Passeando pela rede, deparei-me com escritos sobre a relação entre o filósofo John Rawls e a religião.
Um excelente artigo sobre o tema, de autoria de dois filósofos muito conhecidos, Joshua Cohen e Thomas Nagel, mostra que algumas das concepções de Rawls são originadas de seu passado religioso. Segundo o artigo:
he [Rawls] “became deeply concerned with theology and its doctrines”, and considered attending a seminary to study for the Episcopal priesthood. But he decided to enlist in the army instead, “as so many of my friends and classmates were doing”. By June of 1945, he had abandoned his orthodox Christian beliefs.
Muito do que Rawls pensou posteriormente tem ligação com seus pensamentos cristãos na juventude. A sua rejeição do mérito como requisito de justiça tem certamente origem na idéia de graça, tão defendida por Paulo, Agostinho e Lutero. É provável que daí também se origine o igualitarismo de Rawls:
“There is no merit before God. Nor should there be merit before Him. True community does not count the merits of its members. Merit is a concept rooted in sin, and well disposed of”. This claim is theological, associated with an interpretation of divine grace.
Um outro ponto é sua rejeição a concepções de justiça baseadas puramente nos fins, ignorando os meios para se chegar nesses fins desejados. Perfeccionismo e utilitarismo, bastante criticados no seu famoso A Theory of Justice (1971), são exemplos de consequencialismo extremo do tipo. Isso teria relação com a concepção religiosa de Rawls, em que o relacionamento com Deus na religião (sujeito) é essencial, ao invés de uma concepção que torna Deus um objeto.
[Rawls'] thesis criticizes the infection of Christianity, through Augustine and Aquinas, by the ethical conceptions of Plato and Aristotle, according to which ethics is concerned not with interpersonal relations but with the pursuit of the good by each individual separately. In its hellenized form, Christianity treats God as the supreme object of desire. Rawls objects that this misses “the spiritual and personal element which forms the deep inner core of the universe”.
Foi para mim uma descoberta bem interessante. Embora Rawls tenha abandonado a ortodoxia cristã após a II Guerra, é curioso que eu poderia concordar hoje com o pensamento do jovem Rawls. De qualquer forma, v
ale a pena ler o artigo.
Comentários
Obrigado e feliz ano novo. Nos vemos nos corredores da UFRGS!
Valeu!! Abençoado 2010 pra vc caro amigo!
Não consegui abrir o artigo. Onde poderia ter acesso? Se tiver em seus arquivos poderia enviar por email, por favor? elainefnd@hotmail.com
Estou estudando esta interace de Rawls e a religião.
valeu!