O tema da Campanha da Fraternidade desse ano é "Economia e Vida", como a mídia tem propalado nos últimos dias. Como tem acontecido a cada cinco anos, a Campanha da Fraternidade desse ano é ecumênica, contando com a participação não apenas da Igreja Católica Romana, mas também de todas as outras igrejas do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, o CONIC.
As declarações têm sido polêmicas, muito críticas ao modelo atual do capitalismo. O reverendo anglicano Luiz Barbosa, secretário-geral do CONIC, chegou a fazer referências a partidos - não em tom necessariamente elogioso, mas que já gera polêmicas. Ainda não ouvi pronunciamentos do Pastor Carlos Möller, luterano (e pai de meu amigo Mathias) e presidente do CONIC.
Estando indiretamente envolvido nesses assuntos, por estar participando de debates parecidos no Conselho Mundial de Igrejas, acredito que várias das críticas levantadas pelas igrejas são válidas. De fato, o dinheiro tem adquirido caráter divino - aquilo que o economista do CMI, o tanzaniano Rogate Mshana, sempre chama de "money-theism". Mas há exageros nessa campanha certamente, uma vez que o tom dos discursos se aproxima de um discurso socialista. Principalmente tratando-se de um organismo representando fiéis de muitas igrejas, deve-se tomar maiores cuidados.
Uma explicação para isso é que a maioria das igrejas tradicionais têm suas diretorias bastante influenciadas pela teologia da libertação, o que não necessariamente ocorre com as comunidades das igrejas. Concordo com alguns pontos da teologia da libertação como, por exemplo, a preferência pelos pobres, mas sei também que um organismo que representa as igrejas deve tomar cuidado para de fato representá-las - e não exagerar na propagação de alguma idéia dominante.
De qualquer forma, a Campanha incentiva a reflexão. Nesse sentido, é muito válido.
Comentários
O discurso é revoltante: ontem, num canal "cristão" (utilizarei o termo "cristão" entre aspas para evitar generalizações) aberto (não lembro o nome da emissora), havia um "pastor" (vale a mesma explicação anterior) vestido como um VJ da MTV, entrevistando um outro que disse ser o consumismo, em parte, consequência da concorrência entre as firmas.
Acho, sim, que as novas formas de consumo existentes nos dias de hoje devem ser melhor analisadas pelos economistas, mas o que as igrejas que participam da Campanha da Fraternidade têm feito é uma das coisas mais retrógradas que já vi.
Esse discurso "cristão" e anti-capitalista é a cara da América Latina!
minha contribuição:
Estive investigando o material da CFE 2010 e posso concluir que o CONIC e a TL chegaram no seu climax. A campanha é claramente socialista e incentivadora de posturas anti-capitalistas. Deveras, o capitalismo é estéril em termo de valores, no entanto é a plataforma mais manejável para o florecimento da democracia representativa e de uma cidadania responsável, campos em que a igreja deve ser protagonista.
Minha principal critica a campanha vem da observação das apresentações em PPT disponiveis, seu conteudo é coletivista, não ensina o individuo, o expõe a massificação, a alienação como ser responsável pelos seus atos e transforma a todos meros marionetes na mão das diretorias das igrejas, que como bem disseste, são homogeneamente TL.
A campanha é nociva e muito estrago vai causar.
Abraço