Depois de um jogo entre São Paulo e Palmeiras, nada melhor do que uma conversa sobre Economia. Com uma caminhada de 45 minutos pela frente, eu e meu colega Richard, um especialista em Escola Austríaca e torcedor do porco, discutimos inúmeros assuntos, inclusive o famoso ótimo de Pareto.
O ótimo de Pareto (Vilfredo Pareto foi economista e sociólogo italiano da Escola de Lausanne) é um conceito fundamental na ciência econômica. Em muitas análises, busca-se chegar nesse ótimo, o que acontece quando melhorias de Pareto não são mais possíveis. Uma melhoria de Pareto é a melhora na situação de um sem piorar a dos outros. Quando se exaurem todas as melhorias paretianas, estamos no ótimo: só é possível melhorar a situação de alguém piorando a de outrem.
A pergunta é: embora o ótimo de Pareto esteja em muitas análises na Economia do Bem-Estar, não é esse ótimo um juízo de valor arbitrário?
Evidentemente, a resposta é sim. No entanto, sabemos que poucas pessoas achariam (em princípio) ruim melhorar a situação de um sem piorar a dos outros. Afinal, quem seria contra algo que não prejudica ninguém?
O problema é que a otimalidade de Pareto passa a ser uma grande defensora do status quo na sociedade. Imaginemos uma sociedade em que a distribuição de renda apresente absurda disparidade (ex: Brasil). Aqui estou colocando outro juízo de valor: o de que a distribuição precisa ser mais equânime. Adotando o critério valorativo de Pareto, dificilmente poder-se-ia fazer algo para mudar a situação a qual me referi.
Ora, não há motivo para que a teoria econômica adote o Pareto-ótimo como critério se ele tem conteúdo claramente valorativo. Ao invés disso, posso então utilizar outros critérios quaisquer que não sejam tão indiferentes em relação a distribuição. Ou então, abandonemos todos eles. Melhor do que utilizar apenas o Pareto como se esse fosse "científico" e isento de valor.
O ótimo de Pareto (Vilfredo Pareto foi economista e sociólogo italiano da Escola de Lausanne) é um conceito fundamental na ciência econômica. Em muitas análises, busca-se chegar nesse ótimo, o que acontece quando melhorias de Pareto não são mais possíveis. Uma melhoria de Pareto é a melhora na situação de um sem piorar a dos outros. Quando se exaurem todas as melhorias paretianas, estamos no ótimo: só é possível melhorar a situação de alguém piorando a de outrem.
A pergunta é: embora o ótimo de Pareto esteja em muitas análises na Economia do Bem-Estar, não é esse ótimo um juízo de valor arbitrário?
Evidentemente, a resposta é sim. No entanto, sabemos que poucas pessoas achariam (em princípio) ruim melhorar a situação de um sem piorar a dos outros. Afinal, quem seria contra algo que não prejudica ninguém?
O problema é que a otimalidade de Pareto passa a ser uma grande defensora do status quo na sociedade. Imaginemos uma sociedade em que a distribuição de renda apresente absurda disparidade (ex: Brasil). Aqui estou colocando outro juízo de valor: o de que a distribuição precisa ser mais equânime. Adotando o critério valorativo de Pareto, dificilmente poder-se-ia fazer algo para mudar a situação a qual me referi.
Ora, não há motivo para que a teoria econômica adote o Pareto-ótimo como critério se ele tem conteúdo claramente valorativo. Ao invés disso, posso então utilizar outros critérios quaisquer que não sejam tão indiferentes em relação a distribuição. Ou então, abandonemos todos eles. Melhor do que utilizar apenas o Pareto como se esse fosse "científico" e isento de valor.
Comentários
Qual bibliografia tu anda seguindo nessa área de ética e economia (além do Sen, é claro!)
Abraço
Respondendo ao Ricardo, eu chutaria a Bíblia como bibliografia básica. Dado que é impossível fazer Ciência sem juízo de valor (mesmo escolher não assumir nenhum juízo já é fazê-lo - o que significa que a Ciência não é neutra, mas pode e deve ser imparcial), este livro é uma boa referência.
No mesmo assunto no qual discorre o amigo Kang, relato aqui que empreendi esta semana pequena discussão com o prof. Sabino Porto Júnior em aula da cadeira de Teoria dos Jogos do programa de pós-graduação da UFRGS. Baseando-se em Richard Dawkins e seu livro "O Gene Egoísta", ele sustenta que o comportamento esperado de qualquer ser humano é o "free-rider". Entretanto, fi-lo concordar que esta estratégia global pode levar a comportamento cooperativo nos "subjogos do dia-a-dia".
Falta agora conseguir provar que é impossível se programar o "jogo da vida" inteiro por imperfeição e incompletude de informações, e que a melhor estratégia então seria cooperar sempre para garantir uma posição melhor no futuro. Aliás, pensando agora está aí uma belo assunto para a dissertação: aplicar a estratégia maximin no "jogo da vida" e checar se o comportamento será oportunístico ou cooperativo.
Belo texto, Kang, e grande abraço.