Quando comecei a estudar justiça distributiva lá na cadeira de Política e Planejamento Econômico com o Flávio Comim, comecei a ter contato com as ideias de Rawls. Só aprofundei um pouco o conhecimento no assunto a partir de uma disciplina na Ciência Política da USP sobre o tema com o Álvaro de Vita. No entanto, nunca tive a oportunidade de estudar com mais profundidade o tema da "globalização justa" (apesar do Prof. Álvaro entender do assunto, mas eu não consegui me aprofundar). A pergunta é: como lidar com as questões de justiça em um mundo cada vez mais interligado?
Comecei a ler "One World" do filósofo Peter Singer (clique aqui para ver a versão em português do livro), um livro sobre a ética da globalização. Já no primeiro capítulo, Singer critica Rawls por se limitar à justiça dentro (within) de uma sociedade em um livro gigante como "Uma Teoria de Justiça". Embora Rawls tente lidar com o tema em "O Direito dos Povos", Singer vê como insuficiente a visão de Rawls, uma vez que as unidades de decisão continuam dentro de estados-nação. Embora a extensão do segundo princípio de Rawls para o mundo seja algo bem igualitário e progressista dentro da visão política norte-americana, nas páginas 8 e 9, Singer ressalta que o modelo de Rawls é de uma ordem internacional, não de uma ordem global. "This assumption needs reconsidering", afirma ele.
Há muito a ser dito sobre o tema. Filósofos como Thomas Pogge tentam trabalhar o assunto da justiça global. Sen, em seu livro sobre justiça, tenta tocar no assunto, embora de forma aparentemente não-sistemática. No Conselho Mundial de Igrejas, com o qual eu tenho trabalho, o foco é exatamente esse. Comentários sobre o tema são bem-vindos.
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