Stein e Berman têm escrito tem bons posts acerca do tema. Reconheço que sou culpado pelos desvios do assunto e, portanto, devo uma resposta ao Stein e à questão levantada por ele sobre capital humano. Meus últimos comentários tinham claramente intenções provocativas e espero não tê-los deixado exasperados.
No excelente post do Stein, ele afirma que capital humano e educação não são a mesma coisa. Concordo plenamente com ele. De fato, o conceito de capital humano é muito mais amplo do que as proxies usadas nas regressões e do que simplesmente "educação". Assim como Stein, acredito que educação deve ser defendida por ter importância instrínseca, assim como saúde, por exemplo.
No entanto, tentei utilizar o caráter instrumental da educação na argumentação. Embora Stein tenha refutado minha sugestão, o próprio texto indicado por Stein afirma que, na opinião de Xavier Sala-i-Martin, educação a nivel básico parece mostrar evidências significativas na relação com o crescimento de longo prazo. Novamente, o exemplo Brasil e Coréia ilustra a questão: é só observarmos a diferença entre um sistema ineficiente e caro de ensino superior público brasileiro e um sistema de ensino público básico de qualidade aos moldes coreanos. Evidentemente, outros fatores são relevantes para explicar o desempenho desses países: natureza das políticas do governo, desigualdade inicial, instituições e utilização do comércio internacional.
Entendo, como o Stein, que o mercado é importante para que a educação cumpra seu papel na economia. Por isso, defendo que empresas e centros de pesquisa acadêmicos aproximem-se, o que é visto com maus olhos em nosso estranho país. O exemplo da Argentina e do Uruguai mostram que educação não basta ao crescimento, pois eles têm economias muito mais frágeis que a brasileira. A educação tem que levar em conta o mercado, embora isso não signifique que conhecimentos não economicamente lucrativos tenham que ser ignorados. Se assim fosse, nos EUA não se estudaria antropologia. E, assim, argumento que educação não é mera proxy da riqueza. Se assim fosse, os níveis de educação brasileiros seriam maiores que de muitos outros países com povo amplamente educado e renda mais baixa que a nossa (vide de novo nossos vizinhos latino-americanos). Proxy é um termo usado na econometria que deve ser usado com cuidado. Não é possível estimar a riqueza de um país através de algum índice educacional, seria uma péssima proxy.
Reafirmando o que disse anteriormente, não trato educação como panacéia, como muitos parecem fazer. Entretanto, defendo a educação disseminada, em primeiro lugar, por ser um fim desejável em si mesmo - é uma expansão de liberdades substantivas do indíviduo pois permite equalização de oportunidades econômicas e a possibilidade de participação mais plena na sociedade. Mas além disso, educação tem um papel instrumental importante para crescimento. Para tanto, é evidente que a educação básica é a que melhor cumpre o papel, como mostram as evidências econométricas e a disseminação da educação pública básica nos países desenvolvidos.
Gostaria de agradecer pela aula de Böhm-Bawerk dada pelo Guilherme.
No excelente post do Stein, ele afirma que capital humano e educação não são a mesma coisa. Concordo plenamente com ele. De fato, o conceito de capital humano é muito mais amplo do que as proxies usadas nas regressões e do que simplesmente "educação". Assim como Stein, acredito que educação deve ser defendida por ter importância instrínseca, assim como saúde, por exemplo.
No entanto, tentei utilizar o caráter instrumental da educação na argumentação. Embora Stein tenha refutado minha sugestão, o próprio texto indicado por Stein afirma que, na opinião de Xavier Sala-i-Martin, educação a nivel básico parece mostrar evidências significativas na relação com o crescimento de longo prazo. Novamente, o exemplo Brasil e Coréia ilustra a questão: é só observarmos a diferença entre um sistema ineficiente e caro de ensino superior público brasileiro e um sistema de ensino público básico de qualidade aos moldes coreanos. Evidentemente, outros fatores são relevantes para explicar o desempenho desses países: natureza das políticas do governo, desigualdade inicial, instituições e utilização do comércio internacional.
Entendo, como o Stein, que o mercado é importante para que a educação cumpra seu papel na economia. Por isso, defendo que empresas e centros de pesquisa acadêmicos aproximem-se, o que é visto com maus olhos em nosso estranho país. O exemplo da Argentina e do Uruguai mostram que educação não basta ao crescimento, pois eles têm economias muito mais frágeis que a brasileira. A educação tem que levar em conta o mercado, embora isso não signifique que conhecimentos não economicamente lucrativos tenham que ser ignorados. Se assim fosse, nos EUA não se estudaria antropologia. E, assim, argumento que educação não é mera proxy da riqueza. Se assim fosse, os níveis de educação brasileiros seriam maiores que de muitos outros países com povo amplamente educado e renda mais baixa que a nossa (vide de novo nossos vizinhos latino-americanos). Proxy é um termo usado na econometria que deve ser usado com cuidado. Não é possível estimar a riqueza de um país através de algum índice educacional, seria uma péssima proxy.
Reafirmando o que disse anteriormente, não trato educação como panacéia, como muitos parecem fazer. Entretanto, defendo a educação disseminada, em primeiro lugar, por ser um fim desejável em si mesmo - é uma expansão de liberdades substantivas do indíviduo pois permite equalização de oportunidades econômicas e a possibilidade de participação mais plena na sociedade. Mas além disso, educação tem um papel instrumental importante para crescimento. Para tanto, é evidente que a educação básica é a que melhor cumpre o papel, como mostram as evidências econométricas e a disseminação da educação pública básica nos países desenvolvidos.
Gostaria de agradecer pela aula de Böhm-Bawerk dada pelo Guilherme.
Comentários
Concordo com o que você escreveu. Aliás, a educação básica, na minha opinião, talvez seja uma das etapas mais importantes, pois é onde mais se aprende o "capital humano básico" não específico.
E obrigado pelos elogios, vindo de quem veio posso me sentir honrado!
Um Abraço, amigo Thomas