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Nobel 2019

O Nobel de Economia me surpreendeu.

Obviamente, não por irrelevância ou demérito. Com certeza, os trabalhos de Banerjee, Duflo e Kremer deram impulso para um programa de pesquisa rico e importante. Não foram poucas as pessoas que, motivadas por este programa de pesquisa, se debruçaram sobre o tema da pobreza e do desenvolvimento com métodos de identificação bem desenhados.

No entanto, não é comum que uma linha tão recente de pesquisa e que ainda sofre questionamentos seja agraciada com um Nobel tão cedo. Minha aposta era David Card e Joshua Angrist, com talvez uma homenagem a Alan Krueger, falecido neste ano. Estes economistas foram responsáveis pela atenção dada à identificação em economia do trabalho. Conta-se que Krueger teria sido inspirado por trabalhos da área médica.

Errei nos nomes, acertei no método. O trio vencedor levou a preocupação com a identificação para os estudos de pobreza e desenvolvimento. Ao invés de procurar por políticas que pudessem ser testadas, passaram eles mesmo a elaborar intervenções - simulando condições de laboratório em ciências sociais. Duflo conta que foi treinada por Angrist e Pischke em economia do trabalho, enquanto Banerjee e Kremer a treinaram em pobreza e desenvolvimento.

Existem questionamentos quanto as implicações éticas destes experimentos. Além disso, os problemas de validade externa são desafios para a abordagem, como enfatizado por Angus Deaton (outro agraciado com a honraria) e Cartwright.

Apesar disso, acredito que Banerjee, Duflo e Kremer merecem o prêmio. Talvez apenas tenha sido um pouco cedo. O reconhecimento para o trio, de qualquer forma, não deixa de ser uma homenagem póstuma a Krueger e à "credibility revolution" na econometria.

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