Na Grécia Antiga, Platão costumava diferenciar o mundo das idéias do mundo real. No mundo ideal, as formas eram perfeitas e suas correspondentes no mundo real eram apenas cópias imperfeitas. Nos intervalos de nossas sucessivas reencarnações, as almas contemplavam o perfeito mundo das idéias e reconheciam seus correspondentes no mundo real. Pensando em um exemplo, reconhecemos que pitbulls e puddles são cachorros porque lembramos vagamente de sua forma ideal, embora pitbulls e puddles sejam bastante imperfeitos.
Compreender o mundo das idéias exigia abstração e Platão acreditava que a matemática, da forma geométrica trabalhada pelos gregos, era a melhor forma de compreender o ideal. A escola fundada por ele, a Academia, destacava-se por estudar intensamente a matemática, que era, portanto, um método superior de aquisição de conhecimento.
Não obstante a motivação platônica fosse o ideal, em certos campos do conhecimento, a matemática tornou-se o único método válido, embora nada garanta que conhecimento matemático seja melhor que outro tipo. Evidentemente, a matemática e a modelagem têm suas vantagens na questão, por exemplo, do rigor lógico. É uma linguagem com regras bastante precisas. A Economia foi um dos campos que, a partir da revolução marginalista (década de 1870), introduziu a matemática definitivamente na teoria econômica, transformando-a em norma retórica, simbolo de rigor acadêmico. Entretanto, a economia ocupa-se do real e modelos demasiadamente abstratos tendem a ser idealizações. Contra a excessiva generalização, a Deutsche Historische Schule bem que tentou contender contra essa tendência na Economia em um conjuntos de debates batizados de Methodenstreit. Essa escola desapareceu ao exagerar na defesa do caráter idiossincrático dos processos sociais e do excessivo historicismo.
Assim, a ortodoxia econômica desenvolveu bastante seu arcabouço de ferramentas, permitindo modelagens cada vez mais complexas. A herança platônica, no que tange a matemática, realmente ficou. Por outro lado, muitas modelagens passaram a considerar as chamadas imperfeições de mercado. Embora ainda simplificassem certos aspectos da realidade, romperam com a excessiva idealização. Isso não significa que modelos muito simplificadores sejam inúteis, mas imperfeições em modelos podem aumentar nosso entendimento acerca do mundo real. Os modelos chamados novos-keynesianos como, por exemplo, Fischer (ajustamento nominal incompleto) ou Shapiro-Stiglitz, o qual considera a possiblidade do esforço do trabalhador ser incentivado por salários maiores que o de equilíbrio Walrasiano (salário-eficiência) levando ao desemprego, são tentativas claras de, sem deixar de utilizar as vantagens do linguajar matemático, tentar incorporar as imperfeições do mundo real. Mesmo modelos de informação imperfeita como o de Lucas são reconhecimento disso. O mundo não tem preços flexíveis na maioria das situações, arrisco dizer. Um pouco disso devemos a Joan Robinson e sua teoria de concorrência imperfeita (1933).
A Física, há mais tempo que a Economia, reconhece isso: MRU ou MRUV são os modelos mais simplórios deles, nos quais temos uma simplificação bem grande. Muito úteis como primeiros passos, mas insuficientes quando temos que considerar resistência do ar e outros problemas que possam atrapalhar a trajetória que tentamos calcular. Outros modelos são usados, os quais tentam reconhecer a existência de muitos fatores que podem alterar a trajetória.
O mundo ideal é apenas uma visão grega de milênios atrás, mas Platão, sem querer, nos alerta até hoje para os perigos da excessiva simplificação. Embora útil, os modelos são as if: como se fossem, recorrendo a Friedman. Mas discordando de Friedman, precisamos tentar nos aproximar mais do que realmente é quando tratamos de ciência. Predição e explicação não são duas faces de uma mesma moeda.
Compreender o mundo das idéias exigia abstração e Platão acreditava que a matemática, da forma geométrica trabalhada pelos gregos, era a melhor forma de compreender o ideal. A escola fundada por ele, a Academia, destacava-se por estudar intensamente a matemática, que era, portanto, um método superior de aquisição de conhecimento.
Não obstante a motivação platônica fosse o ideal, em certos campos do conhecimento, a matemática tornou-se o único método válido, embora nada garanta que conhecimento matemático seja melhor que outro tipo. Evidentemente, a matemática e a modelagem têm suas vantagens na questão, por exemplo, do rigor lógico. É uma linguagem com regras bastante precisas. A Economia foi um dos campos que, a partir da revolução marginalista (década de 1870), introduziu a matemática definitivamente na teoria econômica, transformando-a em norma retórica, simbolo de rigor acadêmico. Entretanto, a economia ocupa-se do real e modelos demasiadamente abstratos tendem a ser idealizações. Contra a excessiva generalização, a Deutsche Historische Schule bem que tentou contender contra essa tendência na Economia em um conjuntos de debates batizados de Methodenstreit. Essa escola desapareceu ao exagerar na defesa do caráter idiossincrático dos processos sociais e do excessivo historicismo.
Assim, a ortodoxia econômica desenvolveu bastante seu arcabouço de ferramentas, permitindo modelagens cada vez mais complexas. A herança platônica, no que tange a matemática, realmente ficou. Por outro lado, muitas modelagens passaram a considerar as chamadas imperfeições de mercado. Embora ainda simplificassem certos aspectos da realidade, romperam com a excessiva idealização. Isso não significa que modelos muito simplificadores sejam inúteis, mas imperfeições em modelos podem aumentar nosso entendimento acerca do mundo real. Os modelos chamados novos-keynesianos como, por exemplo, Fischer (ajustamento nominal incompleto) ou Shapiro-Stiglitz, o qual considera a possiblidade do esforço do trabalhador ser incentivado por salários maiores que o de equilíbrio Walrasiano (salário-eficiência) levando ao desemprego, são tentativas claras de, sem deixar de utilizar as vantagens do linguajar matemático, tentar incorporar as imperfeições do mundo real. Mesmo modelos de informação imperfeita como o de Lucas são reconhecimento disso. O mundo não tem preços flexíveis na maioria das situações, arrisco dizer. Um pouco disso devemos a Joan Robinson e sua teoria de concorrência imperfeita (1933).
A Física, há mais tempo que a Economia, reconhece isso: MRU ou MRUV são os modelos mais simplórios deles, nos quais temos uma simplificação bem grande. Muito úteis como primeiros passos, mas insuficientes quando temos que considerar resistência do ar e outros problemas que possam atrapalhar a trajetória que tentamos calcular. Outros modelos são usados, os quais tentam reconhecer a existência de muitos fatores que podem alterar a trajetória.
O mundo ideal é apenas uma visão grega de milênios atrás, mas Platão, sem querer, nos alerta até hoje para os perigos da excessiva simplificação. Embora útil, os modelos são as if: como se fossem, recorrendo a Friedman. Mas discordando de Friedman, precisamos tentar nos aproximar mais do que realmente é quando tratamos de ciência. Predição e explicação não são duas faces de uma mesma moeda.
Comentários
Abraço
Conhecimento real mesmo só das Idéias imutáveis, que são mais reais do que o que hoje em dia chamamos de realidade, ou seja, o observável e transitório.
Platão, como economista (claro que ele negaria a possibilidade de existir algo como ciência econômica, ciência física, química, ou o que seja sobre o mundo sensível; mas suponhamos que ele fizesse a concessão), seria daqueles que admitem abertamente que seus modelos nada têm de realistas, e que suas conclusões interessam não para fins práticos ou para se entender o mundo, mas sim para se compreender melhor o funcionamento do próprio modelo.
A ortodoxia acadêmica econômica está impregnada de Platão.
Quero ver quando vão dar mais espaço à via aristotélica, isto é, a escola austríaca.
ISto é invenção Aristotélica, ou seja, platonismo.
Quanto a pessoa que postou anteriormente, de onde tu tiraste isto?
Platão diz que devemos abandonar a doxa..