora não seja muito diferente do que eu disse na frase anterior, endogeneidade se refere a "qualquer situação onde uma variável expicativa é correlacionada com o erro" (Wooldridge, 2011, p. 54, tradução livre). Baseando-me em um único trecho do livro do Wooldridge (Econometric Analysis of Cross-Section and Panel Data, 2 ed, 2011, p. 54-55)

Exogeneidade em séries de tempo

Mais um texto de quem tem prova de econometria na segunda-feira. Quem não é economista não deve de forma alguma ler esse texto. Não digam que eu não avisei. Quando falamos de exogeneidade na econometria clássica, estamos falando da chamada exogeneidade "estrita", que nada mais consiste no fato de uma variável x não ser correlacionada com qualquer erro. Nas séries de tempo, no entanto, trabalha-se com três tipos de exogeneidade, dependendo do fim proposto. Na busca de resultados em inferência estatística (modos de estimar parâmetros e formulação de testes de hipótese), utiliza-se, em séries de tempo, o conceito de exogeneidade fraca. Para isso, precisamos 'fatorar a função de distribuição em duas partes: distribuição condicional e distribuição marginal . Define-se que uma variável é fracamente exógena em relação aos parâmetros de interesse se, e somente se, houver um certo tipo de reparametrização e atender duas condições: a variável de interesse precisa ser função de apen